Copom cita cenário internacional e reduz Selic a 12%

Publicado em 01/09/2011 07:46
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu reduzir a taxa de juros básica Selic em 0,5 ponto percentual, para 12% ao ano. A decisão, porém, não foi unânime. Cinco integrantes votaram pela opção ganhadora, enquanto dois queriam a manutenção da taxa em 12,5% anuais.

A visão preponderante foi de que a crise nos países desenvolvidos terá efeitos sobre a economia brasileira: por um lado, de moderar o crescimento e, por outro, de conter a inflação. Assim, haveria abertura para o juro baixar.

A decisão foi elogiada pela indústria, que acredita que a redução vai contribuir no combate à crise e pelo comércio, que acredita que o BC pesou a desaceleração em sua decisão.

O mercado estava dividido sobre suas apostas para a reunião de hoje. Parte acreditava na estabilidade e outra falava em diminuição dos juros. De qualquer forma, não deixou de ser uma surpresa, pois o consenso dos analistas que esperavam uma queda apontava na direção de um corte menos expressivo, de apenas 0,25%.

A redução ocorre após cinco altas consecutivas e é a primeira no governo da presidente Dilma Rousseff - que ontem disse haver condições para a queda dos juros no país. A decisão veio depois de 4 horas e 15 minutos de reunião (das 16h15 às 20h30) e foi acompanhada de um comunicado atipicamente longo. A íntegra da nota do BC é a seguinte:

O Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 12,00% a.a., sem viés, por cinco votos a favor e dois votos pela manutenção da taxa Selic em 12,50% a.a. Reavaliando o cenário internacional, o Copom considera que houve substancial deterioração, consubstanciada, por exemplo, em reduções generalizadas e de grande magnitude nas projeções de crescimento para os principais blocos econômicos. O Comitê entende que aumentaram as chances de que restrições às quais hoje estão expostas diversas economias maduras se prolonguem por um período de tempo maior do que o antecipado. Nota ainda que, nessas economias, parece limitado o espaço para utilização de política monetária e prevalece um cenário de restrição fiscal. Dessa forma, o Comitê avalia que o cenário internacional manifesta viés desinflacionário no horizonte relevante.

"Para o Copom, a transmissão dos desenvolvimentos externos para a economia brasileira pode se materializar por intermédio de diversos canais, entre outros, redução da corrente de comércio, moderação do fluxo de investimentos, condições de crédito mais restritivas e piora no sentimento de consumidores e empresários. O Comitê entende que a complexidade que cerca o ambiente internacional contribuirá para intensificar e acelerar o processo em curso de moderação da atividade doméstica, que já se manifesta, por exemplo, no recuo das projeções para o crescimento da economia brasileira. Dessa forma, no horizonte relevante, o balanço de riscos para a inflação se torna mais favorável. A propósito, também aponta nessa direção a revisão do cenário para a política fiscal.

Nesse contexto, o Copom entende que, ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012.

O Comitê irá monitorar atentamente a evolução do ambiente macroeconômico e os desdobramentos do cenário internacional para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária."

Fonte: Valor Online

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