Levantamento Sistemático da Produção Agrícola

Publicado em 18/03/2011 10:20
Por Ricardo Bergamini
Base: Fevereiro de 2011

Em fevereiro, IBGE prevê safra de grãos 1,2% maior que a de 2010

A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas2 indica produção da ordem de 151,2 milhões de toneladas, superior em 1,2% à safra recorde de 2010 (149,5 milhões de toneladas). É o que indica a segunda estimativa do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA)3 em 2011. A área a ser colhida em 2011, de 48,1 milhões de hectares, apresenta acréscimo de 3,3%, frente à área colhida em 2010. As três principais culturas, que somadas representam 90,5% da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, o arroz, o milho e a soja, respondem por 82,3% da área a ser colhida e registram, em relação ao ano anterior, variações de +1,6%, +1,9% e +1,8%, respectivamente. No que se refere à produção, o arroz e a soja apresentam, nessa ordem, acréscimos de +12,7% e +0,7%, enquanto que o milho, decréscimo de -1,6%.

Entre as Grandes Regiões, esse volume da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas apresenta a seguinte distribuição: Região Sul, 60,3 milhões de toneladas; Centro-Oeste, 55,1 milhões de toneladas; Sudeste, 16,5 milhões de toneladas; Nordeste, 15,1 milhões de toneladas e Norte, 4,2 milhões de toneladas. Comparativamente à safra passada, são constatados incrementos nas Regiões Norte, 4,5%, Nordeste, 27,6% e Centro-Oeste, 4,9% e decréscimos na Sudeste, 3,1% e Sul, 5,9%. Nessa avaliação para 2011 o Paraná retorna a posição de liderança na produção nacional de grãos, com uma participação de 20,0%.

Estimativa de fevereiro em relação à produção obtida em 2010

Dentre os vinte e cinco produtos selecionados, treze apresentam variação positiva na estimativa de produção em relação ao ano anterior: algodão herbáceo em caroço (57,4%), amendoim em casca 1ª safra (6,6%), arroz em casca (12,7%), batata-inglesa 1ª safra (13,8%), batata-inglesa 2ª safra (12,1%), feijão em grão 1ª safra (30,5%), feijão em grão 2ª safra (17,4%), mamona em baga (59,4%), mandioca (5,8%), milho em grão 2ª safra (0,4%), soja em grão (0,7%), sorgo em grão (6,1%) e triticale em grão (17,8%). Com variação negativa: amendoim em casca 2ª safra (10,7%), aveia em grão (24,5%), batata-inglesa 3ª safra (5,3%), cacau em amêndoa (3,4%), café em grão (9,3%), cana-de-açúcar (9,3%), cebola (4,5%), cevada em grão (10,9%), feijão em grão 3ª safra (9,6%), laranja (2,6%), milho em grão 1ª safra (2,9%) e trigo em grão (18,3%).

Cumpre registrar que para os cultivos de segunda e terceira safras de alguns produtos e para as culturas de inverno (trigo, aveia, centeio e cevada) que, devido ao calendário agrícola, não permitem que se tenha ainda uma avaliação da produção, os dados correspondem às projeções obtidas a partir das informações ocorridas em anos anteriores.

Destaques na estimativa de fevereiro em relação a janeiro

ALGODÃO HERBÁCEO (em caroço) – A produção estimativa é da ordem de 4,6 milhões de toneladas, maior 2,4% que a registrada em janeiro. Este novo levantamento aumenta a tendência já registrada anteriormente de expansão da área plantada, que agora cresce 2,6%, como consequência, notadamente, dos novos números de Goiás. Nesse Estado refletiu também os baixos estoques, a demanda interna e externa crescente e os bons preços praticados, que motivaram os produtores a plantar algodão. A área da safra goiana de 92.770 ha apresenta incremento de 37,7% frente à informação de janeiro, enquanto que a produção esperada de 380.357 t cresce 38,6%. Ressalta-se que o Mato Grosso, principal produtor, que participa com 53,7% da produção nacional, não alterou seus dados em relação ao levantamento de janeiro de 2011. A área plantada neste Estado é de 652.368 ha, com uma produção esperada de 2.476.745 t, caso se confirme o rendimento médio previsto de 3.797 kg/ha. A Bahia, segundo maior produtor nacional, promoveu reajustes na área (0,5%) e produção (0,1%), frente a janeiro.

