Mercado tem foco na seca do Brasil e soja avança em Chicago

Publicado em 20/02/2014 07:53

Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago voltaram a subir nesta quinta-feira (20). O mercado retorna ao lado positivo da tabela, depois de um pregão onde registrou uma ligeira realização de lucros e, por volta das 7h40 (horário de Brasília), as posições mais negociadas subiam entre 2,50 e 5,75 pontos. 

Os fundamentos têm sido o principal foco dos negócios com a commodity e seguem, portanto, como importante fator de suporte para as cotações. O cenário é de escassez de soja nos Estados Unidos e, no Brasil, o clima quente e seco vem prejudicando as lavouras e reduzindo a cada dia seu potencial produtivo. As perdas já são estimadas por alguns especialistas em 5 milhões de toneladas. 

Segundo o instituto norte-americano Commodity Weather Group, as chuvas em algumas regiões produtoras do Brasil deverão ser 75% menores do que o normal para esse período nos próximos cinco dias. Caso isso se confirme, o déficit de umidade será ainda mais grave e mais sério. A situação, de acordo com o instituto, é a mais grave desde 1954, quando se registrou o janeiro mais seco da história. 

"O Brasil é o principal assunto do mercado nesse momento. As altas também têm uma pequena influência da demanda ainda intensa nos Estados Unidos por conta da seca na América do Sul", disse o analista internacional Paul Deane á agência Bloomberg. 

Veja como fechou o mercado nesta quarta-feira:

Soja fecha com ligeira baixa frente à tímidos movimentos de venda

Após uma sessão de realização de lucros, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam a sessão desta quarta-feira (19) em queda. Os vencimentos mais negociados perderam pouco mais de 5 pontos, porém, ainda sustentam importantes patamares de preços. O vencimento março/14 encerrou o dia cotado a US$ 13,54 por bushel. 

O movimento, no entanto, foi bastante modesto em relação às fortes altas registradas no pregão anterior. Os fortes ganhos registrados nesta terça-feira (18), porém, também estimularam movimentos de vendas, que também pressionam ligeiramente as cotações. 

"Há algum interesse de venda dos comerciais com o aumento de preços, não só da América do Sul, mas também dos Estados unidos. Alguns produtores norte-americanos também venderam e há alguns rumores de que a China estaria tentando cancelar alguns cargo dos EUA ou até mesmo do Brasil, mas ainda não foram confirmados e continuam sendo só rumores", explica Vinícius Ito, analista de mercado da Jefferies Corretora. 

No entanto, a tendência para os preços se mantém positiva, mesmo com esse maior interesse de venda por parte das origens - tanto Brasil quanto Estados Unidos -, que é tido como pontual pelos analistas, uma vez que acreditam em melhores oportunidades de comercialização dada a ajustada relação entre oferta e demanda. 

"Eles venderam muita soja nesse ano comercial e precisa cancelar, porque a planilha com a qual o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) está trabalhando não fecha. Então, precisa cancelar pelo menos 2 milhões de toneladas de soja, ou os EUA terão que começar a importar. É difícil imaginar que Chicago irá cair muito nesse cenário", afirma Ito. 

Paralelamente, há ainda os problemas com o clima na América do Sul. No Brasil, os relatos que vêm do campo continuam indicando perdas de produtividade em função da falta de chuvas e das altas temperaturas. Ao mesmo tempo, no Mato Grosso, a colheita está em seu principal momento, porém, o excesso de chuvas tem prejudicado o andamento dos trabalhos de campo. Na Argentina, a umidade excessiva também compromete o desenvolvimento das lavouras ao causar o aparecimento de doenças que resultam em um menor potencial produtivo. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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