ABIOVE projeta crescimento do complexo soja em 2015

Publicado em 16/12/2014 16:36

O próximo ano será de implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), ferramenta que concilia o uso da terra para produção de alimentos com a conservação da biodiversidade

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) projeta para 2015 um ano de crescimento da produção agrícola e do processamento de oleaginosas. Há expectativa de que a safra de soja, a oleaginosa de maior produção do Brasil, atinja o recorde de aproximadamente 91 milhões de t. Com esse volume, o Brasil colherá a 2ª maior safra mundial, atrás apenas da atual safra norte-americana (em torno de 108 milhões de t). O país consolida-se como o segundo maior produtor e caminha com velocidade para buscar a primeira colocação no ranking mundial de produtores.

Farelo de soja - O processamento de soja aumentará de 36,3 milhões t para 38,3 milhões de t e também deverá atingir um recorde histórico. Contribui para isso o forte mercado interno consumidor de farelo, tendo como principais vetores a produção de rações para aves, suínos, gado de corte e leiteiro. 

Também se espera recuperação das exportações de farelo aos patamares de 2011, quando o Brasil exportou 14,5 milhões t. Na safra 2014/2015, o Brasil deverá produzir 29,1 milhões t de farelo, das quais 14,8 milhões t serão destinadas ao mercado interno, que absorve 51% da produção, e 14,3 milhões t para o mercado externo. 
 
Óleo de soja - Com relação ao óleo de soja, o aumento da mistura compulsória de biodiesel no diesel mineral de 5% para 7% irá requerer maior produção para atender à ampliação do uso doméstico do produto, além do crescimento natural do consumo de óleo refinado e para preparações alimentícias. A Abiove prevê uma produção de 7,4 milhões t de óleo de soja, em 2015, das quais 6,5 milhões t irão para o mercado doméstico e 900 mil t para a exportação. Do total a ser produzido, 2,9 milhões se destinarão à produção de biodiesel.
 
Exportações - O complexo soja deverá carrear ao País divisas da ordem de US$ 23,1 bilhões em 2015. O preço médio de exportação da soja deverá declinar de US$ 510/t em 2014 para US$ 370/t, em razão da forte recomposição dos estoques mundiais da oleaginosa. 
 
Sustentabilidade
- A agenda de sustentabilidade da Abiove, que teve desdobramentos importantes em 2014, com a assinatura do Protocolo Socioambiental de Grãos do Pará e o termo de compromisso para a transição da Moratória da Soja, será dedicada, em grande parte, em 2015, para incentivar a implantação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), ferramenta do novo Código Florestal que concilia o uso da terra para a produção de alimentos com a conservação da biodiversidade.
 
O Grupo de Trabalho da Soja (GTS), integrado pelo setor privado (Abiove e Anec), pela sociedade civil (ONGs) e pelo governo (Ministério do Meio Ambiente), assumiu o compromisso de sensibilizar e apoiar os sojicultores para que eles implementem o CAR e o Programa de Recuperação Ambiental (PRA). O GTS apoiará os governos federal e estaduais na implementação do CAR e do PRA nos municípios prioritários produtores de soja no bioma Amazônia, para que sejam atendidos os prazos do Código Florestal. A Abiove, que fará campanhas para incentivar o produtor a se cadastrar, acredita que o CAR trará segurança jurídica a ele e servirá como ferramenta essencial para uma melhor gestão da propriedade rural. 
 
Em 2015, a Abiove e suas associadas também implementarão o Protocolo de Responsabilidade Socioambiental de Grãos do Pará, que tem por objetivo evitar a aquisição de produtos agrícolas oriundos de áreas não inscritas no CAR do Pará, ou que tenham desmatado ilegalmente, conforme listas elaboradas por organizações credenciadas pelo Estado, que estejam sob embargo ambiental ou, ainda, envolvidas em denúncias de trabalho degradante. Para validar o cumprimento do acordo, as empresas contratarão auditorias independentes que farão o controle da regularidade ambiental dos fornecedores. O Protocolo de Grãos do Pará é um acordo entre o Ministério Público Federal, a Secretaria de Municípios Verdes do Pará, a Abiove e outros participantes da cadeia da soja.
 
