Questão Indígena: Índios deixaram de ser apenas vítimas e passaram a ser agentes da violência no campo, diz relatório da CPT

Publicado em 28/04/2014 12:37 e atualizado em 30/04/2014 07:11

Os índios deixaram de ser apenas vítimas da violência no campo e passaram a ser protagonistas de ações violentas, segundo relatório Conflitos no Campo 2013 apresentado hoje (28) pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). De acordo, em 2013 "as populações tradicionais não foram simplesmente vítimas de ações violentas. O relatório destaca as ações de invasão de propriedades rurais na Bahia e no Mato Grosso do Sul. As ações de "retomada", eufemismo usado no relatório para invasão de propriedade por índios, foram 20 na Bahia e 30 no Mato Grosso do Sul. Esses fatos "desconstroem a noção de passividade dessas populações", diz o relatório.

O texto não chega a mencionar os três não índios assassinados por índios tenharim no conflito ocorrido no sul do Amazonas no final do ano passado. O relatório também não menciona os agricultores Juraci Santana, assassinado no bojo do conflito indígena no sul da Bahia, nem o também agricultor, Arnaldo Alves Ferreira, assassinado por índios guarani no Mato Grosso do Sul.

A expulsão de pequenos agricultores pelas operações de desintrusão das terras indígenas Marãiwatsédé, no Mato Grosso, e Awá-Guajá, no Maranhão, também não são mencionadas no relatório. 

Babau está preso por suspeita de envolvimento em assassinato, não por ser índio, lembra CNA

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) acaba de divulgar nota oficial na qual chama atenção para o fato de que Rosivaldo Ferreira da Silva, o cacique Babau, está preso por suspeita de participação no assassinato de uma agricultor. De acordo com a nota, a CNA diz assistir com apreensão as ameaças feitas por entidades indígenas do Mato Grosso do Sul que se insurgiram contra a prisão de Babau. Na semana passada, um grupo de organizações indígenas ameaçou retomar ações de invasão de propriedades no Mato Grosso do Sul caso Babau não fosse solto até hoje, 28 de abril. 

"É fundamental salientar que os motivos da prisão não guardam qualquer relação com causas indígenas", dia a nota da CNA. "O crime investigado é a participação do suspeito no assassinato de Juracy dos Santos Santana, um pequeno agricultor familiar do sul da Bahia que chegou a pedir, em vão, proteção ao Ministério da Justiça", completa a nota assinada pela Presidente, Katia Abreu. 

A CNA alerta para o risco ao estado de direito que representam as ameaças feitas pelas entidades indígenas. "Essas entidades não podem ameaçar a sociedade brasileira impondo prazo para que o Poder Judiciário revogue uma decisão prevista no ordenamento jurídico", diz a nota. "Trata-se de atitude própria de quem ignora a lei e os valores da democracia incitando a violência. Onde não há justiça, reina a barbárie!", diz a nota. 

Embora tenha como foco a ameaça das organizações indígenas do Mato Grosso do Sul, a nota da CNA bem poderia ser uma resposta ao presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Dom Erwin Kräutler. Kräutler disse hoje que foi uma "tremenda lástima" que Babau tenha sido impedido de comparecer ao encontro com o Papa Francisco armado por ele. 

Kräutler e os indigenistas agem como se Babau estivesse preso por ser índio, ou por ousar denunciar desmandos do governo na questão indígena. Katia Abreu faz muito bem em lembrar a todos que Babau está preso por suspeita de envolvimento no assassinato de uma assentado da reforma agrária. 

Índios dizem que novas invasões em Sananduva-RS são para pressionar o Governo

A página oficial do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organização ligada à igreja católica que apoia invasões de terras por indígenas, acaba de informar que as novas invasões em Sananduva, ocorridas durante o final de semana, são para pressionar o Governo a demarcar terras no Rio Grande do Sul. O Cimi avisa que se sangue for derramado, a responsabilidade é do Governo Federal. De acordo com informações do Cimi, índios Kaingang da TI Passo Grande do Rio Forquilha, localizada no município de Sananduva (RS) ocuparam a capela da comunidade de Bom Conselho e parte da sede onde residem alguns pequenos agricultores.

Os índios anunciaram de forma definitiva que não sairão mais do local. Numa ação coordenada, indígenas de outras aldeias Kaingang como TI Kandóia, localizada no município de Faxinalzinho e a TI Rio dos Índios, localizada no município de Vicente Dutra passaram a trancar rodovias vicinais de acesso isolando as sedes dos município. A ação atinge também o município de Chapecó, em Santa Catarina.

Os índios dizem que demarcarão as terras e expulsarão os agricultores com as próprias mãos se suas demandas não foram atendidas imediatamente. Os índios exigem a conclusão da demarcação e a expulsão dos colonos não indígenas das áreas kaingang de Passo Grande do Rio Forquilha, Kandóia e Rio dos Índios; assim como as áreas guarani de Irapuá, em Caçapava do Sul.

Em sua página o Cimi "reitera seu irrestrito apoio aos povos indígenas. O Cimi diz ainda que, se houverem conflitos, todo sangue indígena derramado será responsabilidade do Governo Federal, especialmente do ministro da Justiça.

Nós do Questão Indígenas ficamos imaginando de quem será a responsabilidade pelo sangue não indígena derramado. 

Índios invadem e isolam comunidade em Sananduva, Rio Grande do Sul 

Índios invadem e isolam a comunidade de Bom Conselho, em Sananduva, no norte do Rio Grande do Sul. Os indígenas chegaram em ônibus e veículos, cortaram a energia elétrica das residências e trancaram os acessos à comunidade.

A Brigada Militar de Sananduva se negou a atender o pedido dos moradores de providências, porque não teria efetivo suficiente. O Batalhão de Operações Especiais de Vacaria também se recusou a atender os pedidos de socorro.

A população está por sua própria conta.

Fonte: Blog Questão Indígena

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