AMENDOIM (em casca) 1ª safra – A área a ser colhida é de 71.526 ha, maior 4,2% que a área informada no mês anterior. A produção esperada de 219.145 t é 35,5% superior à quantidade apontada em janeiro. Esse expressivo incremento reflete, principalmente, as modificações nos dados de São Paulo, maior produtor nacional, com 86,5% de participação na produção nacional. Nesse Estado, os preços favoráveis no período de plantio e a utilização de áreas de renovação de cana-de-açúcar resultou, comparativamente ao mês passado, num incremento de 5,2% na área a ser colhida. Corroborado pelo rendimento médio esperado que foi revisto com um acréscimo de 36,3%, substituindo o valor anterior que referia a uma média das últimas safras e ainda pelo fato de que a cultura, que se concentra no Centro-Oeste do Estado, foi beneficiada por condições climáticas favoráveis. Aguarda-se, no momento, uma produção de 189.595 t, para o estado de São Paulo, maior em 43,4% que a informação de janeiro.

ARROZ (em casca) – A produção esperada é de 12,8 milhões de toneladas, 0,8% inferior a do levantamento de janeiro. Essa avaliação em pouco altera o quadro anterior, que era de uma produção de 12.859.611 toneladas. A área prevista de 2,7 milhões de hectares registra diminuição em 0,9%. Esse decréscimo ocorreu, de uma maneira geral, em Unidades da Federação que detêm pouca expressividade na exploração do grão. O Rio Grande do Sul, principal produtor, com 64,4% de participação na produção nacional, não alterou os dados.

FEIJÃO (em grão) 1ª safra – Aguarda-se uma área a ser colhida de 2,3 milhões de hectares e uma produção de 2,0 milhões de toneladas, menores em 8,0% e 7,4%, respectivamente, comparativamente a janeiro. Dentre os fatores considerados como principais responsáveis pelos decréscimos, são apontados a tomada de decisão do produtor rural que optou pelo plantio de outras culturas como a soja, bem como pelo excesso de chuvas verificado na colheita, que afetou as lavouras em importantes centros produtores como Paraná, Minas Gerais e Goiás.

FEIJÃO (em grão) 2ª safra – A área a ser colhida de 1.353.027 ha e a produção esperada de 1.400.032 toneladas, frente a janeiro, são maiores em 3,8% e 15,4%, respectivamente. Na análise desses números deve-se levar em consideração que, na Região Nordeste, onde se prevê um ganho de produção de 40,1%, os dados, para a maioria destas Unidades da Federação informantes, entre as quais encontra-se a Bahia, são projeções. Por outro lado, na Região Sudeste houve decréscimos na área (-7,0%) e na produção (-0,7%) como consequência das modificações nos dados de Minas Gerais, reduzindo 9,0% da área e 1,2% na produção esperada no levantamento anterior, devido ao verânico que prejudicou o preparo de solo, atrasando o plantio e desestimulando os produtores a investirem nesta atividade. No Paraná, maior produtor nacional, a área a ser colhida de 185.590 ha indica um crescimento de 1,3% e a produção esperada de 333.449 t cresce 21,8% frente à informação de janeiro, principalmente, em função do ganho de 20,2% no rendimento médio, avaliado agora em fevereiro como sendo de 1.797 kg/ha.

MILHO (em grão) 1ª safra – Aguarda-se uma produção de 32,3 milhões de toneladas, apontando um acréscimo de 0,7% frente à estimativa anterior. A participação na produção nacional, segundo as quatro maiores regiões produtoras, encontra-se assim distribuída: Sul (42,7%), Sudeste (28,7%), Centro-Oeste (10,9%) e Nordeste (13,6%). A Região Sul registra acréscimo de 0,4% na produção, devido à reavaliação no rendimento médio da cultura no Paraná. Nas regiões norte e oeste desse Estado, as primeiras colheitas totalizaram, até o momento, cerca de 5% da área prevista, estimada em 734.734 ha. A produtividade, que vem superando as expectativas, foi reavaliada para 7.336 kg/ha, gerando um ganho de produção de 1,0%.

