Paris: contaminação radioativa durará "dezenas de anos" no Japão
O presidente da ASN, André-Claude Lacoste, declarou em entrevista coletiva que essas emissões procedem por uma parte das "descompressões voluntárias" dirigidas a reduzir a pressão nos reatores danificados e a "fugas" de origem desconhecida.
"Os depósitos de partículas radioativas na terra serão grandes ao redor da usina", assegurou o presidente, segundo o qual as autoridades japonesas ainda não estabeleceram um mapa da amplitude desses depósitos.
Para o representante da ASN, não é "ilusório" pensar que a contaminação ultrapasse a área de evacuação de 20 km ao redor da central estabelecida pelo Governo japonês, e alcance um raio de "uma centena de quilômetros".
"A importância e a localização das zonas afetadas pela contaminação ainda não são conhecidas", acrescentou ASN em comunicado, segundo o qual "seja qual for a evolução da situação, o Japão terá que fazer frente, a longo prazo, às consequências da radioatividade dessas expulsões".
A Agência de Segurança Nuclear do Japão informou nesta sexta-feira que se avistou fumaça também no reator 2 da usina de Fukushima, depois que se detectasse no reator 3 uma coluna de fumaça que já parou, enquanto que a instituição francesa acrescentou que "a manutenção do nível mínimo de água nos reservatórios" continua sendo uma prioridade.
Terremoto e tsunami devastam Japão
Na sexta-feira, 11, o Japão foi devastado por um terremoto que, segundo o USGS, atingiu os 8,9 graus da escala Richter, gerando um tsunami que arrasou a costa nordeste nipônica. Fora os danos imediatos, o perigo atômico permanece o maior desafio. Diversos reatores foram afetados, e a situação é crítica em Fukushima, onde existe o temor de um desastre nuclear.
Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram mais de 8,6 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Além disso, os prejuízos já passam dos US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes e, aos poucos, iniciar a reconstrução das áreas devastadas.