Mato Grosso lidera focos de ferrugem asiática

Publicado em 11/01/2012 15:57
A velocidade de disseminação do fungo causador da ferrugem asiática em Mato Grosso impressionou o setor produtivo. O estado registrou até a segunda-feira (9), 14 focos da doença espalhados pelas lavouras de municípios como Sinop, Tapurah, Primavera do Leste, Querência, Campo Verde, Lucas do Rio Verde, Sorriso e Campos de Júlio. Na avaliação do presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja-MT), o produtor precisa estar atento e combater o problema.

O município de Campos de Júlio, a 692 quilômetros de Cuiabá, foi o último a ser incluso na lista das localidades atingidas pela ferrugem asiática. A confirmação deu-se mediante laboratórios credenciados junto à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). "A incidência está voraz e a ferrugem apareceu com 20 a 30 dias de antecedência. A disseminação do fungo está acontecendo muito rapidamente porque o clima está propício", declarou Fávaro ao G1.

O início da colheita da soja, que até o último dia 5 de janeiro alcançou 0,4% dos 6,9 milhões de hectares reservados à oleaginosa, ou quase 28 mil hectares, pode favorecer o cenário. "A colheita é um fator de disseminação dos esporos e aí temos a celeridade da infestação quando o clima se tornou propício", salientou o presidente da entidade que congrega os produtores de soja.

Quem tradicionalmente semeou as variedades de ciclo tardio e ainda tem a soja no campo deve ser a principal vítima da ferrugem, conforme avalia Carlos Fávaro. "Quem plantou a precoce e já colhe tem perdas menores, mas a colheita está disseminando o fungo", manifestou. De acordo com o consórcio anti-ferrugem, desenvolvido pela parceria entre Embrapa e demais instituições, em cerca de uma semana o número de casos da doença saltou de um para 14. No estado, os "estádios" da doença variam dos níveis R-1 ao R-5. Eles indicam, por exemplo, em que fase do desenvolvimento da soja a planta foi atingida.

Com os 14 casos, Mato Grosso que detém a maior produção de soja no Brasil ocupou o topo da lista das unidades federadas que mais concentram ocorrências do problema. No Brasil foram 36 incidências da doença, atingindo, além de Mato Grosso, o Paraná (11), Goiás (6), Rondônia (3), Minas Gerais e Distrito Federal (1 cada).

O gerente-técnico da Aprosoja em Mato Grosso, Nery Ribas, diz que o desafio do produtor é conciliar os trabalhos de prevenção e combate à ferrugem em meio às chuvas. "A chuva tem persistido. Isto dificulta o tratamento e aplicação dos fungicidas. Às vezes, faz com que o trator não entre [na plantação], em outras o produto não funciona.

Conforme o consórcio anti-ferrugem, o fator clima pode contribuir para a existência de um risco muito alto para o estabelecimento de epidemias, especialmente nos estados de Mato Grosso, Goiás, onde já foram registrados focos de ferrugem.

O informativo de risco elaborado pelo consórcio salienta que mesmo diante dos casos de ferrugem verificados no país, o número de relatos continua similar aos padrões de dispersão das epidemias em três safras anteriores (2007/08, 2008/09 e 2010/11). Desde que as entidades iniciaram o monitoramento da ferrugem a safra atual tem apresentado o menor número da doença para o período, no comparativo com as demais safras.

A tendência, de acordo com a pesquisadora Claudine Seixas, da Embrapa Soja, é a ferrugem aumentar, especialmente na região abrangida pelo Cerrado, onde o clima tem acentuado a disseminação do fungo.

"É surgirem novos focos, a tendência. Mas eles não significam perdas [imediatas], porque como os agricultores têm essa informação disponível de que a doença está presente, eles podem fazer as aplicações de fungicida para evitar", declarou, ao G1.

Estabilidade

Se por um lado os casos de ferrugem em Mato Grosso cresceram em questão de uma semana, no Paraná, importante produtor da oleaginosa no país, eles mantiveram-se estáveis para o mesmo período: somam 11. A explicação para isso está associada ao clima verificado no estado, que sofre com a estiagem.

"Cada safra ocorre em uma realidade diferente. Essa diferença que estamos vendo e a situação do sul paralisada mostra que a condição climática é primordial. No Paraná, o maior problema tem sido a estiagem, que não favorece [ao desenvolvimento] a ferrugem", frisou a pesquisadora.

Produção

Juntos, Mato Grosso e Paraná respondem pelo maior volume de soja produzida no país. A estimativa é que nesta safra 2011/12 somente Mato Grosso alcance 20,9 milhões de toneladas, de acordo com a previsão divulgada nesta terça-feira (10) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Já o Paraná pode chegar a 13,1 milhões de toneladas.

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Fonte:
G1

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