Expansão do Soja Plus e parceria com o Banco do Brasil – O Programa Soja Plus, de gestão econômica, social e ambiental da sojicultura brasileira, está em seu quarto ano de vida e projeta expansão, em 2015, para outros estados produtores de soja, além daqueles onde já está presente: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia. A expansão do Soja Plus para estados como  o Paraná torna-se agora mais viável com a recém-assinada parceria com o Banco do Brasil. O termo de cooperação foi firmado em 4 de dezembro passado, em São Paulo, pelo vice-presidente de agronegócios do BB, Osmar Dias. O Programa Soja Plus leva a milhares de produtores de todo o país os conhecimentos mais atualizados sobre a legislação ambiental e social brasileira e sobre as melhores práticas agrícolas.
 
Tecnologia Agrícola – Nas negociações com a Monsanto, relativas à prestação de serviço de monitoramento dos recebimentos de soja e cobrança de royalties pós-plantio da soja INTACTA RR2 PRO®, foi elaborada uma minuta de contrato, e os detalhes comerciais encontram-se em negociações bilaterais privadas entre as empresas.
 
Dificuldades 

Problemas tributários – Em 2015, a Abiove trabalhará para a superação das dificuldades que afetam a cadeia produtiva da soja e a agregação de valor no País. Entre os entraves, mencionam-se os problemas tributários, que reduzem a competitividade internacional do setor frente a seus principais concorrentes, especialmente China, Estados Unidos, Argentina e União Europeia. São distorções ligadas a tributos federais e ICMS que, em conjunto, tornam mais dispendiosa a exportação de farelo e óleo em relação à soja in natura.

A Abiove projeta que as exportações de soja em grão chegarão a 48 milhões de t em 2015 (crescimento de 4% em relação à safra 2013/2014), tendo a China e a União Europeia como principais destinos. Em condições de isonomia tributária com os principais competidores nas exportações e processamento de soja em grão, o Brasil poderia se beneficiar do aumento da atividade industrial e das exportações de bens de maior valor agregado, gerando empregos e renda no País. A Abiove acredita que uma nova política governamental de ampliação das exportações com maior valor agregado é o caminho para o crescimento econômico e para melhorias sociais. É necessário desonerar as exportações industriais e simplificar as obrigações.

Logística - A logística é um tema que continua na lista de prioridades da Abiove. Solucionar os gargalos que aumentam sobremaneira os custos de escoamento de produtos deve ser algo a ser perseguido pelas autoridades. Para isso, serão necessários avanços na melhoria e expansão de nossas malhas viárias (rodovias, ferrovias e hidrovias), destravamento das licitações de terminais portuários, harmonização do marco regulatório de ferrovias, com solução jurídica que viabilize os investimentos nas novas linhas férreas e permita a livre circulação de trens entre os dois modelos de concessão que estão em vigor simultaneamente. É uma grande preocupação da cadeia produtiva da soja que seja concluída em breve a pavimentação da rodovia BR 163, pois este corredor de exportação traz uma significativa redução no custo de movimentação dos produtos aos portos de exportação.   

Biodiesel - O biodiesel, na esteira dos avanços obtidos em 2014 (adoção do B7), precisa de uma política de longo prazo que oriente as empresas do setor quanto a investimentos e novos planejamentos. É necessária melhor visualização do papel do biocombustível na matriz de combustíveis do país, sendo amplas as possibilidades de aumento da mistura compulsória no diesel mineral e da ampliação de seu uso em frotas municipais de ônibus, com benefícios para a sociedade na forma de empregos, renda e melhor qualidade do ar.

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Fonte:
Abiove

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