Soja: Mercado fecha o dia abaixo dos US$ 10 por bushel na CBOT

Publicado em 09/09/2014 16:57

As lavouras de soja no Meio-Oeste dos Estados Unidos, principal região produtora de grãos do país, estão 72% em boas ou excelentes condições de acordo com os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e, segundo expectativas, devem resultar em uma safra de 106 a 109 milhões de toneladas nessa nova temporada. Com isso, hoje os preços da soja mais uma vez recuaram na Bolsa de Chicago e fecharam a sessão regular desta terça-feira (9) com dois vencimentos abaixo dos US$ 10,00 por bushel. 

O contrato novembro/14, referência para a safra norte-americana, encerrou o dia perdendo 15,75 pontos e valendo US$ 9,92, enquanto o janeiro/15 terminou os negócios com queda de 16,25 pontos e cotado a US$ 9,99. As perdas nas posições mais negociadas foram de 14,25 a 17 pontos. 

"Temos que trabalhar com a ideia de que a safra é cheia e o mercado ainda vai pressionar um pouco mais os preços tanto da soja quanto do milho, há fôlego para a bolsa (de Chicago) trabalhar na linha baixista", constata o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. 

Nesta quinta-feira, 11 de setembro, o USDA atualiza seus números em um boletim mensal de oferta e demanda e as expectativas do mercado são de maiores estimativas não só para a produção de soja dos Estados Unidos, como também para a produtividade e estoques finais. Além disso, o mercado ainda aposta em um aumento também nos números do quadro mundial. 

Assim, para a produção de soja da safra 2014/15 dos Estados Unidos, o mercado aposta em um volume médio de 105,65 milhões de toneladas e algumas projeções chegam até mesmo perto de 109 milhões de toneladas. No reporte de agosto, a estimativa do USDA foi de 103,85 milhões de toneladas. 

Sobre a produtividade, a expectativa para a soja é de algo em torno de 52,4 sacas por hectare, contra 51,47 estimadas no mês passado. Alguns produtores norte-americanos, no entanto, esperam mais de 58 sacas. 

Da safra 2014/15, a expectativa para os estoques finais norte-americanos para a soja é de 12,30 milhões de toneladas, contra 11,7 milhões do boletim de agosto. No cenário mundial, os estoques finais da safra 2014/15 de soja são projetados entre 82,9 milhões e 88,2 milhões de toneladas, com uma média de 86,09 milhões. Em agosto, esse número foi de 85,6 milhões de toneladas. Ainda sobre a soja, mas para a safra 2013/14, são esperadas de 66,5 milhões a 68,2 milhões de toneladas, registrando uma média de 67,18 milhões de toneladas. No boletim anterior, esse número ficou em 67,1 milhões de toneladas. 

Segundo informações do site norte-americano Farm Futures, o Meio-Oeste dos Estados Unidos deverá registrar temperaturas mais frias e abaixo da média para essa época do ano, porém, condições que são incapazes de causar alguma dano expressivo às lavouras. Partes do sul de Minnesota, Wisconsin e o norte de Iowa podem ser atingidos por geadas no sábado. 

Além disso, o portal informou ainda que a colheita da soja já começou em alguns estados mais ao sul do Corn Belt, o que reflete em uma entrada efetiva da nova safra norte-americana no mercado. O Mississippi tem 17% da área colhida e Arkansas 5%. 

Comercialização

Apesar disso, um fator positivo para o andamento dos preços no mercado internacional e, consequentemente, para os reflexo dos negócios no Brasil, é que a comercialização nos Estados Unidos está parada diante desse quadro de preços, o que reduz a pressão de oferta nesse momento. 

"Os produtores americanos afirmam que vão colher sua safra, deixar nos seus silos e vender só no ano que vem. Então, esse fator é o positivo, porque eles sabem que, com esses valores, estão carregando prejuízo e nesses níveis não vendem. Assim, eles vão dar suporte á nova safra brasileira, porque temos, praticamente, um ano para negociar a nossa safra que começa a ser plantada nesse final de semana. Mas o produtor brasileiro deve ter em mente que teremos mais de 40 a 50 dias de mercado pressionado ainda", explica Vlamir Brandalizze. 

Para o consultor, no entanto, essa relação dos preços poderá ser equilibrada pela força da demanda e com a necessidade de o mercado em Chicago se adequar ao mercado real, de consumo. Nesta terça-feira, o USDA anunciou a venda de 120 mil toneladas de soja para destinos desconhecidos, além da venda reportada ontem pela China de também 120 mil toneladas. 

"O mercado é consumidor. A China continua comprando e compra mais do que os americanos estão vendendo. Eles já compraram 9 milhões de toneladas da nova safra e alguns analistas da própria Bolsa de Chicago apontam que o volume de físico do mercado norte-americano de 16 a 18 milhões de toneladas que os produtores venderam", afirma Vlamir Brandalizze. 

Prêmios

Os prêmios positivos e, segundo analistas, com tendência de crescimento, deverão ser um importante componente na formação dos preços que, de um lado devem manter os valores ainda interessantes tanto para os produtores quanto para a demanda, que deve se manter aquecida. Com os atuais níveis praticados em Chicago e mais os prêmios, o esperado pelos analistas é de que as cotações continuem trabalhando entre s US$ 12,00 e US$ 13,00 por bushel. 

"Dentro desses patamares, o mercado trabalha dentro de uma lógica normal, mantém a demanda aquecida e mantém ainda as condições de se manter o crescimento do consumo, tanto na América do Sul, quanto América do Norte e Ásia, já que deixa as proteínas baratas que dependem da soja, já que têm seus custos de produção mais baratos", diz.

Biodiesel

O percentual do biodiesel no diesel, que hoje é de 6%, pode chegar, em 1º de novembro, a 7% e contribuir para preços melhores no mercado brasileiro, ainda segundo Vlamir Brandalizze. Para o consultor, isso poderia resultar em uma demanda de 1,5 milhão a 2 milhões de toneladas de óleo de soja, ou cerca de 6 a 8 milhões de toneladas de grão que terão que ser esmagadas para atender essa produção do combustível. 

"O Brasil pode deixar de ser exportador de óleo para ser atender a demanda interna de biodiesel", acredita. Além disso, Brandalizze afirma ainda que na Argentina essa demanda segmentada também cresce e que, no país, o percentual de biodiesel no diesel deve passar de 5 para 10%. 

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