Crise internacional limitará a receita externa da agricultura

Publicado em 10/08/2011 11:05
 Após o agronegócio mundial acumular altas recorrentes em seus preços, dada a demanda aquecida por alimentos, ele vê agora a mudança na tendência devido à crise econômica que pode afetar todo o mundo. No entanto, no agronegócio brasileiro o impacto não deve ser expressivo, e a expectativa para o volume de embarques e o faturamento com a comercialização externa das commodities agrícolas devem ficar em linha com as primeiras perspectivas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de US$ 85 bilhões.

Apesar das bolsas de commodities terem registrado queda nos últimos dias, dado principalmente a crise internacional, o impacto no Brasil não deve ser substancial, afirmou nesta terça-feira (9) o ministro da Agricultura Wagner Rossi. "A alimentação é uma necessidade, então, é a ultima coisa a ser cortada. Isso coloca o Brasil em uma situação especial, já que somos um grande produtor. Há um decréscimo natural, por isso a agricultura e pecuária são importantes para dar firmeza à economia mundial", comentou ele.

Segundo o secretário de Relações Internacionais do Mapa, Célio Porto, a expectativa do governo antes do embargo russo que afetou os embarques de carnes e do impacto da crise internacional, era superar os US$ 85 bilhões em exportações de produtos agropecuários estimados no começo do ano. Entretanto, os planos foram alterados por conta desses problemas. "As exportações vinham crescendo e batendo recordes mês a mês, mas isso era em função dos altos preços e não da quantidade que embarcávamos. O principal efeito da crise será em relação aos preços. Então, não conseguiremos antecipar o recorde como esperávamos e não vamos ultrapassar esses US$ 85 bilhões, como era esperado", disse ele ao DCI.

Porto lembrou que a União Europeia já chegou a representar 45% dos volumes embarcados pelo Brasil, e hoje não ultrapassa nem a casa dos 25%. Já os Estados Unidos que também foram o principal destino dos produtos agropecuários brasileiros, agora representam o terceiro principal destino. "Essa crise internacional resultaria em preços mais baixos para as commodities, entretanto, ninguém deixará de comer. Por isso o impacto será menor".

Em meio às discussões sobre a alta demanda global por alimentos, que elevou os preços, e a crise internacional, que derrubou as cotações, o analista de commoditiesSteve Cachia, da Cerealpar alertou para o aumento da influência dos fundos de investimentos em commodities agrícolas. Segundo ele, uma crise internacional gera um movimento no mercado de aversão ao risco, no qual os fundos se retiram independentemente das sinalizações do mercado. "Essas baixas nos preços dos produtos agrícolas devem acontecer mais pelos pensamentos pessimistas dos fundos de investidores. Visto que essas crises econômicas não chegam a afetar a demanda de alimentos, o que reduz é a capacidade de aumento dos preços. Sabemos que os fundos de investimentos têm forte atuação no setor agrícola".

Cachia lembrou que o maior consumidor brasileiro de commodities agrícolas é a Ásia, principalmente a China, então mesmo com essa crise a demanda por alimentos não irá cair. "Quem perderá com isso serão os produtores, que já sofriam com o câmbio e agora terão uma redução nos preços mundiais para os alimentos".

Para o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, ainda é muito cedo para falar em manutenção de quantidades. "Não acredito muito em queda de volumes, mas em julho, tirando o açúcar, todas as commodities fecharam com queda de volume. Creio que em agosto e setembro o impacto da crise será praticamente nulo, porque quem exporta commodity já negociou, a dúvida fica para os meses seguintes."

Para Castro, a soja é o produto que menos sofrerá com essa queda nos preços, já que 75% do volume a ser exportado no ano já foram embarcados. Dos 25% restantes, 15% já tem preço definido, e também não tem chance de alteração. Restando aos 10% o risco do setor. Já o açúcar deve e sofrerá impactos maiores, afirmou ele. "O preço do açúcar está caindo e com a crise deve cair mais ainda, e devemos fechar com uma queda de receita e volume este ano".

O analista de mercado, Mauricio Muruci, da Safras & Mercado, confirma essa expectativa e prevê preços ainda mais baixos para os próximos meses. Segundo ele, no final de julho o preço do açúcar atingiu a marca de US$ 660 a tonelada, e no pregão de hoje ele está em US$ 605 por tonelada.

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Fonte:
DCI

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