IOF estabeleceu piso para dólar, mas o que mais pesa é crise externa

Publicado em 13/09/2011 17:11
Há uma certeza no mercado sobre o câmbio: os negócios estão limitados às necessidades de exportadores e importadores de honrar seus compromissos. “É da mão para a boca”, diz o diretor da Pioneer Corretora, João Medeiros.

Também sobram incertezas. Uma é se haverá tempo hábil para o governo regulamentar a medida que estabelece alíquota de 1% sobre as operações com derivativos de câmbio na BM&FBovespa, que em tese teria recolhimento dia 5 de outubro. O Conselho Monetário Nacional (CMN) poderá fazê-lo na reunião do dia 29 próximo. Mas não há como cravar isso.

Segundo profissionais do mercado, o primeiro tranco mais forte no câmbio foi justamente o IOF de 1% sobre derivativos, decidido em 27 de julho. Antes, em março, o IOF com gastos com cartão de crédito no exterior já havia subido de 2,38% para 6,38%, assim como a alíquota de 6% para empréstimos de até 720 dias contraídos no exterior.

Estas iniciativas conjugadas ajudaram a fixar uma espécie de piso para o dólar na visão de Medeiros e de Davies Ribeiro, diretor de câmbio da Fair Corretora.

Mas sem dúvida o agravamento da crise de dívida soberana na zona do euro, com o consequente comprometimento da saúde financeira dos bancos, foi o fator predominante para que o dólar tenha engatado uma trajetória de alta, superando R$ 1,70 desde segunda-feira.

No mais, enfatiza Ribeiro, a avaliação de uma inevitável recessão nos Estados Unidos e na Europa, que certamente contagiaria outros países, foi o motor para que o real se desvalorizasse, o que, de resto, era um desejo do Ministério da Fazenda – até, claro, o ponto que não sabote totalmente o objetivo do controle da inflação.

A questão fundamental, diz Davies, “é que ninguém no mercado acredita que todas as soluções para os EUA e a Europa sejam definitivas. São paliativas”, afirma o diretor da Fair. Paira o risco do rebaixamento de risco de Portugal, Espanha e Itália, lembra Medeiros, além da dramática situação da Grécia. Isso sem contar a frágil posição dos bancos franceses.

Em relação ao estudo dos países dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) de engendrar um esquema para ajudar o continente europeu, ambos os profissionais são céticos.  No caso do Brasil, diz Medeiros, “o Banco Central perderia o controle de suas reservas”, ao comprar títulos dos mais combalidos países europeus.

De outro lado, complementa Ribeiro, “se a China, por exemplo, resolver comprar títulos europeus, certamente reduziria sua posição em papéis americanos”. Ou seja, acerta uma ponta e desarranja a outra.Medeiros não arrisca em quanto o dólar encerrará o ano. Ribeiro estima uma alta paulatina, até atingir R$ 1,80 no fim de dezembro.

Fonte: Valor Online

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