As razões pelas quais a China importa cada vez mais soja (O Clarín, Argentina)

Publicado em 26/12/2017 10:57

O consumo de soja da China aumentou 160% entre 2000 e 2011, quando foram removidas as barreiras às importações, com o país incorporando-se à Organização Mundial de Comércio (OMC) em 2001.

Ao mesmo tempo, a área plantada de soja foi reduzida em 20% em função de dois motivos: a soja importada ofereceu um menor preço, com uma diferença entre US$45 e US$90 por tonelada; e as empresas produtoras de óleo e farelo de soja pediam por grãos de maior qualidade, sendo estes os importados e não os produzidos localmente.

As importações de soja na China cresceram nos últimos cinco anos e alcançaram 86 milhões de toneladas no período fiscal 2016/17. Na safra 2015/2016, o número havia sido de 82,5 milhões de toneladas.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) estima que a China importará 122 milhões de toneladas de soja em 2021/2022 com uma tendência que se intensifica a partir de então e alcançaria as 200 milhões de toneladas em 2025.

Essa tendência ascendente coincide com o ritmo contrário da redução de área plantada de soja, que deve cair mais de 40% nos próximos 10 anos.

O primeiro e decisivo dado sobre a produção agroalimentar da República Popular para a conclusão da segunda década do século é que quase 300 milhões de habitantes do campo migrariam para as cidades em 2030. Mais de 40% da produção agroalimentar já é realizada pelas grandes corporações agroalimentares neste momento, cuja atividade se orienta exclusivamente por setores como os suínos, os lácteos e a produção de carne bovina, que segue crescente.

Essas corporações se constituem por meio da compra em grande escala dos direitos de uso sobre a terra dos habitantes do campo, cuja vigência é de mais de 20 anos. O objetivo é mobilizar a riqueza agrária da República Popular, cujo valor se estima em 20,6 bilhões de dólares - o dobro do PIB dp país - e que hoje está virtualmente paralisada.

Assim, a China está unificando o mercado de terras rural e urbano, outorgando direitos e sistemas de preços similares tanto para a população urbana quanto para a população rural.

A tendência demográfica da China é a seguinte: atualmente, a população urbana corresponde a 56% do total. Em 2020, seria 60%, 65% em 2025 e 72% em 2030.

A China tem, hoje, 102 cidades com mais de 1 milhão de habitantes e outras 63 com 5 milhões de habitantes ou mais; e este universo urbano aumentaria mais de 40% em 2030.

Tradução: Izadora Pimenta

Fonte: Clarín (Argentina)

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