Soja: Com estímulo do câmbio, vendas retomam ritmo no Brasil e pressionam preços em Chicago

Publicado em 07/04/2016 15:58

O dólar voltou a subir nos últimos dias e, somente nos primeiros dias úteis de abril já subiu mais de 1,3% e, nesta quinta-feira (7), chegou a bater, novamente nos R$ 3,70. A movimentação da moeda norte-americana motivou, como relata Vlamir Brandalizze, uma melhora no ritmo dos negócios no mercado brasileiro da soja e esse tem sido, desde então, um limitador das altas dos preços da oleaginosa no mercado internacional. 

Segundo explicou o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, nesta semana os preços pagos pelo produto nacional nos portos do Brasil chegaram a marcar mais de 60 centavos de dólar acima dos valores praticados em Chicago, levando, ao lado do câmbio, os preços a baterem em algo entre R$ 78,00 e R$ 78,50 por saca, atraindo os vendedores. 

Há boas vendas acontecendo nesta semana, e maior parte dos negócios visa as exportações, e isso acaba limitando o avanço das cotações em Chicago, bem como a alta do dólar", diz. E nesta quinta-feira, o mercado futuro norte-americano, ao lado de outros fatores, pôde sentir essa movimentação.  O consultor explica que não são somente o cumprimento dos negócios já firmados anteriormente, mas também novos negócios que vêm sendo efetivados. 

Os futuros da oleaginosa negociados na Bolsa de Nova York terminaram o dia perdendo pouco mais de 3 pontos na Bolsa de Chicago e, dessa forma, as posições mais distantes que, há alguns dias renovavam suas máximas e atuavam na casa dos US$ 9,20, voltaram a algo próximo dos US$ 9,15 por bushel. 

"Temos ainda um mercado muito técnico nestes últimos dias", explica Brandalizze. Os preços, nos últimos pregões, chegaram a operar, por dias consecutivos, em campo positivo e agora optam pela realização de lucros, principalmente por estarem, nesse momento, se posicionando para um novo cenário com a chegada do início da safra 2016/17 dos Estados Unidos. 

As altas recentes vieram, em partes, pela projeção de uma redução da área de plantio de soja nos Estados Unidos na nova temporada. Entretanto, analistas - nacionais e internacionais - acreditam que os últimos números poderiam ser revistos e ampliados. A disputa por área entre soja e milho, sendo assim, deve ganhar os holofotes dos traders e atuar como importante direcionar dos preços. 

Paralelamente, e com uma importância ainda mais intensa, há o clima no Meio-Oeste norte-americano. O início da primavera nos EUA traz um tempo mais úmido e frio que vem limitando, de forma bastante tímida, o começo do plantio dos grãos no país. Porém, de acordo com analistas, ainda é cedo para um definição tanto climática, quanto de área, seja de soja ou milho. 

Mercado Financeiro

Ainda nesta semana, o mercado financeiro exibindo uma maior aversão ao risco também tem pesado sobre o avanço das cotações da soja, e de demais commodities, no mercado futuro americano. O mercado de ações em bolsas ao redor do globo, bem como os futuros do petróleo em Nova York, recuaram de forma significativa nesta quinta e complementaram o quadro negativo, como explica o analista do portal Farm Futures, Bob Burgdorfer. 

USDA - Vendas Semanais

As vendas semanais norte-americanas, reportadas pelo USDA nesta quinta-feira, por outro lado, deram algum suporte às cotações na CBOT. Os números, apesar de ficarem dentro do esperado, se recuperaram em relação à semana anterior e foram, portanto, bem recebidas. 

Na semana encerrada em 31 de março, as vendas semanais de soja norte-americana totalizaram 421,9 mil toneladas, enquanto o mercado esperava algo entre 150 mil e 550 mil toneladas. Da safra 2015/16, foram 420,4 mil toneladas, e destinos não revelados foram os maiores compradores, levando o total acumulado a alcançar os 45.911,4 milhões de toneladas, volume que é 8% menor do que o registrado no mesmo período da temporada anterior. Já da safra 2016/17, as vendas somaram apenas 1,5 mil toneladas. 

Derivados de Soja - As vendas semanais de farelo de soja dos EUA somaram 52,6 mil toneladas, sendo 23,3 mil toneladas da safra 2015/16, com a Guatemala como principal destino, e mais 29,9 mil da 2016/17, sendo o México o maior comprador. As projeções dos traders para o derivado variavam, porém, de 75 mil a 250 mil toneladas. 

O USDA informou ainda que as vendas semanais de óleo de soja vieram negativas em 7,6 mil toneladas, frustrando as expectativas do mercado, que apostavam em algo entre 8 mil e 25 mil toneladas. No acumulado do ano comercial, as operações norte-americanas estão 12% menores em relação ao 2014/15.  

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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