Soja: Janeiro de 2014 é o de melhor preço dos últimos 4 anos no Brasil

Publicado em 20/01/2014 14:55 e atualizado em 10/03/2020 13:49

Um levantamento feito pela Safras & Mercado mostrou que os preços da soja no mercado brasileiro estão 5% mais altos nessa primeira quinzena de janeiro do que os praticados no mesmo mês de 2013. O estudo mostrou que, no Paraná, as cotações estão entre R$ 60 e R$ 65 por saca e, no Mato Grosso, de R$ 50 a R$ 55. 

"Esse é o melhor janeiro para os preços da soja nos últimos anos", afirmou o economista da Granoeste Corretora, Camilo Motter, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta segunda-feira (20). O analista diz que um alinhamento de fatores positivos tem criado esse cenário comercial favorável para os produtores brasileiros de soja.

>> Entrevista com Camilo Motter 

A tendência, segundo analistas, é de que esses preços continuem remuneradores este ano e de que mais e melhores oportunidades de vendas possam vir mais adiante. Frente a isso, há ainda 75% da safra 2013/14 para ser vendida.

No Porto de Paranaguá, a soja tem sido negociada na casa dos R$ 66,00 e, no de Rio Grande, o valor de referência é de R$ 69,90. Já o preço de balcão da soja, no Oeste do Paraná, por exemplo, varia entre R$ 62,00 e R$ 63,00. No ano passado, esse valor variava entre R$ 54 e R$ 55; em 2012, de R$ 42 a R$ 43 e, em 2011, de R$ 45,00 a R$ 46,00. 

Para Motter, essa boa evolução das cotações reflete, além dos fundamentos de oferta e demanda, a favorável taxa de câmbio. Paralelamente aos ganhos do preço da soja no mercado físico, nos últimos quatro anos, o valor do dólar  também subiu significativamente e passou, de 2011 para 2014, de R$ 1,68 para R$ 2,38. Aliado a isso, os prêmios também são positivos - com 50 centavos de dólar acima do preço praticado em Chicago -, enquanto que, no ano passado, estavam zerados ou até mesmo negativo. 

Isso acontece uma vez que, em Chicago, o andamento dos preços nem sempre foi positivo. Em janeiro desse ano a média do mês é de US$ 13,20, de 2013 de US$ 13,80; em 2012, US$ 12,20 e em 2011 US$ 13,80. "Se olharmos a taxa de câmbio ou os outros componentes que formam o preço interno, eles estão mais do que compensando esse preço mais equilibrado em Chicago", explica o economista. 

Abaixo, veja a tabela comparando os preços da soja no Oeste do Paraná, em Chicago e a taxa de câmbio:

A demanda mundial pela soja se mantém e continua sendo o pilar de sustentação para o mercado da soja de uma forma geral. Os Estados Unidos têm estoques historicamente baixos nesta safra e, consequentemente, a procura pela oleaginosa deverá se voltar, logo mais, para a América do Sul. 

Para o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, a demanda deverá ser forte não só por parte de importadores tradicionais como a China, por exemplo, mais também de exportadores, como os Estados Unidos, já que sua meta de exportações já foi batida e o país poderá ter que importar a commodity para cumprir seus compromissos. 

"Estamos começando mais um ano positivo para os produtores brasileiros. Provavelmente, a partir de abril e maio, os americanos deverão comprar soja na América do Sul, porque esse ano eles já exportaram 41 milhões de toneladas de soja enquanto a projeção do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) era 40,7 milhões. Eles estão há 7 meses do fim do ano comercial e já estouraram o limite, isso vai obrigar as importações porque os estoques norte-americanos nesse momento projetam os menores níveis em 30 anos", diz Brandalizze. 

>> Entrevista com Vlamir Brandalizze 

As vendas antecipadas de soja, nessa safra, acontecem em um ritmo bem menor do que o que foi registrado na temporada 2012/13. "Este ano, as vendas foram boas. Mas, a partir de uma expectativa de safra e de preços, o produtor começa a participar do mercado e vai participando até a colheita", explica Camilo Motter. "Eu acredito que essa venda ao longo do ano, passando a velha sobre a nova, é que é a grande estratégia que o produtor brasileiro, sabiamente, está adotando para a comercialização de sua safra", completa. 

Logística - Apesar do expressivo aumento das safra brasileira da soja e do momento bastante favorável para os preços no mercado interno, o produtor ainda sofre com a falta de uma infraestrutura logística condizente com o volume que vem sendo produzido. "Esse ano, há somente uma melhor administração do caos logístico", diz Motter. 

O economista afirma que esse ano há uma antecipação por parte dos compradores, tentando garantir seu produto com a chegada dos primeiros volumes e também evitando os prejuízos no pico da pressão da oferta com a chegada da safra. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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