Recessão prolongada na Europa preocupa Dilma, dizem aliados

Publicado em 17/08/2011 07:52 e atualizado em 17/08/2011 08:24
A presidente Dilma Rousseff afirmou na terça-feira numa reunião com aliados do PSB, do PCdoB e do PDT que está preocupada com os efeitos no Brasil de uma provável recessão prolongada da economia europeia e com a desvalorização do dólar. Desde segunda-feira a presidente tem se reunido com os presidentes e líderes de partidos aliados tentando uma reaproximação com a classe política e pedindo aos aliados que se unam para ajudar o governo a enfrentar os possíveis efeitos da crise global no País.

Segundo relato do ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, que é presidente licenciado do PDT e participou do encontro, Dilma acredita que a crise global deve se estender por pelo menos mais um ano e meio. "Ela voltou a dizer que o Brasil está preparado para enfrentar a crise e o que nos atrapalha um pouco é a desvalorização do dólar", contou Lupi à Reuters.

O líder do PDT na Câmara, Giovanni Queiroz (PA), lembrou que a presidente comentou também que a recessão mais prolongada da Europa "pode trazer problemas para nossas exportações e para o preço das commodities".

Dilma disse que precisará dos aliados para aprovar as medidas macroeconômicas enviadas ao Congresso e que é fundamental que eles estejam unidos nesse momento e, por isso, está fazendo essa aproximação com a classe política.

Na avaliação do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, nos primeiros seis meses Dilma gastou suas energias para controlar a inflação e formatar os programas do governo e, "agora, diálogo é a palavra chave". Segundo ele, o governo precisa agora dialogar "para fora, com o Congresso, com os prefeitos e com os governadores".

A falta de diálogo com a classe política é apontada por aliados na Câmara e no Senado como a principal origem dos problemas de relacionamento de Dilma com os partidos e foi também um dos fatores que motivou na terça-feira a saída do Partido da República (PR) da coalizão governista.

Entenda
No auge da crise de crédito, que se agravou em 2008, a saúde financeira dos bancos no mundo inteiro foi colocada à prova. Os problemas em operações de financiamento imobiliário nos Estados Unidos geraram bilhões em perdas e o sistema bancário não encontrou mais onde emprestar dinheiro. Para diminuir os efeitos da recessão, os países aumentaram os gastos públicos, ampliando as dívidas além dos tetos nacionais. Mas o estímulo não foi suficiente para elevar os Produtos Internos Brutos (PIB) a ponto de garantir o pagamento das contas.

A primeira a entrar em colapso foi a Grécia, cuja dívida pública alcançou 340,227 bilhões de euros em 2010, o que corresponde a 148,6% do PIB. Com a luz amarela acesa, as economias de outros países da região foram inspecionadas mais rigorosamente. Portugal e Irlanda chamaram atenção por conta da fragilidade econômica. No entanto, o fraco crescimento econômico e o aumento da dívida pública na região já atingem grandes economias, como Itália (120% do PIB) e Espanha.

Um fundo de ajuda foi criado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Central Europeu (BCE), com influência da Alemanha, país da região com maior solidez econômica. Contudo, para ter acesso aos pacotes de resgates, as nações precisam se adaptar a rígidas condições impostas pelo FMI. A Grécia foi a primeira a aceitar e viu manifestações contra os cortes de empregos públicos, programas sociais e aumentos de impostos.

Os Estados Unidos atingiram o limite legal de endividamento público - de US$ 14,3 trilhões (cerca de R$ 22,2 trilhões) - no último dia 16 de maio. Na ocasião, o Tesouro usou ajustes de contabilidade, assim como receitas fiscais mais altas que o previsto, para seguir operando normalmente. O governo, então, passou por um longo período de negociações para elevar o teto. O acordo veio só perto do final do prazo (2 de agosto) para evitar uma moratória e prevê um corte de gastos na ordem de US$ 2,4 trilhões (R$ 3,7 trilhões). Mesmo assim, a agência Standard & Poor's retirou a nota máxima (AAA) da dívida americana.

