Soja: Em Chicago, mercado reflete dados do USDA e fecha em alta

Publicado em 09/05/2014 16:44 e atualizado em 10/05/2014 16:44

As cotações futuras da soja negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam o pregão desta sexta-feira (9) em alta. Pelo segundo dia consecutivo, os preços se mantiveram do lado positivo da tabela e encerraram o dia com ganhos entre 4,50 a 26,75 por bushel. O contrato julho/14 era cotado a US$ 14,87 por bushel.

As altas nas cotações da oleaginosa são reflexo dos números do novo boletim de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), divulgado nesta sexta-feira, segundo o analista de mercado da FCStone, Giovani Damiano. Para a safra 2013/14, o órgão reportou uma redução nos estoques norte-americanos de 3,67 milhões de toneladas para 3,54 milhões de toneladas.

Já as importações do país subiram de 1,77 milhões de toneladas, divulgados em abril, para 2,45 milhões de toneladas. Outros dados importantes foram os números de produção e estoques mundiais estimados em 283,79 milhões de toneladas e 66,98 milhões de toneladas, respectivamente. Ambos os números são menores do que os projetados em abril, de 284,05 milhões de toneladas para a safra mundial e 69,42 milhões de toneladas os estoques globais.

O analista explica que o mercado esperava que houvesse uma manutenção dos estoques finais dos EUA, em 3,67 milhões de toneladas. "Com essas reduções nas estimativas, podemos considerar que para a safra velha as informações foram positivas para os preços da soja", afirma Damiano. 

Além disso, os fundamentos para o mercado da soja permanecem positivos. Frente à escassez de produto nos EUA, a demanda mundial não dá sinais de retração. Na última sessão, as cotações apresentaram altas expressivas sustentada pelo número das importações de soja da China, que somaram 6,5 milhões de toneladas no mês de abril.

Nos quatro primeiros meses do ano, os embarques de soja para o país cresceram em torno de 41%, em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando 22 milhões de toneladas. As informações desmentiram os rumores que estavam no mercado internacional de que a nação asiática iria diminuir o ritmo das compras. 

Ainda na visão do analista, a situação de aperto no quadro de oferta norte-americano só seria resolvido com a entrada da safra nova dos EUA ou o aumento nas importações do grão, especialmente da América do Sul. "Neste momento, podemos considerar que as importações de soja para o mercado norte-americano é o fator que limita as altas no curto prazo", ressalta Damiano.

Por outro lado, o consultor de mercado do SIMConsult, Liones Severo, relata que o aumento nas importações dos EUA, reportadas pelo USDA não traz garantias de que haja uma solução para o problema de escassez no país. “Até a agora entre as compras diretas do Brasil e cargos devolvidos pela China e que foram transferidos para os EUA não contabilizam mais de 700 mil toneladas. E somente com as importações do Canadá não seria possível completar o total de 2,45 milhões de toneladas que ainda faltam para fechar as contas. Portanto, a tendência de alta para os preços no curto prazo continua”, diz. 

Apesar desse cenário altista no curto prazo, o analista destaca que os dados referentes à safra 2014/15 divulgados pelo USDA são baixistas para o mercado, no primeiro momento.  O departamento projetou a safra norte-americana em 98,93 milhões de toneladas e a produtividade das lavouras em 51,25 sacas por hectare.

Os estoques também apresentaram um crescimento expressivo para 8,98 milhões de toneladas. As áreas cultivada e colhida vieram maiores do que à safra 2013/14, entretanto, esses números já eram conhecidos do mercado, pois já havia projeções indicando aumento na área semeada com soja e redução para o milho na temporada 2014/15 nos EUA. As importações foram reduzidas para 408 mil toneladas.

Para a safra do Brasil, as estimativas são de uma safra ao redor de 91 milhões de toneladas.  Por outro lado, a produção chinesa deve apresentar um leve recuo e totalizar 12 milhões de toneladas na safra 2014/15. Já as importações da nação asiática deverão apresentar um aumento em relação à última safra, de 69 milhões de toneladas, para 72 milhões de toneladas.

A produção mundial deverá totalizar 299,82 milhões de toneladas na safra 2014/15, frente às 283,79 estimadas para a safra 2013/14. Os estoques também serão maiores e deverão totalizar 82,23 milhões de toneladas. 

Ainda na visão do analista, observando os números referentes à safra 2014/15, com aumento nas produções dos EUA e mundial mais os estoques, os dados são baixistas para o mercado. Porém, na sessão desta sexta-feira, as valorizações nos contratos mais curtos acabaram puxando os vencimentos mais longos.

Ainda assim, é preciso ficar atento aos números dos rendimentos das lavouras norte-americanas. "Acreditamos que esse número pode estar supervalorizado. O plantio da soja ainda está no início no país, temos todo o desenvolvimento da safra e o clima para observar", ressalta Damiano.

Para Severo, as projeções em relação à safra 2014/15 foram em partes exageradas. “Com esses números o USDA passa uma mensagem de que os preços serão mais baixos para a próxima temporada, mas pelo menos na sessão desta sexta-feira, os números não foram considerados pelo mercado.

A safra está começando a ser plantada e não há garantias de que esses números se consolidem. É preciso acompanhar o desenvolvimento das lavouras para só então, determinar o tamanho adequado da safra e consequentemente, formar os novos preços”, finaliza. 

Diante desse quadro, a expectativa é que o mercado internacional da soja ainda reflita os números do relatório do USDA no pregão de segunda-feira (12). E ainda há os dados do acompanhamento de safras dos EUA, que será divulgado na segunda. A partir de agora, a tendência é que as cotações sejam influenciadas pelas previsões climáticas no país, que começam a ganhar força.

Veja como ficaram as cotações dos grãos no fechamento nesta sexta-feira:

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Tags:
Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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