Reservas e espaço para baixar juros são armas do País ante crise

Publicado em 15/08/2011 08:04
Após a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) cair quase 10% durante o pregão da última segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff disse que, se o mundo mergulhar em uma nova crise, o País está mais preparado para enfrentar uma turbulência do que estava em 2008 - auge da crise iniciada no mesmo ano nos Estados Unidos, por conta da quebra de bancos que emprestavam para pessoas com alto risco de não pagar. As reservas acumuladas nos últimos três anos, além de espaço para baixar a taxa básica de juros da economia (Selic, que hoje está em 12,5% ao ano, contra uma taxa entre zero e 0,25% nos EUA, por exemplo) são os trunfos do País para minimizar os efeitos de uma queda maior, dizem economistas.

"O mais sensato seria dizer que estamos igualmente preparados, afinal, em 2008, na última crise econômica, o Brasil já apresentava condições propícias para enfrentar a crise", afirmou o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) e especialista em mercado financeiro, Fernando Galdi.

De acordo com o Banco Central, na última quarta-feira, o Brasil chegou à marca recorde de US$ 350,9 bilhões de reservas internacionais - o que significa um aumento de cerca de 70% comparado há três anos, quando foi decretada a falência do banco Lehman Brothers. Em julho de 2008, antes da crise, esse número era de US$ 203,562 bilhões. Parte desse aumento se deve à compra de dólares feita pelo Banco Central. Somente em 2011 foram cerca de US$ 45 bilhões.

"O Brasil não tem como sofrer um ataque especulativo, pois o País tem uma grande reserva de dinheiro", disse o economista-chefe da corretora Souza Barros, Clodoir Vieira.

Outro indicador que mostra que as finanças do Brasil estão mais saudáveis é a relação entre a dívida do governo e o Produto Interno Bruto (PIB), que em 2008 era de 30,18% e atualmente está em 26,60%. A taxa de desemprego também está mais baixa agora em comparação há três anos: 6,2% em junho de 2011, contra 7,8% em junho de 2008, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Além disso, segundo o professor de macroeconomia da Escola de Economia da FGV-SP Rogério Mori, o País conta com uma política fiscal ajustada e, caso fosse necessário, poderia diminuir a taxa de juro para aquecer o mercado. "Temos a Taxa Selic em 12,5% hoje, que em uma situação extrema, poderia chegar em torno de 8% para incentivar o consumo e colocar mais dinheiro em circulação."

Experiência
Além dos bons números, o País também tem a seu favor a experiência bem sucedida de ter passado por 2008 e 2009 como umas das nações menos atingidas pela crise. "O Brasil sabe o que deu certo e o que precisava mudar para estar mais fortalecido", afirmou Vieira. Um exemplo positivo foi o incentivo à criação de linhas de crédito e redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para aumentar as vendas de veículos. O resultado foi logo sentido pelo setor automotivo. Em janeiro de 2009, três meses após o início da crise, o crescimento comparado ao mês anterior foi de 3,25%.

Contudo, mesmo com esses pontos a favor, em um cenário de incertezas e com a economia de países importantes como Estados Unidos oscilando, é impossível que o Brasil não sofra nenhum resquício. "Se o País sentir algum efeito será justamente pela posição em que se encontra hoje: um player mundial, importador e grande exportador de commodities que cada vez mais ganha destaque", disse o professor da Fipecafi.

Compare o Brasil de 2008 com o Brasil de 2011
Taxa de desemprego (pelo IBGE)
2008 - 7,8%
2011 - 6,2%
Relação dívida/PIB
2008 - 30,18%
2011 - 28,60%
Taxa de investimento/PIB
2008 - 18,5%
2011 - 18,4%
PIB (ante o ano anterior)
1º trimestre de 2008 - alta de 5,8%
1º trimestre de 2011 - alta de 4,2%
Arrecadação
Junho de 2008 - R$ 55,7 bilhões
Junho de 2011 - R$ 82,7 bilhões
Inflação (pelo IPCA)
Julho de 2008 - 0,53%
Julho de 2011 - 0,16%

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Fonte:
Terra

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