França detalha proposta conjunta com Alemanha sobre euro

A França divulgou nesta quarta-feira uma carta enviada para o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, detalhando as propostas feitas em conjunto com a Alemanha para melhorar a governança econômica da zona do euro.

No texto, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmam que querem congelar os fundos estruturais da União Europeia para os países membros da zona do euro que não respeitarem as recomendações do bloco sobre a diminuição do déficit.

Entenda
No auge da crise de crédito, que se agravou em 2008, a saúde financeira dos bancos no mundo inteiro foi colocada à prova. Os problemas em operações de financiamento imobiliário nos Estados Unidos geraram bilhões em perdas e o sistema bancário não encontrou mais onde emprestar dinheiro. Para diminuir os efeitos da recessão, os países aumentaram os gastos públicos, ampliando as dívidas além dos tetos nacionais. Mas o estímulo não foi suficiente para elevar os Produtos Internos Brutos (PIB) a ponto de garantir o pagamento das contas.

A primeira a entrar em colapso foi a Grécia, cuja dívida pública alcançou 340,227 bilhões de euros em 2010, o que corresponde a 148,6% do PIB. Com a luz amarela acesa, as economias de outros países da região foram inspecionadas mais rigorosamente. Portugal e Irlanda chamaram atenção por conta da fragilidade econômica. No entanto, o fraco crescimento econômico e o aumento da dívida pública na região já atingem grandes economias, como Itália (120% do PIB) e Espanha.

Um fundo de ajuda foi criado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Central Europeu (BCE), com influência da Alemanha, país da região com maior solidez econômica. Contudo, para ter acesso aos pacotes de resgates, as nações precisam se adaptar a rígidas condições impostas pelo FMI. A Grécia foi a primeira a aceitar e viu manifestações contra os cortes de empregos públicos, programas sociais e aumentos de impostos.

Os Estados Unidos atingiram o limite legal de endividamento público - de US$ 14,3 trilhões (cerca de R$ 22,2 trilhões) - no último dia 16 de maio. Na ocasião, o Tesouro usou ajustes de contabilidade, assim como receitas fiscais mais altas que o previsto, para seguir operando normalmente. O governo, então, passou por um longo período de negociações para elevar o teto. O acordo veio só perto do final do prazo (2 de agosto) para evitar uma moratória e prevê um corte de gastos na ordem de US$ 2,4 trilhões (R$ 3,7 trilhões). Mesmo assim, a agência Standard & Poor's retirou a nota máxima (AAA) da dívida americana.

Bolsas europeias abrem em baixa após propostas para região

As bolsas europeias abriram o pregão desta quarta-feira com tendência de desvalorização, depois que o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, anunciaram na véspera propostas de criação de regras comuns para a zona do euro e a instauração de uma taxa sobre as transações financeiras da região. Na Alemanha, o índice Dax, da Bolsa de Frankfurt, abriu o dia registrando queda de 1,41%o, enquanto na Bolsa de Paris o CAC-40 tinha perda de 0,58%.

A mesma tendência foi registrada em toda a Europa, com o Footsie-100, da bolsa de Londres, que indicou desvalorização de 0,78%, o Ibex-35, da bolsa de Madri, que perdeu 0,82%, a bolsa de Lisboa, que registrou queda de 0,64%, e o SMI suíço, que caiu 0,91%.

Merkel e Sarkozy se reuniram ontem em Paris, na tentativa de acalmar os mercados depois de mais de uma semana de quedas abruptas nas bolsas. Segundo eles, é indispensável fortalecer as economias por meio da criação de um governo econômico da zona do euro e da imposição de limites à dívida dos países que usam a moeda única, o euro.

A chanceler alemã destacou a necessidade de ampliar a integração na zona do euro e impor mais rigor nos gastos públicos como forma de restaurar a confiança do mercado.

Fonte: Reuters + Agência Brasil

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