BC pode voltar a usar medidas emergenciais anticrise, diz diretor
“Numa conjuntura que é muito volátil, como verificamos nos últimos dias, nós temos que ter sangue frio. É fundamental continuar a analisar com a mesma atenção de sempre os determinantes da situação atual. A disponibilidade dos instrumentos fortes de política nos dá conforto. Mas agiremos somente se e quando for necessário”, disse.
Por enquanto, Pereira acredita que o cenário externo é de desaceleração, e não de “colapso”. Por isso, não se trata de uma repetição da crise de 2008. Mas ele admitiu que hoje há fragilidades que elevam a possibilidade de crise global com reflexo sobre o crescimento mundial.
“O Brasil hoje está mais preparado para enfrentar esse cenário mais complexo, mesmo que ele continue se deteriorando, sendo capaz de absorver choques externos ao menor custo para a sociedade”, disse Pereira.
Ele lembrou que o país tem reservas internacionais superiores ao que tinha antes do início da crise de 2008. O depósito de compulsórios bancários também foi reposto, o que beneficia o sistema financeiro do país, acredita.
“Além disso, praticamente todas as medidas emergenciais tomadas durante a crise de 2008 e que contribuíram para que superássemos aquele período sem maiores sobressaltos já foram revertidas. Mas, em uma eventualidade de deterioração do cenário externo, se preciso, podem ser rapidamente reintroduzidas”, afirmou.
O diretor do BC considerou o mercado consumidor brasileiro robusto, o que ajuda na solidez da economia brasileira, que teria sido o principal fator para que as agências de classificação de risco melhorassem a nota do Brasil, mesmo diante de um cenário internacional conturbado e de rebaixamento da nota de economias maduras.