Soja: Preços no Brasil fecham sem direção comum frente à queda na CBOT e alta do dólar

Publicado em 01/10/2015 16:45

O mercado internacional da soja passou a trabalhar em queda no início da tarde desta quinta-feira (1) e acentuou de forma expressiva as baixas entre os principais vencimentos negociados na Bolsa de Chicago, que terminaram o dia caindo entre 11,50 e 14,75 pontos. Assim, novamente a primeira posição - o novembro/15 - voltou para a casa dos US$ 8,70 e as mais distantes para o patamar dos US$ 8,80 por bushel. 

Os fatores técnicos e os gráficos indicavam um mercado em alta, segundo reportou, em nota, a vice-presidente da internacional Wedbush Securities, Helen Pound. No entanto, o mercado foi perdendo força ao longo do dia e intensificou sua realização de lucros após ós últimos ganhos da commodity. Assim, os negócios não resistiram, nem mesmo mesmo, aos bons números que chegaram da demanda no início do dia. 

E esse movimento por parte dos fundos de investimento de deixar suas posições na soja, segundo explicou a analista internacional Julianne Johnston, do portal ProFarmer, se deu em função de uma ainda preocupação dos traders com a real situação da economia mundial, mas, principalmente, as expectativas para a grande safra dos Estados Unidos, que deve ficar na casa de 107 milhões de toneladas, de acordo com os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). 

E essa preocupação ganha mais peso na medida em que a colheita no país avança e, ao mesmo tempo, chegam bons reportes de produtividade das lavouras norte-americanas. O cenário climático para a conclusão da temporada 2015/16 ainda se mostra bastante favorável e, assim, esses fundamentos seguem pesando sobre os negócios, já que favorecem cada vez mais a chegada ao mercado da nova oferta do país. Até o último domingo (25), 21% da área de soja cultivada nos EUA já havia sido colhida. 

"Soma-se como fator baixista os reportes cada vez mais contínuos de excelentes rendimentos para Soja em vários estados. A regularidade de muitos reportes só não é mantida nos estados do leste do Cinturão (Ohio e Indiana)", relata a analista de mercado Andrea Sousa Cordeiro, da Labhoro Corretora. 

USDA - Números de Venda

O USDA trouxe, também nesta quinta,  (1), seu novo reporte semanal de vendas para exportação com um um grande volume para a soja. As operações da semana que terminou no último dia 24 para a safra 2015/16 somaram 2,506 milhões de toneladas. Do total, a maior parte - 1.178,4 milhão - foi adquirida pela China. 

O total superou o registrado na semana anterior, de 1,316 milhão de toneladas. As expectativas do mercado, porém, nesta semana não caminharam em uma direção comum, com algumas variando de 1,2 milhão a 4 milhões de toneladas, outra de 1,3 milhão a 1,7 milhão de toneladas. No entanto, todas eram elevadas em função do acompanhamento do mercado aos acordos firmados entre China e Estados Unidos na última semana. 

No acumulado do ano comercial 2015/16, as vendas norte-americanas já somam 20.798,4 milhões de toneladas, contra 28,7 milhões, aproximadamente, no mesmo período do ano anterior. Entretanto, essa diferença expressiva entre as temporadas é justificável, como explicou o analista de mercado e economista da Granoeste Corretora de Cereais, Camilo Motter. 

"O ritmo recorde do ano passado tem várias motivações, entre elas, a safra recorde norte-americana, os estoques muito baixos da safra anterior e a forte concorrência da América do Sul que é observada neste ano", diz. 

Além disso, o USDA anunciou, ainda hoje, uma nova venda para a China de 120 mil toneladas de soja em grão da safra 2015/16 dos EUA. 

Mercado Brasileiro

No Brasil, dia de poucos negócios. O produtor, que neste momento está bem capitalizado, aguarda por novos picos e melhores oportunidades de venda, como relatou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. 

Em Rio Grande, a soja da safra velha fechou o dia com R$ 85,20 por saca, perdendo, 2,07%, enquanto isso, em Paranaguá, estabilidade nos R$ 82,00. Já o produto da nova safra terminou os negócios também com R$ 82,00 no porto paranaense, estável, enquanto caiu 2,71% no gaúcho, para R$ 82,70/saca. 

Afinal, os preços nos portos brasileiros chegaram à casa dos R$ 90,00 por saca nas últimas semanas e, com o dólar perdendo força e a volatilidade dos futuros em Chicago, recuaram. Já no interior do Brasil, os impactos são menos agressivos, já que a demanda interna registra um bom momento e o volume disponível de soja é bastante ajustado. 

No interior do país, baixa de 1,35% para R$ 73,00 em Não-Me-Toque/RS, para R$ 73,00, e de 1,39% em Cascavel/PR, para R$ 71,00. Já em Ubiratã e Londrina, também no Paraná, ganho de 0,71% para R$ 71,00. Nas demais, as cotações permaneceram estáveis, com o destaque ainda para Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, com R$ 82,00 por saca no disponível. 

Nesta quinta-feira, o dia foi de estabilidade para o dólar frente ao real. A moeda fechou com uma leve alta de 0,93% e valendo R$ 4,0024 na venda. Na mínima da sessão bateu em R$ 3,9378 e, na máxima, R$ 4,0210. O foco dos investidores ainda é o mesmo e permanece no desenrolar do quadro político e econômico do Brasil. 

"O mercado aqui está muito sensível a qualquer pressão de alta", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado à agência de notícias Reuters.

Leia mais:

>> Dólar sobe 0,93% e volta a R$ 4 por incerteza política

Exportações Brasileiras

Entre janeiro e setembro, o Brasil exportou 49,5 milhões de toneladas, de acordo com os números trazidos pela Secretaria do Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O volume já supera as 45,66 milhões de toneladas embarcas para o exterior em todo o período de janeiro a dezembro de 2014. 

Para alguns analistas, no entanto, os embarques até o último mês poderiam ter alcançado os 50 milhões de toneladas, dada a forte demanda pelo produto brasileiro mais competitivo nesse momento frente à alta do dólar, porém, o movimento pode ter sido afetado pela greve dos fiscais federais que já dura 14 dias, e conta com a adesão de 70% dos trabalhadores.

Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) a greve já impede o desembarque no exterior de algumas cargas brasileiras de milho, soja e algodão que ainda não receberam um certificado fitossanitário.

Tags:

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Soja: Preços têm leves baixas em Chicago nesta 4ª, dando sequência às perdas da sessão anterior
Em Chicago, óleo despenca mais de 3% e pressiona ainda mais preços da soja nesta 3ª feira
Anec faz leve ajuste na exportação de soja do país em abril, que deve cair ante 2023
Apesar de altas no farelo e baixas intensas no óleo, soja trabalha com estabilidade em Chicago nesta 3ª
Soja em Chicago tem muita oscilação nesse inicio de semana, mas encerra com leves ganhos por conta da greve de processadores na Argentina