S&P rebaixa nota de crédito dos EUA para "AA+"

Publicado em 06/08/2011 09:11 e atualizado em 06/08/2011 20:29
Os Estados Unidos perderam nesta sexta-feira sua nota máxima de crédito "AAA" concedida pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, em um dramático revés sem precedentes para a maior economia do mundo.

A S&P rebaixou a nota de crédito dos EUA de longo prazo em um ponto, para "AA+", devido às preocupações com o déficit orçamentário e o crescente endividamento do país. A medida pode elevar os custos de empréstimos, eventualmente, para o governo norte-americano, as empresas e os consumidores.

"O rebaixamento reflete nossa opinião de que o plano de consolidação fiscal acordado recentemente pelo Congresso e o governo não atende ao que, em nossa opinião, seria necessário para estabilizar a dinâmica da dívida do governo no médio prazo", afirmou a S&P em comunicado.

A decisão veio depois de uma batalha amarga no Congresso sobre o corte de gastos e o aumento de impostos para reduzir a dívida norte-americana e permitir que o limite de endividamento legal fosse elevado.

Em 2 de agosto, o presidente dos EUA, Barack Obama, sancionou a lei designada a reduzir o déficit fiscal em 2,1 trilhões de dólares ao longo de 10 anos, bem abaixo do montante de 4 trilhões de dólares considerado pela S&P como uma boa "entrada" para arrumar as finanças do país.

O impasse político em Washington e o fracasso para lidar seriamente com os problemas fiscais dos EUA a longo prazo vieram de encontro com a desaceleração do crescimento econômico do país e levaram à pior semana no mercado de ações norte-americano em dois anos.

O índice S&P 500 caiu 10,8 por cento nas 10 últimas sessões devido às preocupações de que a economia do país pode caminhar para outra recessão e porque a crise da dívida na Europa tem piorado, na medida em que contagia a Itália.

Os bônus do Tesouro dos EUA, uma vez vistos como os investimentos mais seguros do mundo, estão classificados agora abaixo de títulos emitidos por países como Grã-Bretanha, Alemanha, França ou Canadá.

A perspectiva da nova classificação é negativa, afirmou a S&P em comunicado, um sinal de que outro rebaixamento da nota é possível nos próximos 12 a 18 meses.

Mais cedo nesta semana, a agência de classificação de risco Moody's confirmou, por enquanto, a nota "Aaa" para os Estados Unidos. A Fitch Ratings, outra agência, afirmou que ainda está revendo sua nota e que divulgará uma decisão até o fim do mês.


China critica EUA pela crise da dívida e exige garantias

A China, principal credora dos Estados Unidos e com 70% de suas reservas em moeda estrangeira em dólares, criticou duramente o governo americano depois que a agência de classificação de riscos Standard & Poor's rebaixou a dívida americana nesta sexta-feira, pela primeira vez na história. Com US$ 1,16 trilhão em bônus do Tesouro dos Estados Unidos e US$ 3,2 trilhões de reservas em moeda estrangeira, a queda da dívida americana de AAA - a máxima qualificação possível - para AA+ gerou um forte mal-estar em Pequim.

A agência oficial chinesa Xinhua publicou neste sábado um duro editorial no qual assegura que a decisão da Standard & Poor's é "uma fatura que os Estados Unidos devem pagar por sua própria dependência quanto ao endividamento e por suas brigas políticas sem visão de futuro em Washington".

"A China tem todo o direito agora de reivindicar aos Estados Unidos que corrijam os erros estruturais de sua dívida e garantam a segurança dos ativos em dólares da China", afirmou a Xinhua. Ao mesmo tempo, reivindicou "supervisão internacional" sobre a moeda americana, e foi além, ao propor como alternativa ao dólar "uma nova moeda de reserva estável e assegurada em nível global" para evitar a dependência mundial da divida dos EUA.

Há alguns dias, Chen Daofu, diretor do Centro de Pesquisas Políticas do Conselho de Estado da China, advertiu da necessidade de buscar alternativas de investimento para as reservas chinesas, e avaliou que mudar a composição destas "é um desafio crucial para os conselheiros políticos em Pequim".

Com relação ao futuro, a Xinhua assinalou que se não houver cortes na "gigantesca despesa militar" e nos custos do novo sistema de previdência social universal disposto por Barack Obama, a Standard & Poor's pode diminuir ainda mais a qualificação da dívida americana.

Ainda assim, o economista-chefe do Centro de Informação Estatal da China, Jianping Fan, considerou que o endividamento americano afetará principalmente os mercados financeiros, e, só em segundo plano, o comércio. O analista prevê uma queda nas exportações do país asiático, porém mais ligada aos problemas da Europa que aos indicadores americanos.

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Fonte:
Reuters/EFE

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