Com elevação das tensões comerciais, compradores chineses de soja criam planos de contingência

Publicado em 23/03/2018 11:55

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PEQUIM (Reuters) - Compradores chineses de soja, a maior exportação agrícola dos Estados Unidos ao país, estão silenciosamente elaborando planos de contingenciamento para garantir oferta de importante matéria-prima no caso de uma guerra comercial, disseram fontes.

Os movimentos são os sinais mais fortes até agora de que negociantes no país mais populoso do mundo estão ficando preocupados de que commodities críticas poderiam ficar atravancadas no meio de crescentes tensões comerciais.

Ao menos duas tradings já começaram a comprar mais farelo de colza, um ingrediente alternativo usado para produzir ração animal, no caso da oleaginosa ser alvo de retaliação por Pequim, disseram fontes na companhia familiarizadas com as estratégias.

"É uma escolha óbvia a de buscar outras fontes de proteína. Nós estamos comprando mais farelo de colza, por exemplo", disse uma das fontes.

A segunda fonte disse que sua empresa também estava comprando mais grãos secos de destilarias, o DDG -- um subproduto da produção de etanol usado como ingrediente para ração animal.

A companhia também está considerando aumentar as compras de soja do Brasil.

Como uma camada extra de proteção, sua companhia também passou a incluir cláusulas de saída em contratos de compras com fornecedores dos EUA, dando a eles o direito de cancelar o pedido caso necessário.

Futuros de aço e minério de ferro desabam na China com temor de guerra comercial

XANGAI (Reuters) - Os futuros do aço na China caíram nesta sexta-feira em meio à escalada das tensões entre o país asiático e os Estados Unidos e à fraca demanda pelo metal.

O contrato mais ativo do vergalhão de aço na Bolsa de Xangai fechou no limite de baixa de 7 por cento, a 3.369 iuanes por tonelada, o menor nível desde 11 de julho de 2017. Foi também a maior perda diária desde o lançamento do contrato, em abril de 2009.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um memorando presidencial na quinta-feira que pode impor tarifas de até 60 bilhões de dólares sobre importações da China.

O minério de ferro na Bolsa de Dalian também atingiu um limite de queda de 8 por cento, a 430,5 iuanes por tonelada, antes de fechar em baixa de 6,42 por cento, a 437,5 iuanes, menor patamar desde junho de 2017.

O minério de ferro para entrega no porto de Qingdao recuou 3,87 por cento, para 64,58 dólares por tonelada.

China alerta EUA que irá defender seus próprios interesses comerciais

PEQUIM (Reuters) - Os Estados Unidos desrespeitaram as regras comerciais com uma investigação sobre propriedade intelectual e a China defenderá seus interesses, disse o vice-primeiro ministro Liu He ao Secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, em uma ligação telefônica neste sábado, informou a mídia estatal chinesa.

O telefonema entre Mnuchin e Liu, um confidente do presidente Xi Jinping, foi o contato de mais alto nível entre os dois governos desde que o presidente dos EUA Donald Trump anunciou planos para tarifas de até 60 bilhões de dólares em produtos chineses na quinta-feira.

Um agravamento das diferenças têm provocado turbulências nos mercados financeiros e no mundo corporativo, com os investidores prevendo terríveis consequências para a economia global caso as barreiras comerciais comecem a ser levantadas.

Diversos chefes executivos dos EUA, que participaram de um fórum de alto nível em Pequim neste sábado, incluindo Larry Fink, da BlackRock Inc., e Tim Cook, da Apple, pediram moderação.

Em seu telefonema com Mnuchin, Liu, um economista formado em Harvard, disse que a China ainda espera que os dois lados permaneçam "racionais" e trabalhem juntos para manter as relações comerciais estáveis, informou a agência oficial de notícias Xinhua.

Autoridades dos EUA dizem que uma investigação de oito meses sob a Lei de Comércio dos EUA de 1974 descobriu que a China se envolve em práticas comerciais desleais, forçando os investidores americanos a entregar as principais tecnologias para as empresas chinesas.

No entanto, Liu disse que o relatório investigativo "viola as regras do comércio internacional e não beneficia os interesses chineses, os interesses dos EUA ou os interesses globais", segundo a Xinhua.

