De olho na Grécia, bolsas subiram e dólar caiu na segunda-feira

Publicado em 21/06/2011 09:48
A semana começou pautada por mais promessas e discursos afirmativos de que a crise da dívida da Grécia será solucionada. De concreto, mesmo, nenhuma novidade. A reunião que ocorreu no fim de semana entre líderes europeus postergou uma decisão para julho.

Os ministros estão no aguardo de uma votação prevista para hoje, terça-feira, no Parlamento grego, que pode facilitar ou arruinar os esforços de negociação quanto um novo plano de socorro.

O novo gabinete do primeiro-ministro George Papandreou será apreciado pelo Parlamento. Se receber voto de confiança, cresce a expectativa de que pacote de medidas de austeridade, que são contrapartida ao recebimento de mais dinheiro, será aprovado.

Se a resposta for negativa, não só a possibilidade de novas medidas de austeridade perde força, como o próprio governo atual pode deixar de existir.

Mesmo que tenha sucesso, Papandreou tem de lidar com os gregos, que já prometem novas manifestações contra corte de gastos e aumento de impostos para esta terça-feira.

De volta à segunda-feira, a primeira reação do mercado à reunião do fim de semana foi bastante negativa, já que soluções não foram apresentadas, mas o humor melhorou conforme autoridades europeias foram a públicos falar nada mais do que o óbvio: de que todos estão empenhados em buscar uma solução para a Grécia.

As obviedades foram suficientes para promover leve valorização nas bolsas de valores e queda na cotação do dólar.

Em Wall Street, o Dow Jones encerou com leve alta de 0,63%, a 12.080 pontos. O S&P 500 se valorizou 0,54%, a 1.278 pontos. O Nasdaq teve acréscimo de 0,50%, a 2.278 pontos.

No mercado de commodities, o barril de WTI apontou leve aumento de 0,3%, a US$ 93,26, depois de cair mais de 6% na semana passada. O índice CRB ganhou 0,15%.

No câmbio externo, o euro caiu a US$ 1,41, mas recuperou perdas e ficou próximo da linha de US$ 1,43. O Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, fechou próximo da estabilidade, rondando os 75 pontos.

Bovespa

Após perder 2,6% na última semana, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa)  defendeu valorização nesta segunda-feira. A alta, contudo, foi modesta e o mercado apenas acompanhou a trajetória de Wall Street, em um dia marcado pelo vencimento de opções sobre ações.

O Ibovespa chegou a cair para 60.783 pontos no início do dia, mas fechou com apreciação de 0,18%, aos 61.168 pontos. O giro financeiro atingiu R$ 6,781 bilhões, dos quais um total de R$ 1,8 bilhão partiu do exercício de opções sobre ações.

No mercado americano, as principais bolsas subiram pela terceira sessão consecutiva. O índice Dow Jones teve aumento de 0,63% e o S&P 500 ganhou 0,54%. Além disso, o Nasdaq subiu 0,50%.

A semana começou de forma mais “morna”, na ausência de indicadores econômicos internacionais. No Brasil, o humor dos investidores teve respaldo na decisão da Moody's de elevar a nota soberana de "Baa3" para "Baa2", embora o fato em si não tenha mexido com o mercado. A perspectiva da nota continua sendo positiva.

“O mercado operou em linha com as bolsas americanas, mas ainda existem incertezas no ar que não foram digeridas. O mercado segue no movimento de volatilidade e não consegue sustentar altas consecutivas”, disse o sócio-diretor da AZ Investimentos Ricardo Zeno.

Câmbio

Mais uma vez atrelado ao humor externo, o dólar perdeu para o real e outras moedas na abertura da semana. A Grécia permanece no foco e mesmo sem uma solução para sua crise da dívida, o humor dos agentes melhorou ao longo do dia seguindo declarações otimistas de líderes europeus.

Por aqui, o dólar comercial encerrou com queda de 0,12%, a R$ 1,595 na venda. Pela manhã, quando o tom era negativo, a moeda subiu a R$ 1,609.

Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar pronto recuou 0,13%, para R$ 1,594. O giro subiu de US$ 122,5 milhões para US$ 340,75 milhões

No mercado futuro, o dólar para julho registrava desvalorização de 0,15%, a R$ 1,601, antes do ajuste final.

Para o economista da BGC Liquidez, Alfredo Barbutti, a formação de preço no mercado local segue bem atrelada ao preço do euro, que apresenta forte instabilidade.

Avaliando a situação na Europa, Barbutti chama atenção à agenda política da Grécia, destacando a votação da moção de confiança ao novo gabinete de governo grego formado pelo primeiro-ministro George Papandreou.

Ainda de acordo com Barbutti, um dia essencial dentro da dinâmica europeia é o dia 7 de julho, data da próxima reunião do Banco Central Europeu (BCE). A expectativa é de elevação no juro básico, que está em 1,25% ao ano.

Segundo Barbutti, se essa “prometida” elevação não ocorrer, fica consolidado um processo de menor crescimento na Europa, que se soma a dados ruins nos Estados Unidos e às consequências globais dos desastres naturais que atingiram o Japão.

Juros futuros

A curva futura marcou um novo pregão de baixa oscilação e limitado volume de negócios. Conforme notou o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, essa falta de movimentação é reflexo do consenso quanto ao próximo passo de política monetária.

Segundo o economista, o mercado já colocou na conta ao menos mais uma alta de 0,25 ponto percentual na Selic na reunião de julho do Comitê de Política Monetária (Copom).

Fica a dúvida sobre novo ajuste ou fim de ciclo em agosto, mas para tomar essa decisão ou fazer apostas os agentes aguardam mais indicadores.

De acordo com Rosa, os números da semana podem ajudar nisso. Agora pela manhã, sai o Índice de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) de junho e, na quarta-feira, é conhecida a taxa de desemprego em maio.

Mudando o foco para os contratos mais longos, Rosa nota que a formação de preço mostra maior correlação com os prêmios de risco do mercado externo, onde o tema Grécia segue no foco dos agentes.

Para o economista, no curto prazo, a solução é liberar mais dinheiro à Grécia, mas o desfecho inevitável é algum tipo de perda para os credores privados. É apenas uma questão de tempo.

Ainda de acordo com Rosa, se o governo grego não conseguir a moção de apoio que vai a voto hoje, e for obrigado a convocar novas eleições, a situação piora bastante e um default grego fica ainda mais provável, pois enquanto um novo governo não for formado não há com quem negociar pacotes de ajuda.

De volta ao front local, Rosa chamou atenção ao aumento na classificação de risco do Brasil anunciado pela Moody's. Segundo o economista, esse aumento de nota é algo bastante positivo, ainda mais dentro desse ambiente de turbulência internacional. A notícia, no entanto, não fez preço nos mercados, pois se apresenta apenas como uma “confirmação” de nota maior. Vale lembrar que, em abril, a Fitch já tinha elevado na nota brasileira.

Antes do ajuste final de posições na BM&F, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2011 apontava baixa de 0,01 ponto percentual, a 12,12%. Outubro de 2011, o mais líquido do dia, marcava avanço de 0,01 ponto, a 12,33%. E janeiro de 2012 projetava 12,41%, sem alteração.

Entre os contratos mais longos, janeiro de 2013 mostrava alta de 0,01 ponto, a 12,50%. Janeiro de 2014 não tinha alteração, projetando 12,39%. Janeiro de 2015 também estava estável, a 12,37%. Janeiro de 2016 caía 0,01 ponto, a 12,28%. E janeiro de 2017 também perdia 0,01 ponto, a 12,20%.

Até as 16h10, foram negociados 268.815 contratos, equivalentes a R$ 23,30 bilhões (US$ 14,57 bilhões), queda de 42% sobre o registrado no pregão anterior e um dos menores giros do ano. O vencimento outubro de 2011 foi o mais negociado, com 86.230 contratos, equivalentes a R$ 8,33 bilhões (US$ 5,21 bilhões).

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Fonte:
Valor Online

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