No Valor: Caos na Grécia alimenta os piores temores do mercado

Publicado em 16/06/2011 08:16 e atualizado em 16/06/2011 11:57
A escalada da crise política na Grécia tem impacto nos mercados nesta quinta-feira e alimenta a sensação de que é inevitável que a zona do euro enfrente seu primeiro default da dívida.

Ao mesmo tempo que o premiê grego George Papandreou prepara uma mudança em seu governo na tentativa de obter aval do Parlamento para as medidas de austeridade, políticos europeus expressaram seu desânimo enquanto preparam o que pode ser o encontro crucial de líderes da União Europeia.

"O que mais precisamos hoje é unidade", comentou o presidente francês Nicolas Sarkozy. "Temos de deixar as lutas nacionais para trás para encontrar nosso sentimento de destino comum de novo."

Enquanto os eventos se desdobram e a incerteza cresce, especialistas estão cada vez mais convencidos de que é inevitável alguma forma de default da dívida pela Grécia.

Se Papandreou não conseguir aprovação para seu plano de austeridade, o país não vai obter as próximas parcelas do resgate financeiro e pode ter de renegar suas próprias obrigações da dívida.

A fim de ajudar a Grécia, deve ser solicitada alguma forma de default. Nas últimas semanas, as principais autoridades financeiras da Europa estiveram em desacordo sobre como trazer os credores privados para compartilhar a dor, movimento que alguns especialistas consideram como default.

Um representante do Banco Central Europeu (BCE) alertou que o fundo de socorro de crise da União Europeia deve ter de dobrar para 1,5 trilhão de euros se a Grécia fracassar em pagar suas dívidas, disseminando a turbulência financeira.

Autoridades europeias estão falando de mais ajuda para manter a Grécia fora de um default, mas o caos político jogou tudo na incerteza. E a incerteza afetou a confiança nos mercados no mundo.

"A conversa de dobrar o tamanho do fundo de resgate, a mudança no governo grego e a oferta de renúncia do premiê Papandreou não delineiam um cenário estável para os investidores", disse o analista de mercado da CMC Markets, Michael Hewson.

Em Paris, Sarkozy pediu que outros líderes europeus encontrem um compromisso sobre a crise da dívida da Grécia para estabilizar o euro. A crise grega deve ser um dos principais assuntos da conversa entre o dirigente francês e a chanceler alemã Angela Merkel na sexta-feira.

Sarkozy afirmou que é necessário agora o compromisso para "preservar a estabilidade da zona do euro, porque, sem a estabilidade, não é possível haver crescimento".

O potencial de que um default da Grécia pode causar danos na França, a segunda maior economia da Europa, fico evidente ontem, quando a Moody's alertou que três grandes bancos do país correm o risco de terem suas notas de crédito rebaixadas por causa da exposição à dívida grega.

À frente de outra rodada de reuniões de ministros das Finanças da zona do euro e líderes europeus na próxima semana, existem mais e mais comentários de que deve sair um acordo envolvendo o setor privado para dividir parte do peso do resgate e evitar o default da Grécia.

Fonte: Valor Online

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