Queda das vagens está relacionada a stress climático e solo sem oxigenação

Publicado em 22/01/2018 20:34

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Queda de vagens no Paraná - Janeiro 2018

Queda de vagens em lavoura de soja no oeste de Paraná - Envio de Ildefonso Ausec

O problema da queda de vagens nas lavouras de soja - mais severamente localizado no oeste do Paraná, mas também já sendo registrado em outros pontos do Brasil - continua sendo investigado por especialistas e produtores, porém, ainda sem uma conclusão efetiva. Já se sabe, no entanto, que trata-se de uma combinação de fatores e que esse é um quadro que compromete o rendimento das lavouras que se encontram nessa situação. 

Como explica o engenheiro agrônomo e doutor em sementes, Alexandre Gazolla Neto, essa reação das plantas é também reflexo de um problema na oxigenação do solo, iniciado ainda na época do plantio da oleaginosa diante de condições adversas de clima. São plantas que já vinham cansadas e, com um cenário sem condições favoráveis, começa a se 'proteger' derrubando as vagens. 

"Essa é uma situação muito semelhante a algo que aconteceu no Uruguai há três anos. Foi um ano de pouca chuva na época da semeadura depois uma chuvarada antes da florada, como aconteceu no Brasil, e isso causa muito estresse no momento da emergência das sementes", diz. 

E essa 'chuvarada', ainda de acordo com o especialista, comprometeu também a oxigenação do solo, agravando ainda mais o quadro. "Há um comprometimento do oxigênio no solo e com isso a planta desencadeia um processo de cortar seus drenos - que nesse caso são as vagens - para poupar energia. Muita água no solo, afinal, substitui o oxigênio. Nessa situação, as plantas têm também dificuldade com a fotossíntese e absorção de nutrientes", explica Gazolla. 

O fisiologista Elmar Floss explica que a falta de oxigênio para a respiração da raiz implica em um desequilíbrio hormonal, como forma de defesa da própria planta quando o sistema radicular enfrenta algum estresse. Além das chuvas, um solo compactado também pode causar este problema.

Saiba mais:

>> Adversidades climáticas e doenças de final de ciclo ocasionam queda de vagens nas lavouras de soja, diz especialista

Outra característica destaca pelo engenheiro é de que a situação é mais grave nas lavouras com variedades mais precoces. "Um planta de ciclo mais curto tem um período menor para realizar todos os seus processos, e por isso fica mais sensível a qualquer tipo de estresse", afirma. "E isso se agrava ainda mais nas precoces determinadas (que têm uma única florada)", completa. 

A população de plantas e as condições do solo nessas regiões também são fatores que entraram na equação que resultou nessa queda de vagens na soja. "Se o produtor errou e está com uma população maior do que o ideal de plantas, ele vai sofrer um pouco mais", diz Gazolla, lembrando que há ainda a questão do sombreamento pesando no quadro. 

Sobre o solo, o especialista lembra que é importante que o sojicultor trabalhe em garantir boas condições e perfil de solo para que resulte em lavouras de qualidade. O engenheiro explica que, com o solo compactado, a infiltração da água fica mais difícil e encharca a primeira camada. Se o solo estiver descompactado e com palha, a água infiltra e alcança as outras camadas". 

Queda de vagens no Paraná - Janeiro 2018

Queda de vagens no Paraná - Janeiro 2018

Queda de vagens no Paraná - Janeiro 2018

Queda de vagens no Paraná - Janeiro 2018

Queda de vagens no Paraná - Janeiro 2018

Queda de vagens no Paraná - Janeiro 2018

Queda de vagens na soja no PR - Janeiro 2018

Queda de vagens na soja no PR - Janeiro 2018

Fotos enviadas pelo produtor rural Ildefonso Ausec, de Doutor Camargo/PR

O vídeo a seguir mostra uma lavoura na região de Serranópolis do Iguaçu, no Paraná, onde o abortamento de vagens é de quase 100%. 

Previsão do Tempo

E as previsões continuam mostrando a continuidade das chuvas em quase toda a região Sul do Brasil, segundo informações do Inmet (Insituto Nacional de Meteorologia). No estado do Paraná, especialmente em suas faixas Sul e Oeste deverão receber acumulados de até 100 mm, além da possibilidade de queda de granizo.

Nas últimas 24 horas, os acumulados de chuvas em áreas do Sul e Oeste do Paraná chegaram a alcançar até 30mm, enquanto nos últimos 15 dias, os acumulados registram até 150 mm, como mostram, a seguir, os mapas do Inmet.

Chuvas acumuladas nas últimas 24h - Inmet

Chuvas acumuladas nas últimas 24h - Fonte: Inmet

Chuvas acumuladas nos últimos 15 dias - Inmet

Chuvas acumuladas nos últimos 15 dias - Fonte: Inmet

Veja mais:

>> Clima: Semana começa com previsão de tempestades, com acumulados de até 100 mm, no Sul do Brasil

Em Palotina, com a queda das vagens, há uma perspectiva de redução no rendimento das lavouras para essa temporada. As perdas já são consolidadas, mas ainda não podem ser quantificadas.

Contudo, o vice-presidente do Sindicato Rural do município, Edmilson Zabot, reforça que alguns produtores estão otimistas com a colheita. "Tivemos um produtor que terminou a colheita nesta quinta-feira (18) em área de pivô e a produtividade média ficou ao redor de 184 sacas por alqueire", completa.

>> Em Palotina (PR), produtividade da soja deve recuar nesta safra diante da queda das vagens

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Elton Szweryda Santos Paulinia - SP

    Incrivel, ninguém tem coragem de relatar as variedades, puro corporativismo nas costas dos produtores, cade a aprosoja?

    1