Soja opera sem direção com plantio na América do Sul e demanda

Publicado em 20/11/2013 11:19

Os fundamentos para a soja ainda muito positivos, principalmente sobre a demanda bastante aquecida, e o avanço do plantio da oleaginosa na América do Sul têm trazido volatilidade ao mercado interncional e tirando o direcionamento dos preços na Bolsa de Chicago. 

De um lado, os investidores observam a agressiva procura pela soja norte-americana, enquanto as exportações e embarques no país acontecem em um ritmo bastante acelerado, atingindo níveis recordes. Além disso, esperando por preços melhores, os produtores locais se mantém mais contidos em suas vendas, reduzindo a pressão da oferta e apostando em momentos mais oportunos para a comercialização mais adiante. Nesse momento, com a colheita finalizada, os Estados Unidos são o único fornecedor com soja disponível e mais competitiva, cenário que permite esse movimento por parte dos sojicultores, que aguardam também prêmios melhores para o seu produto. 

Segundo explicou o analista de mercado João Schaffer, da Agrinvest Commodities, os fundos e até mesmo os produtores realizam vendas com maior volume ao passo em que vêem os preços se posicionando na casa dos US$ 13/bushel. "O produtor começa a vender, começa a entregar esse produto fisicamente, e nós vemos, portanto, uma leve queda nos basis (prêmios) internos americanos, mas nada que cause alterações muito grandes".  

Ao mesmo tempo, o plantio na América do Sul, até o momento, evolui de forma positiva e satisfatória na maior parte das regiões produtoras. As primeiras avaliações apontam que as lavouras recém plantadas no Mato Grosso, principal estado produtor brasileiro, estão em boas e excelentes condições e o impacto de pragas e doenças ainda é pouco expressivo nas perspectivas para o resultado final da safra. Somente em algumas regiões como o Oeste da Bahia é que falta chuva para que os trabalhos de campo sejam concluídos. 

Na Argentina, depois de uma preocupante seca, as expectativas agora são de uma safra recorde de 55 milhões de toneladas, com uma área também recorde de 20,65 milhões de hectares. Essas previsões otimistas são resultado de chuvas significativas que chegaram a importantes regiões de produção de grãos no país no último final de semana. As precipitações fizeram com que o solo atingisse níveis adequados de umidade para que se desse andamento ao plantio da nova safra. 

Frente a esse quadro entre Estados Unidos e América do Sul, os principais exportadores de soja da atualidade, o mercado de Chicago opera de lado, esperando por informações mais concretas para que os traders possam se posicionar. Com isso, o contrato janeiro/14, o mais negociado nesse momento, trabalha em um intervalo entre US$ 12,60 e US$ 13 por bushel, segundo analistas. 

"Mais de 86% do total projetado pelo USDA para exportação já vendidos, essas vendas ainda podem ser substituídas e voltar a demanda para a safra sulamericana que, até o momento, não conta com nenhum problema climático. Está chovendo de acordo, a temperatura está de acordo e o plantio está em um ritmo considerável", diz Schaffer. 

O analista acredita, portanto, que o mercado ainda encontre espaço para subir frente à essa demanda e até que comece a entrada e exportação da soja sulamericana, o que poderia acontecer, no entanto, é que o Brasil continue sofrendo com problemas logísticos, o que poderia comprometer o avanço dos prêmios nos portos brasileiros.

Assim, Schaffer diz ainda que mais adiante e com preços em alta, o produtor brasileiro poderia encontrar melhores momentos de venda. "Nós estamos vendo os produtores mais capitalizados, realizando poucas vendas futuras, então, o bom seria aproveitar os momentos positivos, com prêmios elevados e Chicago em alta".

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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