Índios invadem 2 fazendas na região de Japorã e total chega a 14; Produtores contabilizam prejuízos

Publicado em 29/10/2013 10:36 e atualizado em 29/10/2013 16:49

Chegou a 14, o número de fazendas invadidas por indígenas na região de Japorã, município distante 477 quilômetros de Campo Grande. As áreas começaram a ser invadidas há aproximadamente 15 dias por índios da etnia Guarani-Kaiowá e em apenas uma delas, o proprietário conseguiu permanecer no local. De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Iguatemi, Hilário Parise, aproximadamente 300 índios de uma aldeia da região se revezam nos acampamentos, e não permitem sequer, a aproximação dos proprietários. 

“A última invasão ocorreu em 2003, foi quando a justiça concedeu uma liminar que beneficiava os índios com 10% das terras. Desde então, proprietários e índios esperam uma decisão judicial sobre a questão. Como nada foi feito, houve a reinvasão”, explica Hilário, ressaltando que a aldeia instalada na região possui aproximadamente 5 mil índios.

Leia a notícia na íntegra no site MS Record

Veja imagens:

Fotos: Thiago Tormena

Invasões Indígenas: Mato Grosso do Sul está uma terra sem lei, diz Famasul

“Mato Grosso do Sul se transformou em uma terra sem lei, onde o direito de propriedade e à segurança, garantidos pela Constituição Federal, são ignorados com invasões anunciadas e consumadas em série”. A afirmação é do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Sistema Famasul), Eduardo Riedel, referindo-se à tensão e violência geradas pelos indígenas no último final de semana. “Há uma omissão generalizada dos poderes constituídos, deixando um vácuo que põe em risco a ordem e a democracia brasileira”, completa o dirigente.
 
Armados com arco, flecha e foices, indígenas da etnia Guarani Kaiowá invadiram pelo menos nove propriedades privadas na zona rural de Japorã (MS) desde a última sexta-feira (25), causando destruição e gerando medo nas sedes das fazendas. De acordo com os produtores, os indígenas ordenaram a saída dos trabalhadores rurais das fazendas Chaparral e São José e armaram barracas, impedindo a retirada do gado das propriedades. Foram registrados boletins de ocorrência na delegacia de polícia de Mundo Novo.
 
A Polícia Federal esteve no local no último sábado, mas não houve acordo para que os índios se retirassem. Pelo contrário, na manhã de domingo os indígenas intensificaram invasões.  “O produtor rural fica a mercê dessa violência aberta, escancarada, completamente desprotegido diante da inoperância do Governo Federal, das polícias e da Justiça Brasileira”, afirma Riedel.
 
O proprietário da Fazenda São José, em Japorã, Ivagner Varago, invadida neste domingo, relata a ação violenta dos indígenas. “Entraram na propriedade, expulsaram meus funcionários e mataram gado. A situação está insustentável. Tenho receio que os produtores se unam para uma providência no mesmo nível”, afirma Varago.
 
Os indígenas da aldeia Porto Lindo, na região de Japorã, pretendem expansão da área de 1.649 hectares para 9.454, um aumento de 473%, terra que denominam Yvy Katu.

Sede da Fazenda Chaparral após invasão dos indígenas:

Famasul: Vizinhos de propriedades rurais invadidas se sentem ameaçados

Os vizinhos das propriedades rurais invadidas em Mato Grosso do Sul se sentem ameaçados com as ações dos indígenas. As queixas envolvem desde coação e ameaças até desaparecimento de animais. Um dos casos é o da Fazenda Campo Flor, localizada em Iguatemi, próxima à fazenda Cambará, invadida em agosto de 2011. De acordo com o administrador da Campo Flor, Domingos Borges Sorgatto, desde a invasão vários bovinos desapareceram da propriedade.

O administrador relata que, por estar a propriedade localizada entre a aldeia e a área invadida, os indígenas tumultuam o manejo, quebram cercas e fazem ameaças. "Eu fico inseguro de exercer o meu trabalho. Eles entram gritando com os animais até eles pularem a cerca, agem em bando e circulam o tempo todo dentro da propriedade", afirma.  Segundo Sorgatto, já foram realizados Boletins de Ocorrências junto à polícia civil relatando o desaparecimento de quatro cabeças de gado e o mesmo procedimento será feito agora na Polícia Federal.

Também com propriedade próxima à fazenda Cambará, Paulo Schemberger, dono da Fazenda Campo Flor da Lagoa, se diz intimidado com a presença dos indígenas. "Quando preciso passar pelo caminho próximo  à área invadida e os encontro reunidos, fico receoso com a abordagem. Além disso, eles têm o costume de jogar pedras nos veículos", ressalta o produtor. As duas propriedades citadas estão fora da área pretendida pela Funai.

Em reunião entre produtores e dirigentes da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Sistema Famasul), a proprietária da Fazenda Quitandinha, Dalva Malaquias Ferreira, de Dois Irmãos de Buriti, fez um relato das constantes ameaças, furtos e intimidações dos indígenas em sua propriedade. "Eu não tenho sossego. Os indígenas capturam meu gado, dão tiro, carneiam e levam meus animais. Já acionei a Força Nacional por duas vezes e a recomendação que tive era para levar os animais para outra área e tomar cuidado. Ou seja, eu não tenho para quem pedir ajuda", desabafou.

De acordo com as informações do Sistema Famasul, atualmente existem 79 propriedades invadidas em MS. Deste total, 21 foram invadidas depois de acordo firmado entre produtores e indígenas com Ministério da Justiça, pelo qual os últimos se comprometeram em não promover novas invasões.

Diante da morosidade do Governo Federal em resolver os impasses fundiários, os produtores rurais de MS fixaram o prazo de 30 novembro para que seja apresentada pelo Governo Federal proposta de ação concreta para os litígios de terra no Estado. A partir da data, serão retomadas as ações e medidas para o cumprimento das decisões judiciais e o setor vai se retirar da mesa de negociação.

Fazenda Cambará

A fazenda Cambará, pertencente ao produtor Osmar Bonamigo, foi invadida no dia 08 de agosto de 2011 por um grupo de índios guarani kaiowá. Em setembro de 2012, a Justiça Federal em Naviraí determinou reintegração de posse da fazenda, mas os indígenas permanecem na área.

Confira abaixo fotos enviadas pelo presidente do Sindicato Rural de Iguatemi, Hilário Parisi:

Fonte: MS Record + Famasul

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