MILHO (em grão) 2ª safra – A produção deverá atingir 22,9 milhões de toneladas, 14,4% superior à informação de janeiro. Este incremento deve-se, notadamente, às novas informações levantadas no Paraná e Goiás. No Paraná, a cultura do milho plantada no período compreendido entre os meses de janeiro e abril registra uma área da ordem de 1.569.858 ha, maior 15,1% que a do mês passado sendo que cerca de 20% já se encontra plantada. As lavouras que caracterizam o plantio tardio localizam-se, notadamente, nas microrregiões de Toledo, Campo Mourão, Cascavel, Maringá, Londrina, Cornélio Procópio e Umuarama, que concentram mais de 85% do total da área prevista. Atualmente os principais estágios de desenvolvimento das lavouras são o de germinação (60%), desenvolvimento vegetativo (39%) e floração (1%). A estimativa de produção, caso se confirme o plantio previsto, é da ordem de 6.863.227 t, maior 31,0% sobre a informação anterior. Em Goiás, com as perspectivas favoráveis de mercado, a área plantada de 530.000 ha e a produção esperada de 3.392.000 toneladas são maiores em 15,4% e 59,5%, respectivamente.

SOJA (em grão) – A produção esperada de 69,0 milhões de toneladas é maior 2,0% que a informação de janeiro. Este acréscimo se deve a uma reavaliação positiva de 1,8% no rendimento, já que as condições climáticas permanecem favoráveis nos principais centros produtores. No Paraná, segundo maior produtor nacional, a área prevista de 4.501.588 ha, quando confrontada a informada anteriormente, mostra uma pequena variação (+0,1%). A colheita já foi concluída em 5% da área total ocupada com a cultura. Na região Centro-Sul e Sudoeste do Estado, onde a oleaginosa foi plantada mais tardiamente, as lavouras, de um modo geral, atravessam os estágios de floração e frutificação. Já nas regiões Norte e Oeste do Estado, onde as lavouras foram semeadas mais cedo, os estágios mais importantes são os de frutificação e maturação, com as mais avançadas já sendo colhidas. A produção esperada de 13,9 milhões de toneladas encontra-se majorada em 1,1%, para um rendimento médio de 3.097 kg/ha, superior em 1,0% ao informado em janeiro. Goiás também influenciou o crescimento da produção do País. Com o avançar da colheita, no sudoeste goiano, estão sendo registrados rendimentos médios de 55 sacas por hectare. Influenciado pelos ótimos resultados deste início de colheita, o rendimento médio do Estado foi revisto para 3.175 kg/ha (+11,8%), sendo projetada nesta avaliação uma produção de 8,0 milhões de toneladas, maior 13,4% que a informação anterior. No Mato Grosso do Sul a situação é similar. As condições climáticas favoreceram a cultura e, apesar de ter sido mantida a área, houve reajuste de 5,2% no rendimento e, por conseguinte, na produção que passa a ser estimada em 5,3 milhões de toneladas.

Notas:

1 Em atenção a demandas dos usuários de informação de safra, os levantamentos para Cereais, Leguminosas e Oleaginosas, ora divulgados, foram realizados em estreita colaboração com a Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, órgão do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, continuando um processo de harmonização das estimativas oficiais de safra, iniciado em outubro de 2007, para as principais lavouras brasileiras.

2 Caroço de algodão, amendoim, arroz, feijão, mamona, milho, soja, aveia, centeio, cevada, girassol, sorgo, trigo e triticale.

3 O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) é uma pesquisa mensal de previsão e acompanhamento das safras dos principais produtos agrícolas, cujas informações são obtidas por intermédio das Comissões Municipais (COMEA) e/ou Regionais (COREA); consolidadas em nível estadual pelos Grupos de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias (GCEA) e posteriormente, avaliadas, em nível nacional, pela Comissão Especial de Planejamento Controle e Avaliação das Estatísticas Agropecuárias (CEPAGRO) constituída por representantes do IBGE e do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA).

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Fonte:
Ricardo Bergamini

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