Soja: Com disparada do dólar, preços no BR driblam recuo na CBOT e sobem mais de 1% nos portos

Publicado em 01/12/2016 18:05

Em um dia sem novidades, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam com estabilidade e pequenas baixas a sessão desta quinta-feira (1). Entre os principais vencimentos, as perdas foram de 2,25 a 3,50 pontos, levando o janeiro/17 a US$ 10,29 e o maio/17 a US$ 10,45 por bushel. 

Na contramão, o dólar no Brasil disparou mais de 2%, se aproximou dos R$ 3,47 e ajudou a estimular altas nos preços da soja brasileira. "O cenário político está conturbado, o que pressiona a moeda (norte-americana)", resumiu o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello à agência de notícias Reuters. 

Entre as principais praças de comercialização do interior do Brasil, as altas chegaram a superar os 4% em algumas delas - como em São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul e, principalmente nas do Sul do Brasil, as referências voltaram a se aproximar dos R$ 80,00 por saca. 

O avanço dos preços da oleaginosa nos portos passou de 1%. Em Paranaguá, R$ 80,00 no disponível e R$ 82,00 no mercado futuro, subindo 1,27% e 1,23%. Em Rio Grande, a soja disponível foi a R$ 81,50, com ganho de 1,24% e a da nova safra encerrou o dia valendo R$ 86,00, com alta de 1,78%. 

Nos últimos 30 dias, o real já se desvalorizou mais de 9% frente ao dólar - principalmente pelo agravamento da crise política no Brasil - e esse movimento trouxe estímulo à comercialização do produto, mesmo que ainda de forma comedida. Segundo Fernando Pimentel, consultor da Agrosecurity Consultoria, há cerca de 40% da safra 2016/17 do Brasil já comercializada e, apesar de ainda atrasada em relação à média dos últimos anos, tem evoluído bem nos últimos dias. 

"A gente gostaria que a renda do produtor fosse melhorada por outras vias, não por uma crise financeira. Continuamos em um buraco econômico. Os números do trimestre foram muito ruins. Brasília mantém a crise no ambiente político", diz.

Bolsa de Chicago

A falta de novas notícias da demanda - apesar de ainda muito forte - acabou tirando a força dos preços, além dos fundamentos já serem bem conhecidos pelos traders, como explica  Pimentel. "Tivemos uma antecipação das compras da China, mas as coisas começam a se arrefecer e o mercado começa a olhar para outros fundamentos, como o clima na América do Sul", diz. 

E dessa forma, com boas condições e perspectivas principalmente no Brasil, a pressão dessa nova safra sulamericana começa a se intensificar e pesar um pouco mais sobre as cotações. Assim, ainda segundo o consultor, há uma "queda de braço" entre os especuladores e os fundamentos do mercado. Enquanto os fundamentos indicam a possibilidade de uma baixa dos preços, os fundos especulativos vêm acumulando posições acreditando ainda em um suporte. 

O que limitou as baixas nesta quinta, porém, foram os bons números reportado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em seu boletim semanal. 

Na semana encerrada em 24 de novembro, as vendas norte-americanas somaram 1,465 milhão de toneladas, contra o intervalo esperado de 1 milhão e 1,4 milhão de toneladas. Do total, foram 1,399 milhão da safra 2016/17, sendo a maior parte destinada à China, e mais 66 mil da 2017/18. O total acumulado na presente temporada comercial já alcança, portanto, 41.769,1 milhões de toneladas. Assim, quase 75% do total estimado para a exportação - 55,79 milhões de toneladas - já foram comprometidos. No ano comercial anterior, neste mesmo período, o acumulado era de 32.788,0 milhões de toneladas. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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