Funai inicia estratégia para criar Mega Terra Indígena em zona agrícola do Mato Grosso
Foi publicado no Diário Oficial de hoje a Portaria da Funai nº 1238 constituindo mais um Grupo de Trabalho com o objetivo de iniciar nova demarcação no Mato Grosso. De acordo com o texto a nova terra indígena se chamará Roro-Walu e é tradicionalmente ocupada por índios Ikpeng. A criação de grupos de trabalhos isolados em dadas diferentes esconde uma estratégia do indigenismo para criação de uma mega terra indígena no coração da área agrícola do Mato Grosso. A nova área deve ficar no município de Paranatinga e pode unir várias outras terras indígenas já demarcadas e outras ainda em estudo na região.
Antes da ocupação agropecuária da região sul do Mato Grosso, a área era disputada a golpes de borduna e flechadas entre índios ikpeng, bakairi, bororo e as hordas xavantes vindas do leste. A região onde fica a Terra Indígena Barambubure e outras terras indígenas da região resultam da demarcação em ilhas de uma área que, como o resto do Brasil, foi toda ocupada por índios.
Depois da decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a Terra Indígena Raposa Serra Sol, que determinou a demarcação em área contínua de várias terras indígenas ocupada por etnias diversas, o indigenismo iniciou uma estrategia para unificar as áreas já demarcadas para os xavante e bororo na região sul do Mato Grosso.
A própria Terra Indígena Parambubure já foi ampliada duas vezes e já há outros quatro estudos de ampliação. A portaria publicada hoje pode resultar em mais uma terra indígena demarcada em ilha e deve sustentar uma futuro pedido de unificação em área contínua com o precedente do Supremo Tribunal Federal no caso Raposa Serra do Sol.
A região onde ficam hoje as cidades de Paranatinga e Campinápolis é ocupada por milhares de agricultores, grandes e pequenos, além de abrigar vários assentamos da Reforma Agraria. Preparem-se. Podemos estar diante na nova Raposa Serra do Sol.