Soja: Na CBOT, mercado segue na defensiva na manhã desta 5ª feira
Às vésperas do novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o mercado internacional da soja registra mais uma sessão de pouca movimentação na Bolsa de Chicago na manhã desta quinta-feira (9). Por volta das 7h40 (horário de Brasília), os vencimentos mais negociados registravam pouco mais de 3 pontos de alta.
A busca por estabilidade deverá se manter entre os negócios até que os novos números sobre a safra norte-americana sejam divulgados e as expectativas apontam para um aumento nas estimativas do departamento para produção, produtividade e estoques finais de soja nos EUA e estoques globais também maiores do que os reportados no boletim de setembro.
O mercado observa ainda o desenvolvimento do cenário climático tanto no Brasil, quanto nos Estados Unidos. No Meio-Oeste americano, o excesso de chuvas compromete o desenvolvimento da colheita, que está abaixo da média. Já o plantio da nova safra brasileira não evolui da forma esperada por conta da estiagem no Centro-Oeste e das precipitações excessivas no sul do país.
Veja como fechou o mercado nesta quarta-feira (8):
Soja: Mercado espera USDA e fecha quarta-feira no vermelho
Na sessão desta quarta-feira (8), os futuros da soja fecharam o dia em campo positivo na Bolsa de Chicago. Os futuros da oleaginosa mais uma vez recuaram no mercado futuro norte-americano focando as elevadas expectativas para a nova safra de grãos dos Estados Unidos que, no caso da soja, deve somar quase 110 milhões de toneladas.
As posições mais negociadas encerraram os negócios com altas de pouco mais de 5 pontos e o vencimento maio/15 fechou o dia valendo US$ 9,60 por bushel. Já o contrato novembro/14, referência para a safra dos EUA, ficou em US$ 9,35.
Nesta sexta-feira, 10 de outubro, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz um novo boletim de oferta e demanda e o mercado acredita que o órgão trará um reajuste nos números de produção e produtividade para a safra norte-americana.
Com isso, o mercado registrou nesta sessão um movimento significativo de vendas por parte dos fundos e os preços chegaram a registrar perdas de mais de 11 pontos em alguns momentos, segundo explicou o analista sênior do site DTN The Progressive Farmer, Darin Newson.
As expectativas para a nova safra norte-americana ficaram, em média, em 108,20 milhões de toneladas, com uma produtividade que pode chegar às 53,35 sacas por hectare. No boletim de setembro esses números foram, respectivamente, de 106,42 milhões de toneladas e 52,85 sacas. Para os estoques finais norte-americanos de soja, a expectativa é de que o número alcance os 13 milhões de toneladas, frente às 12,93 milhões estimadas em outubro. Se confirmado, o aumento seria de 0,54%.
Esses números maiores, segundo analistas, deverão se confirmar mesmo diante das condições adversas de clima para o bom desenvolvimento da colheita no Meio-Oeste americano. Os trabalhos de campo estão sendo comprometidos pelo excesso de chuvas e pelo tempo frio em importantes estados produtores, o que, nas últimas sessões, trouxe algum suporte às cotações.
"As chuvas comprometeram e paralisaram a colheita, mas diminuíram e os trabalhos foram retomados, mas é preciso atenção. Com isso, um risco clima fica mais forte, principalmente, com a possibilidade de um risco maior de frio antecipado. Então, esses elementos de incerteza dão um tom mais altista ao mercado, mas não podemos esquecer que é uma safra grande e com a retomada da colheita, os preços podem ficar ainda mais pressionados", explica o analista de mercado Fernando Pimentel, da Agrosecurity Consultoria.
Para Pimentel, esse é um momento de espera para o mercado, que só deve se posicionar de forma mais forte depois da divulgação desse boletim da próxima sexta-feira. Até lá, os preços devem exibir estabilidade e uma direção pouco bem definida e o tom mais visível das cotações só deverá aparecer na tarde da sexta.
No Brasil, o cenário climático também não é favorável para o início da plantio da safra 2014/15, fator que atua como mais um suporte par as cotações em Chicago. Até agora, cerca de 3 a 4% da área já foi semeada e o número está dentro da média dos últimos anos. Em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, a falta de chuvas traz uma preocupação significativa aos produtores que já lançaram suas sementes ao solo, enquanto nos estados do Sul do país, a atenção se dá ao excesso de precipitações.
Mercado Interno
No mercado interno, mais um dia de estabilidade para os preços. Embora o mercado esteja bastante aquecido e com um interesse crescente da demanda mundial por soja, o interesse de vendas por parte dos produtores é quase nulo e toda a atenção do sojicultor brasileiro está empregada na implantação das lavouras.
Esse cenário tem sido refletido nos prêmios nos portos brasileiros, mesmo em plena colheita da safra norte-americana e chegada dessa nova oferta no mercado. Os valores seguem positivos - 90 cents de dólar sobre o vencimento novembro em Chicago e 65 cents sobre o maio/15 - e atuando como uma tentativa de estimular os vendedores a voltarem ao mercado.
Assim, a quarta-feira fechou com a saca da soja para entrega em maio do ano que vem valendo R$ 55,30 no porto de Paranaguá e R$ 56,50 no de Rio Grande.
A queda em Chicago ficou alinhada com mais um dia de queda do dólar frente ao real, que fechou os negócios em campo negativo, com queda de 0,54%, cotado a R$ 2,38.
"As mudanças no clima eleitoral têm trazido uma volatilidade muito grande para o câmbio. Na semana passada, a previsão para a taxa cambial entre março e abril para a safra brasileira era da ordem de R$ 2,58 e hoje caiu para algo entre R$ 2,52 a R$ 2,53", diz Mariano. "Portanto, o produtor tem que estar atento a essa volatilidade cambial para a safra futura e também sobre os prêmios pagos nos portos brasileiros", completa.
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