Secretário Geral da CNBB critica projeto de novo Código Florestal
Dom Dimas disse nesta quarta-feira (9) que a CNBB se preocupa com alguns pontos do texto em tramitação, entre eles a anistia para pessoas que cometeram crimes ambientais e a redução dos limites ambientais. Ele acrescentou que o novo código ambiental deveria
tratar com mais respeito as populações ribeirinhas, povos indígenas e quilombolas.
“Estamos trabalhando para discutir formas alternativas ao relatório [do novo código]. Nossa preocupação é que não seja votado de forma superficial, apressada”, afirmou Dom Dimas.
O relator do novo código florestal em tramitação na Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), admitiu que o texto pode ser aperfeiçoado. Mas ele defendeu que a proposta atual protege os ribeirinhos e indígenas ao reduzir a área de preservação ambiental na beira dos rios. Segundo o deputado, pela legislação atual, as populações ribeirinhas são consideradas ilegais.
O deputado defende ainda que a votação não seja adiada. O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), já prometeu colocar o tema em votação até o fim desse mês.
“Nós não temos pressa. A pressa é dos 5 milhões de pequenos agricultores que estão na ilegalidade [com a legislação em vigor]“, disse Rebelo.
Campanha da fraternidade – A CNBB lançou nesta quarta-feira (9) a Campanha da Fraternidade deste ano, cujo tema é preservação ambiental, contra o aquecimento global. A campanha terá o objetivo de promover o debate sobre as razões das mudanças climáticas e
suas consequências, como as tragédias ambientais.
Dom Dimas afirmou que, na campanha, a CNBB pretende fazer críticas aos setores que contribuem com o aumento do efeito estufa.
Foram citados o agronegócio e a geração de energia suja, como petróleo, gás natural e carvão. Com esse tema, a CNBB também criticará a exploração de petróleo no pré-sal.
A Campanha da Fraternidade também deve ajudar abordar a educação ambiental nas comunidades. Dom Dimas citou o exemplo de ensinar a população a não jogar lixo nas ruas, fazer coleta seletiva de lixo e optar pelo uso de energias mais limpas, como a solar.
“A campanha da fraternidade tem sido caracterizada pela sua capilaridade, o que contribui para a penetração do assunto abordado e sua reflexão”, disse Dom Dimas.
Uma das ações da campanha é a Coleta da Solidariedade em comunidades, paróquias e dioceses. O dinheiro doado será destinado ao Fundo Nacional da Solidariedade e ao Fundo Diocesano da
Solidariedade. Um parte dos recursos será destinada a ajudar as vítimas das chuvas na região serrana do Rio.
A Coleta da Solidariedade será feita em apenas um dia, marcado para 17 de abril.
Por José Augusto Baldassari Filho:
Para pensar: As doações feitas tradicionalmente já a séculos pelo produtor rural brasileiro são sempre procuradas e bem vindas,apesar de ser um"dinheiro maldito",produzido pelo sempre
demonizado agronegócio. Ficamos por entender!.
Campanha da Fraternidade critica modelo de produção do agronegócio
O aquecimento global e as mudanças climáticas são o assunto da Campanha da Fraternidade 2011, lançada nesta quarta, dia 9. No texto-base, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) expõe as principais conclusões da ciência sobre o tema e a participação humana no problema, faz críticas ao modelo energético que ainda privilegia fontes fósseis, ao desmatamento e ao agronegócio.
Para a CNBB, o agronegócio é um dos principais responsáveis pelo desmatamento.
– O agronegócio vem cada vez mais exercendo pressão para abertura de novas áreas produtivas, ocorrendo inclusive mais desmatamentos. Isso realmente nos preocupa também – afirma Luiz Carlos Diniz, secretário da Campanha Fraternidade.
A proposta de alteração do Código Florestal, em análise na Câmara dos Deputados, também foi criticada. Para a Conferência , o meio ambiente está em risco e, por isso, o assunto deve ser mais discutido antes de qualquer votação.
– Nós nos reunimos com técnicos do Ministério do Meio Ambiente e com representantes dos movimentos sociais para discutir formas alternativas em relação ao relatório. A nossa preocupação é que ele não seja votado de uma maneira superficial, muito apressada, porque as consequências podem ser bastante duradoras e graves – pontua o secretário-geral da CNBB, dom Dimas Lara.
Resposta
O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT/RS), rebateu a campanha, e diz ‘estranhar’ a cultura de se reclamar quando não se vota ou se apressa uma votação.
– Nosso papel aqui é: primeiro trabalhar para que haja consenso para votar o maior número de matérias na Casa; segundo, fazer com que os principais temas de debate da sociedade venham para dentro do parlamento, sejam discutidos e entrem na pauta de votação da Câmara dos Deputados – disse.