Dilma contraria PR e efetiva Passos nos Transportes

Publicado em 12/07/2011 07:39
A presidente Dilma Rousseff decidiu na segunda-feira efetivar Paulo Sérgio Passos como novo ministro dos Transportes, contrariando o interesse do Partido da República (PR) que pretendia fazer indicações para o lugar do ex-ministro Alfredo Nascimento.

O convite foi aceito por Passos, que estava interino no cargo, segundo confirmou o Palácio do Planalto por meio de nota. Nascimento deixou o cargo na semana passada após uma denúncia, publicada pela revista Veja, de um suposto esquema de propinas que rendia aos cofres do PR até 5 por cento dos contratos na área dos transportes.

Dilma chegou a convidar o senador Blairo Maggi (PR-MT) para assumir a pasta, mas ele rejeitou o convite alegando que questões pessoais e empresariais impediam sua entrada no governo.

Passos já havia comandado o ministério interinamente em outras duas oportunidades e é um técnico de carreira do setor, filiado ao PR.

Após o anúncio de Passos como ministro, cujo nome não contou inicialmente com apoio do PR, o líder da bancada na Câmara, Lincoln Portela (MG), disse apenas "cumpra-se", sem esconder a indignação.

Ele lembrou que na semana passada, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, havia dito ao partido que seriam aceitas indicações.

A atuação de Dilma no caso, afastando rapidamente integrantes da cúpula dos Transportes sem conversar com o PR, deixou os aliados preocupados e irritou em especial os parlamentares do PR.

Na segunda-feira, antes da efetivação de Passos, um membro do partido revelou à Reuters que haveria um movimento interno, capitaneado pelo secretário-geral do partido, o deputado Valdemar da Costa Neto (SP), para abandonar a base de sustentação do governo.

A fonte, que pediu para não ter o nome revelado, afirmou que levaria essas informações ao governo por esse movimento não ter o apoio integral de todos os membros e afirmou que aconselharia Dilma a apostar na divisão interna do PR.

"Eu acho que ela deve nomear o novo ministro, escolhendo dentro dos quadros do partido o que mais lhe convier. E deve apostar nessa divisão interna, porque nem todos estão com o Valdemar", afirmou.

Ao nomear Passos, Dilma enfrenta os interesses da cúpula do PR, que queria influenciar na indicação do futuro ministro.

"O que acontece é que o Valdemar já notou que não poderá manter o acerto que fez com alguns parlamentares e, por isso, acredita que será melhor migrar para a oposição. Acho que ele tem uns 20 parlamentares sob seu controle", avaliou essa fonte. O PR tem 40 deputados e 6 senadores.

Por meio da assessoria, Costa Neto disse que "repele qualquer tese na direção de uma migração para a oposição" e negou que tenha feito "acertos com parlamentares".

"Costa Neto reitera sua confiança no governo da presidente Dilma e reafirma a posição governista de seu partido", disse a nota emitida pela assessoria antes do anúncio de Passos.

Ao efetivar Passos antes do depoimento do diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luís Antônio Pagot, considerado por alguns aliados como de alto risco, Dilma demonstra que não está preocupada com a possibilidade de que ele envolva outros membros do governo em novas denúncias.

Em pouco mais de seis meses de governo, essa á a quarta alteração ministerial feita por Dilma.

Ela nomeou Gleisi Hoffmann para a Casa Civil após a saída de Antonio Palocci em meio a denúncias decorrentes de seu aumento patrimonial nos últimos anos e colocou Ideli Salvatti na Secretaria de Relações Institucionais em substituição a Luiz Sérgio, que foi para o Ministério da Pesca e Aquicultura. Agora, anunciou o novo nome para os Transportes.

Fonte: Reuters

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