Soja: Mercado tem dia calmo e comercialização segue travada

Publicado em 15/09/2014 12:52

No mercado internacional, os futuros da soja iniciam a semana operando com movimentações pouco expressivas nesta segunda-feira (15) na Bolsa de Chicago. A oleaginosa vem oscilando entre os dois lados da tabela, mas com oscilações que não passam dos cinco pontos. Por volta de 12h10 (horário de Brasília), as posições mais negociadas subiam entre 1,50 e 3 pontos. 

O andamento dos preços vem registrando um comportamento já esperado por consultores e analistas de mercado, uma vez que já vinha precificando as expectativas de uma grande safra nos Estados Unidos - situação que foi confirmada pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em seu último boletim de oferta e demanda que estimou a produção norte-americana em 106,42 milhões de toneladas, com uma produtividade que deve superar as 52 sacas por hectare. 

"O mercado não dá indicações de que está pronto para mudar sua opinião sobre a estimativa do USDA de safra recorde e estoques crescentes nos EUA", disse o analista de mercado e jornalista do site norte-americano Farm Futures, Bryce Knorr. 

Para o consultor de mercado Ênio Fernandes, as oscilações para o mercado de grãos na Bolsa de Chicago devem ser tímidas nos próximos 30 dias e precisa de novas informações para movimentar o mercado, para cima ou para baixo, de forma mais intensa. 

"O mercado mostra essa pouca oscilação porque, entre outros fatores, porque conta com pouca arbitragem e, consequentemente, pouca margem de ganho para os fundos. Além disso, com as origens inseguras (em efetivar novos negócios), o mercado também oscila menos", explica Fernandes.

As incertezas sobre o futuro do dólar, no Brasil frente ao real e na Argentina frente ao peso, principalmente em ano de eleições brasileiras, contribuem para essa insegurança e, consequentemente, para um retardamento das vendas, o que também tira força do mercado futuro. 

Diante disso, a comercialização no Brasil segue travada, o que acaba trazendo algum suporte às cotações, senão como fator de alta, ao menos como um limitador das baixas. "Devido a baixos preços e insegurança em diversas regiões do mundo, os três países que produzem mais de 85% da soja do mundo - Argentina, Brasil e EUA - não vão vender, e com isso vemos pouca oscilação", diz o consultor. 

Essa situação de negócios quase paralisados vem sendo refletidas em prêmios ainda positivos nos portos brasileiros. Apesar de exibirem uma ligeira queda nesta segunda-feira em relação aos números da última semana, os prêmios mostram que o interesse da demanda ainda persiste e os compradores seguem, portanto, estimulando os compradores - retraídos - a voltarem a vender. Para o contrato novembro, o prêmio pago no porto de Paranaguá está em US$ 2,30 sobre o valor praticado em Chicago, , que leva a soja a US$ 12,17 por bushel, com o contrato sendo negociado a US$ 9,87.

"O problema de preço muito baixo não é só do produtor, mas também do comprador. Quando o mercado está parasalisado, há uma estagnação de negócios, e isso também gera dúvida e insegurança nos compradores. Ele compra 'da mão para a boca', volumes estritamente necessários para não alavancar preços e para não perder a oportunidade de comprar a preços menores. Então, estamos em um momento muito ruim de negócios, mas isso limita novas quedas", completa Fernandes. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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