Acordo da dívida dos EUA não tranquiliza China, principal credor

Publicado em 02/08/2011 08:30 e atualizado em 02/08/2011 09:42
A China, principal credor dos Estados Unidos, vê o acordo de última hora alcançado no Congresso americano para evitar a moratória como uma solução a curto prazo, mas desconfia do futuro de sua economia, segundo publicou nesta terça-feira o oficial Diário do Povo.

"Embora os Estados Unidos tenham evitado a moratória, os problemas de sua dívida soberana seguem sem ser resolvidos, já que só foram adiados para depois", disse o diário porta-voz do Partido Comunista da China em um editorial.

O jornal também assinalou que o problema do endividamento "gerou uma nuvem de incerteza sobre a recuperação da economia americana e aumentou os riscos enfrentados pelo sistema econômico mundial".

A empresa de classificação de riscos Standard & Poor's advertiu que pode rebaixar a qualificação da dívida dos EUA mesmo com o acordo, o que afetaria a China, principal compradora de bônus americanos, com um total de US$ 1,16 trilhão.

"Não se pode descartar a possibilidade de uma baixa na qualificação da dívida se Washington não alcançar um equilíbrio a longo prazo para seu endividamento", disse Chen Daofu, diretor do Centro de Pesquisas Políticas do Conselho de Estado da China, em declarações ao oficial China Daily.

A instabilidade que a questão da dívida pode gerar no dólar também é vista com preocupação na China, já que esta moeda representa 70% de seus 3,2 trilhões de reservas de divisas.

Chen advertiu que buscar alternativas de investimento para as reservas chinesas e mudar a composição destas "é um desafio crucial para os conselheiros políticos em Pequim", embora para o Diário do Povo o dólar "continue sendo uma moeda firme que todos os países devem aceitar, embora não queiram".

Mesmo após aprovação de acordo, China aumenta pressão sobre EUA

A China aumentou sua pressão sobre os EUA nesta terça-feira, pedindo pela resolução dos desafios fiscais do país, mesmo após a Câmara de Representantes americana ter aprovado ontem o acordo para elevar o teto de endividamento e evitar um possível default.

Um editorial do People’s Daily, o jornal oficial do Partido Comunista chinês, afirma que os EUA ainda estão longe de resolver seus problemas de dívida soberana e que esses problemas poderão piorar ao longo do tempo. “Essa questão prejudica a recuperação econômica e representa riscos ainda maiores para a economia global”, diz o editorial.

O jornal prossegue afirmando que o endividamento dos EUA resulta de políticas de estímulo econômico e acrescenta que essas medidas não podem resultar em alteração dos fundamentos da recuperação econômica, já que a taxa de desemprego segue elevada e as estruturas subjacentes continuam as mesmas.

O jornal publicou também um artigo do pesquisador Li Xiangyang, da Academia Chinesa de Ciências Sociais, no qual o estudioso aponta que os EUA podem escolher depreciar o dólar para resolver problemas econômicos. Portanto, argumenta ele, é necessário que a China reduza a proporção de ativos em dólar que possui e diversifique suas reservas.

Estima-se que até 70% do total de US$ 3,197 trilhões que a China possui em reservas, as maiores do mundo, sejam ativos americanos. O país detém mais de US$ 1 trilhão em títulos do Tesouro americano.

Fonte: EFE + Valor Online

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Wall St salta com dados de empregos nos EUA reforçando hipótese de cortes nos juros
Dólar cai ao menor valor em quase um mês com dados fracos de emprego nos EUA
Ibovespa fecha em alta com melhora em perspectivas sobre juros nos EUA
Taxas futuras de juros têm nova queda firme no Brasil após dados de emprego nos EUA
Brasil e Japão assinam acordos em agricultura e segurança cibernética