IGP-10 mostra inflação mais comportada nos alimentos

Publicado em 15/04/2011 14:55
O resultado de abril do Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) trouxe boas notícias relativas ao comportamento dos preços dos alimentos.

Se na última divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) os analistas se surpreenderam com o avanço inesperado dos alimentos - o que inquietou o próprio governo -, o índice divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) ficou em 0,56%, contra 0,84% no mês anterior, com a maior parte da contribuição para a desaleração cabendo aos alimentos no atacado.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do IGP-10, passou de 0,99% em março para 0,49% em abril e, do total de 0,50 ponto percentual de desaceleração, as matérias-primas brutas agropecuárias responderam por 0,42 ponto percentual. Em abril, as matérias-primas brutas agropecuárias tiveram variação zero, depois de uma alta de 1,74% em março.

"Entre as commodities, as condições de oferta global estão um pouco melhores que no ano passado. Dá para apostar em comportamento um pouco menos agressivo, acelerado das commodities. É isso que pode fazer com que alimentação suba um pouco menos e que, no fim das contas, a meta não estoure o teto este ano", ponderou o coordenador de análises econômicas do Ibre/FGV, Salomão Quadros.

Entre os principais destaques de desaceleração nas matérias-primas brutas em abril, Quadros chamou atenção para o milho, que passou de 4,71% em março para 0,84% em abril, embora ainda acumule alta de 75,61% em 12 meses.

O café ficou em 4,94% este mês, contra 12,01% em março; o algodão desacelerou de 11,44% para 0,04% no mesmo período; as aves passaram de uma alta de 3,73% para uma queda de 0,65%; o trigo foi de 5,66% para 2,19%; e a soja, que havia recuado 4,41% em março, viu seus preços caírem 3,64% este mês.

No sentido contrário, a matéria-prima bruta agropecuária mais relevante foi o leite in natura, que subiu 2,41%, depois de uma alta de 0,74% em março, refletindo o período de entressafra do gado leiteiro.

O economista também ressaltou que o impacto do câmbio no IGP-10 de abril ainda foi modesto, uma vez que a taxa média do dólar no período de apuração do índice ficou em R$ 1,64, embora no último decêndio essa média tenha sido de R$ 1,60, com tendência de queda nas próximas semanas.

"Ainda é cedo para dizer que a desaceleração do IPA tem a ver com o dólar. Mas o câmbio ainda vai contribuir para amenizar o IPA", frisou Quadros.

O comportamento dos alimentos também foi beneficiado pela trajetória de preços dos processados. A açúcar refinado passou de -1,79% em março para -4,25% este mês, enquanto a carne bovina passou de uma alta de 2,61% para 1,83% no mesmo período.

Na contramão ficou o leite industrializado, que depois de ter o preço reduzido em 0,08% em março, avançou 2,25% em abril. No geral, a taxa de alimentos processados desacelerou de 0,48% para 0,29% entre abril e março.

No Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que responde por 30% do IGP-10, o papel da alimentação foi inverso, com impacto de 0,16 ponto percentual na aceleração de 0,18 ponto percentual registrada entre março e abril. Este mês, o IPC subiu 0,77%, contra 0,59% em março.

Quadros ressaltou que o comportamento da alimentação mostra o repasse de altas passadas ocorridas no IPA e explicou que a tendência de curto prazo é de redução dos índices no varejo à medida que as desacelerações recentes no atacado chegarem nos preços ao consumidor.

Entre as principais acelerações no IPC, destaque para a carne bovina, que, embora continue com queda de preços, se aproxima de patamares positivos. Em março, o preço da carnes bovinas caiu 2,85% e em abril esse recuo foi de apenas 0,65%. As hortaliças e legumes passaram de 5,33% paqra 6,95% no mesmo período, enquanto os laticínios avançaram de 0,11% para 1,49%. No geral, a alimentação no varejo pulou de 0,57% em março para 1,11% em abril.

Quadros afirmou que as notícias do IGP-10 foram boas para quem estava preocupada com o cumprimento da meta de inflação, que é de 4,5%, com variação de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo, mas ponderou que os efeitos dessas notícias serão de curto prazo.

"Toda vez que interrompe alta depois de meses, é uma boa notícia. Mas uma interrupção sozinha não quer dizer que vai se repetir. É bom não esquecer o segundo semestre do ano passado, quando houve uma surpresa atrás da outra.", disse Quadros.

"Esse número aponta que alta não vai ser contínua, vai ter alternâncias. E por causa das alternâncias, pode chegar ao fim do ano com um número menor que no ano passado", acrescentou.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Valor Online

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário