Índios protestam para tirar do Congresso poder de homologar terras indígenas

Publicado em 05/12/2014 07:08 e atualizado em 05/12/2014 18:30

Flechas, corridas de toras, danças e cantos tradicionais deram o tom da manifestação que reuniu nesta quinta-feira (4) 50 indígenas dos povos Apinajé, Krahô, Kanela do Tocantins, Xerente, Krahô Kanela e Karajá de Xambioá, todos do Tocantins. Na Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto, os índios protestam contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere ao Congresso a prerrogativa de homologação de terras indígenas.

“Estamos aqui para defender nossas terras, a demarcação [de terras indígenas] e para dizer à presidenta Dilma Rousseff que não precisamos de PEC 215. Viemos para dizer isso no Senado e na Câmara dos Deputados. Lutaremos até o fim para que a PEC seja engavetada”, informou o índio Wagner Krahô Kanela.

Os indígenas também protestaram contra a indicação da senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)  e integrante da bancada ruralista no Congresso, para o Ministério da Agricultura. Uma foto de Kátia com a presidenta Dilma serviu de alvo e foi crivada de flechas.

“A senadora Kátia Abreu não foi eleita com nosso voto. É uma vergonha colocá-la no Ministério da Agricultura”, disse Wagner. “A Kátia Abreu não é dona da terra. Não somos nós, indígenas, os donos da terra. Precisamos viver em paz”, completou a indígena Gercina Krahô. De acordo com o Palácio do Planalto, ainda não há qualquer confirmação sobre quem vai assumir a pasta.

A manifestação ocorre pacificamente na Praça dos Três Poderes. Representantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o objetivo dos índios é passar a noite no local. Eles armaram, inclusive, uma pequena tenda com galhos e folhas, reforçando a intenção de ficar por várias horas em frente ao Palácio do Planalto.

Leia também:

>> Foto de Kátia Abreu é alvo de flechadas de índios no DF

No Blog Questão Indígena

Terra Arrasada: Índios deixam sede da Fazenda Cambara, no MS, após três anos

Cumprindo acordo feito na justiça, o grupo de índios guarani-kaiwá que ocupa a Fazenda Cambará, em Iguatemi (MS) há três anos deixaram a sede da propriedade nesta quinta-feira (4). Mas o impasse sobre a área continua.

Desde 2011, cerca de 250 índios guarani ocupam uma parte da área de Reserva Legal da fazenda Cambará, que tem 760 hectares. Em fevereiro de 2014, eles avançaram, invadiram a sede da propriedade e expulsaram os funcionários. No dia 13 de novembro, um acordo entre os índios e o dono da propriedade determinou um prazo para que o local fosse desocupado. 

Nesta quinta-feira o grupo de índios deixou a sede do imóvel e seguiu para uma área de 100 hectares, dentro da fazenda, cedida pelo dono da propriedade em regime de comodato. 

Segundo o acordo, até que processo chegue a uma solução, os índios podem construir casas e plantar nessa área preestabelecida. 

Na manhã desta quinta-feira, o produtor rural Osmar Banamigo esteve pela primeira vez, desde fevereiro, na sede do seu imóvel. Segundo ele, a propriedade foi parcialmente destruída pelos índios. 

Peritos da Polícia Civil também estiveram no local para constatar eventuais depredações feitas no imóvel.

Fonte: Agência Brasil/Questão Indígena

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Indígenas voltam a defender demarcação de territórios em evento na Câmara dos Deputados
Marco Temporal: "Decisão de Gilmar Mendes é mais uma vitória importante" e garante constitucionalidade da lei, afirma Lupion
STF suspende tramitação de todas as ações judiciais sobre Lei do Marco Temporal
FPA se manifesta sobre busca da PGR por derrubada do Marco Temporal das Terras Indígenas
FPA se posiciona sobre decisão do STF em relação às demarcações em Guaíra/PR