Crise em Humaitá: Sexto dia de buscas termina sem pistas. Procurando no lugar certo?
Terminou sem pistas o sexto dia de buscas pelos três homens que desapareceram na rodovia Transamazônica em 16 de dezembro, no sul do Amazonas, segundo a Polícia Federal de Rondônia. O funcionário da Eletrobras Aldeney Salvador, o representante comercial Luciano Ferreira e o professor Stef de Souza sumiram quando passavam pela Transamazônica, em trecho que atravessa a reserva indígena, a cerca de 150 km de Humaitá.
Moradores afirmam que os homens foram sequestrados em um dos postos de pedágio ilegal mantidos pelo índios na Rodovia Transamazônica e assassinados em resposta à morte do cacique Ivan Tenharim, morto no início de dezembro em um acidente de moto. Funcionários da Funai afirmam que ele foi assassinado, embora a polícia trate o caso como um acidente de trânsito.
As ilações da Funai acerca do assassinato do cacique revoltaram os índios levando ao sequestro dos três homens. Foi o estopim do conflito étnico na região que resultou na destruição dos prédio da Funai e Funasa e de vários veículos das duas fundações.
A força-tarefa, formada por homens do Exército e da Polícia Federal, realiza buscas na reserva indígena tenharim marmelos, próxima aos municípios de Humaitá e Manicoré, ambos no Estado do Amazonas, e está baseada na comunidade de Santo Antônio de Matupi, em Manicoré.
A força contra duas das três entradas/saídas da Terra Indígena e concentra as buscas no entorno da BR 230 onde o veículos utilizados pelos homens desaparecidos foi visto pela última vez. O palpite da equipe do Questão Indígena é que o Exército está procurando no lugar errado.
Palpite da equipe do Questão Indígena para a localização dos desaparecidos no sul do Amazonas
Uma breve análise feita pela Equipe do Questão Indígena mostra que existem apenas três entradas na (ou saídas da) Terra Indígena Tenharim. Duas são muito utilizadas pela população local e estão sendo controladas pelo Exército. Nosso palpite é que os três homens, ou seus corpos, e o veículo foram retirados da Terra Indígena pela outra saída, através da Rodovia do Estanho, e estão do outro lado do Rio do Branco em algum lugar dentro do Parque Nacional dos Campos Amazônicos.
Além da Rodovia Transamazônia (BR 230), que corta a Terra Indígena no sentido leste-oeste, há a antiga Rodovia do Estanho que parte do km 150 da BR 230, onde está uma das barreiras do Exército, no sentido sul. A estada sai da Terra Indígena Tenharim ao atravessar uma ponte precária sobre o Rio Branco. Do outro lado do rio há o Parque Nacional dos Campos Amazônicos, uma terra de ninguém sob responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e cheia de antigas fazendas abandonadas. Depois de atravessar o parque a Estada dá acesso à Terra Indígena do Igarapé Preto, também dos índios Tenharim.
O palpite da equipe é que a única forma de retirar um veículo do interior da Terra Indígena Tenharim sem chamar atenção seria pela rodovia do Estanho até algum lugar ermo dentro do Parque Nacional. As outras duas saídas são visíveis demais mesmo antes do controle das forças do estado. Os índios devem conhecer bem a estrada em função do tráfego entre as duas terras indígenas.
A força tarefa do Governo concentra as buscas no entorno da BR 230, entre o km 150 e o km 136, onde o carro dos desaparecidos foi visto pela última vez no dia 16 de dezembro. As buscas pelos três homens só começaram depois da revolta popular em Humaitá no Natal. Houve um intervalo de 8 dias entre o desaparecimento e o início das buscas, tempo suficiente para o carro e os homens serem retirados sem alarde pela Rodovia do Estanho.
É claro que o carro e os três homens podem estar escondidos dentro da Terra Indígena, mas nosso palpite é que estão no Parque Nacional dos Campos Amazônicos.
Crise em Humaitá: Nem sinal dos três desaparecidos. Indígenas se recusam a auxiliar nas buscas
As buscas pelos três homens desaparecidos desde 16 de dezembro quando cruzavam a reserva indígena continuavam sem sucesso. Durante o dia circularam boatos em redes sociais dando conta de que os corpos teriam sido encontrados mas estariam escondidos para evitar o acirramento nos ânimos em Humaitá. O advogado das famílias dos desaparecidos, Carlos Terrinha, informou que até a tarde desta quinta-feira (02) não havia indício dos três homens - o professor Stef Pinheiro, o comerciante Luciano Ferreira Freire e o técnico Aldeney Ribeiro Salvador.
Os três homens foram desapareceram dentro da Terra Indígena Tenharim. Eles teriam sido mortos pelos índios em represália à morte do cacique Ivan Tenharim. Para a polícia, o cacique se acidentou com sua moto, mas para os índios ele teria sido atropelado. De acordo com um boato que corre em Humaitá um pagé teria visto em um sonho que o cacique foi atropelado por um carro preto, semelhante ao sado pelos três homens desaparecidos.
De acordo com o advogado, de terem garantido à Polícia Federal que ajudariam na busca pelos desaparecidos, os caciques indígenas não estariam colaborando com as investigações. As buscas das forças federais ocorrem a partir do km 130 da rodovia Transamazônica (BR-230), onde o automóvel Gol de cor preta no qual viajavam os desaparecidos teria sido avistado pela última vez.
O prefeito de Humaitá, José Cidinei Lobo do Nascimento (PMDB), enviou nesta quinta-feira, 2, um apelo ao Exército para que seja garantida assistência aos índios da Terra Indígena Tenharim Marmelos. Segundo ele, desde que as instalações e veículos da Fundação Nacional do Índio (Funai) na cidade foram incendiadas por uma revolta popular no último dia 25, os indígenas, que já não vivem mais da caça nem da pesca, estariam privados de remédios e alimentos. O pedido seria reforçado em contato do prefeito com o general Ubiratan Poty, comandante da 17ª Brigada do Exército em Porto Velho, na noite desta quinta-feira. O general retornou à cidade em razão do clima tenso que ainda persiste na região.
0 comentário
Audiência sela acordo de conciliação que envolve demarcação de terras no Mato Grosso do Sul
FPA: Lucio Mosquini defende continuidade do debate de conciliação no STF sobre o Marco Temporal
Tereza Cristina: Marco Temporal possibilita paz no campo e segurança jurídica
Produtor Rural de Douradina/MS nega ataque aos indígenas e diz ter “medo das instituições brasileiras"
Sítio em Douradina/MS tem decisão favorável sobre reintengração de posse após invasão indígena
Conflitos em áreas invadidas por indígenas se intensificam em MS e no PR; autoridades se reúnem