Dilma deve tirar Gilberto Carvalho e colocar Miguel Rossetto, e quer Katia Abreu no MAPA

Publicado em 28/10/2014 17:26 e atualizado em 29/10/2014 10:58
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O jornal O Globo informa hoje que o gaúcho Miguel Rossetto, ex Ministro do Desenvolvimento Agrário nos governo Lula e Dilma, pode ser remanejado para a Secretaria-Geral da Presidência, cargo hoje ocupado por Gilberto Carvalho, que deverá deixar o governo. Ainda de acordo com O Globo, a presidente sinalizou que gostaria de levar a senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura, para o Ministério da Agricultura, mas enfrentará resistências dentro do próprio PMDB, atual partido de Abreu.

Se confirmadas, as duas nomeações favorecerão o deslinde de uma solução final para a Questão Indígena.

Durante o Governo Lula, Rossetto atuou junto ao então Ministro da Justiça, Marcio Tomáz Bastos, em favor de agricultores cujas áreas estavam sendo demarcadas como indígenas. Como hoje, muitos pequenos produtores rurais estavam sendo expulsos em decorrência de novas demarcações sem previsão de assistência por parte do Governo. Ao contrário de Gilberto Carvalho, Rossetto trabalhou por essas pessoas.

Em 2003, Rossetto e Bastos estabeleceram uma parceria para qualificar os processos de demarcação de terras indígenas incluindo nesses processo o reassentamentos das comunidades não índias que deixarem as terras após demarcação. "Sair de uma situação de tensão permanente, onde os processos demarcatórios que implicam na retirada das comunidades não indígenas dessas áreas, não se dá de uma forma desarticulada. Isso tem criado muita tensão", observou naquele momento o ministro Rossetto.

Demarcar e retirar agricultores de forma desarticulada foi tudo o que fez Gilberto Carvalho. Da Secretaria-Geral, Carvalho e o indigenista Paulo Maldos coordenaram duas operações de expurgo étnico de áreas demarcadas pela Funai no Mato Grosso e no Maranhão. Juntas, as duas operações resultaram na expulsão violenta de milhares de famílias pobres de suas terras. Uma delas resultou na maior votação do Brasil a Aécio Neves.

Logo depois do anúncio oficial da reeleição de Dilma Rousseff, Gilberto Carvalho disse que o Governo deveria dar uma guinada à esquerda e acelerar a demarcação das terras indígenas. Veja aqui.

Na mesma direção foi o Secretário-Executivo do Cimi, Cleber Buzatto. Depois de passar quatro anos batendo no Governo, o Cimi diz que ajudou a reeleger Dilma e cobra a fatura pedindo que o Executivo retome as demarcações. Veja aqui.

Por outro lado, a nomeação da Senadora Katia Abreu para o Ministério da Agricultura daria à presidente da CNA grande influência junto à Presidente Dilma Rousseff. Feudo do PMDB, a pasta da Agricultura tem sido ocupada por deputados inexpressivos, pouco atuantes e sem qualquer poder de influência nas decisões do Governo.

Na opinião do editor do Blog Questão Indígena, "apesar das críticas que tem recebido de parte do setor rural em decorrência de sua aproximação com o PT, a Senadora Katia Abreu pode dar ao agronegócio algo que ele perdeu há décadas: poder de influência direta nas decisões do Executivo".

Outra pasta que terá ter grande influência no tema é o Ministério da Justiça, que deve permanecer sob o comando do atual Ministro, José Eduardo Cardozo. Assim como Miguel Rossetto e Katia Abreu, Cardozo também conhece de perto o problema vivido pelos agricultores cujas áreas são demarcadas pela Funai.

Caso queiram, os três podem fazer a diferença na luta dos agricultores não indígenas contra os abusos da Funai e dos indigenistas.

Veja matéria do O Globo: Dilma articula primeiros nomes para o ministério

Foto: Montagem a partir das imagens de José Cruz (Gilberto Carvalho) e Walter Campanato (Katia Abreu), ambos da Agência Brasil

Fonte: Blog Questão Indígena

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