Ajuda do Brasil à Europa enfrenta barreiras

Publicado em 19/09/2011 13:24
As autoridades monetárias e financeiras do mundo se encontram nesta semana, em Washington, para a reunião anual do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, onde vão discutir a crise na zona do euro e a possibilidade de envolvimento dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) no financiamento dos governos em dificuldades.

O Brasil, aparentemente, se prontificou a participar de uma ação conjunta, mas o governo sabe bem que essa não é uma decisão simples. A regra básica do Banco Central na gestão das reservas cambiais é restringir os investimentos só a ativos de baixo risco ('AA' e 'AAA'). Fontes da área econômica alegam que o país não vai "sair aplicando nosso suado dinheiro em papel de alto risco".

O governo brasileiro também não vai descartar de pronto uma ideia que ainda sequer foi rascunhada. Avaliam-se, porém, algumas possibilidades.

Uma seria usar os cerca de R$ 15 bilhões do Fundo Soberano para participar de alguma operação de compra de títulos europeus, desde que com garantias inquestionáveis. O valor do fundo é pequeno, mas poderia compor algo maior junto com os demais emergentes.

Outra iniciativa que poderia ser considerada é o aumento da participação dos emergentes no FMI. Nesse caso, o Brasil, por exemplo, alocaria mais recursos em cotas da instituição. Dessa forma, o país estaria assumindo o risco FMI, que é baixo. E o fundo usaria o dinheiro para ajudar os países europeus em dificuldades.

Uma terceira hipótese plausível, segundo fontes do governo, seria o fundo de estabilidade financeira europeu emitir títulos com garantia dos governos mais sólidos da zona do euro, e os emergentes aplicarem um pedaço das suas reservas cambiais nesses títulos. Esse fundo funcionaria, assim, como uma espécie de precursor de um Tesouro comum do euro.

É uma alternativa que traria como pressuposto o aprofundamento da União Europeia, até então baseada apenas na unificação monetária, mas não fiscal. Essa seria uma solução mais estrutural, porém de complexa implementação dadas as diferentes posições das principais lideranças europeias.

O que não se pretende é mudar os critérios de gestão das reservas internacionais, atualmente de US$ 353 bilhões, para participar de um processo de ajuda aos governos da Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda e Itália, assumindo riscos inapropriados. Até porque, como explicou um assessor da área econômica, seria muito difícil para o governo explicar à sociedade que tem alguns bilhões de dólares para financiar governos estrangeiros, mas não tem recursos para aumentar o orçamento da saúde.

O país, que já concentrou 90% das reservas internacionais em títulos do Tesouro americano (em 2007), hoje tem uma política de gestão mais diversificada, porém conservadora. Atualmente, 81% das reservas estão em papéis do governo dos Estados Unidos. O euro, que chegou a representar 35% das aplicações do país, hoje corresponde a 4,5% do total. E desde 2009 o Banco Central começou a investir em outras moedas, como dólares canadense e australiano.

A rentabilidade que em 2008 chegou a 9,33%, caiu para 0,83% em 2009, no auge da crise financeira global. No ano passado, subiu um pouco, para 1, 82% e neste ano, segundo informações do BC, está em 4,9%, decorrente de taxa de juros e de valorização das moedas.

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Fonte:
Valor Econômico

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