Tarifas sobre siderurgia dos EUA enfrentam críticas na OMC

GENEBRA (Reuters) - As tarifas de aço e alumínio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enfrentaram uma enxurrada de críticas durante reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) nesta sexta-feira, quando a União Europeia, Japão, Austrália e outros países se juntaram a um debate iniciado por China e Rússia.

O representante da UE rejeitou as afirmações dos EUA de que as medidas são necessárias para proteger a segurança nacional, dizendo que Washington está apenas tentando apoiar sua indústria, disse uma autoridade comercial de Genebra.

O diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, disse que era positivo ver a discussão acontecer dentro da OMC, já que levar as disputas para fora aumentou muito "o risco de escalada em um confronto que não terá vencedores".

"Interromper fluxos de comércio prejudicará a economia global em um momento no qual a recuperação econômica, ainda que frágil, tem sido cada vez mais evidente ao redor do mundo", disse em um comunicado. "Mais uma vez peço moderação e diálogo urgente como o melhor caminho à frente para resolver esses problemas."

China e Rússia já disseram que estão elaborando planos de retaliação para compensar o impacto das tarifas. Durante a reunião da OMC, a China disse que as tarifas eram "infundadas" e violaram as regras da OMC de várias maneiras.

O representante chinês disse que a experiência da década de 1930 mostrou que as barreiras comerciais faziam o oposto de proteger a segurança nacional, uma referência à Grande Depressão dos EUA e à preparação para a Segunda Guerra Mundial.

A Rússia questionou a base para isenções temporárias das tarifas, que Washington concedeu à UE, Argentina, Austrália, Canadá, México, Coreia do Sul e Brasil.

Outros países ecoaram as preocupações sobre um efeito dominó e disseram que isso poderia prejudicar o consenso da OMC, sob o qual os Estados evitaram invocar a segurança para justificar as barreiras.

O Brasil disse que a questão só poderia ser abordada multilateralmente, mas acrescentou que foi encorajado pelos esforços dos EUA para negociações bilaterais sobre o assunto, afirmou uma autoridade.

O representante dos EUA na reunião não respondeu diretamente às críticas, mas disse que suas tarifas eram "consistentes" com o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio da OMC.

China pressiona EUA a "retroceder" com países à beira de guerra comercial

PEQUIM/XANGAI (Reuters) - A China pressionou os Estados Unidos nesta sexta-feira a "retroceder" uma vez que os planos do presidente norte-americano, Donald Trump, de adotar tarifas de até 60 bilhões de dólares sobre bens chineses deixaram as duas maiores economias do mundo mais perto de uma guerra comercial.

O aumento das tensões provocou tremores nos mercados financeiros, com os investidores prevendo desastrosas consequências para a economia global se barreiras comerciais começarem a ser levantadas.

Trump está planejando impor tarifas para o que ele chama de apropriação indevida de propriedade intelectual dos EUA. Uma investigação foi aberta no ano passado segundo a Seção 301 do Trade Act dos EUA de 1974.

"A China não espera estar em uma guerra comercial, mas não tem medo de entrar em uma", respondeu o Ministério do Comércio em comunicado.

"A China espera que os Estados Unidos retroceda, tome decisões prudentes, e evite arrastar as relações comerciais bilaterais para um lugar perigoso."

Segundo um memorando presidencial assinado por Trump na quinta-feira, haverá um período de consulta de 30 dias que só começa quando uma lista de bens chineses for publicada. Isso cria na prática espaço para potenciais negociações em relação às alegações de Trump sobre roubo de propriedade intelectual e transferências forçadas de tecnologia.

Embora a Casa Branca tenha dito que as tarifas planejadas são uma resposta à "agressão econômica" da China, Trump afirmou ver a China como "um amigo" e que os dois lados estão em negociações.

Uma autoridade do Ministério do Comércio chinês afirmou que ambos os lados estão em contato. Ainda assim, não está claro sob quais termos os dois países estão dispostos a negociar.

Mercado avalia retaliação da China sobre EUA e conclui que soja e milho não estão ameaçados, pelo menos por enquanto

Nesta sexta-feira (23), o mercado da soja começou o dia "tenso" na Bolsa de Chicago (CBOT), com recuo de mais de 20 pontos, mas encerrou com pequenas quedas de um a dois pontos nos principais vencimentos.

Como destaca Ginaldo de Sousa, diretor da Labhoro Corretora, pequenos players e fundos pequenos começaram a vender pelo medo relativo à China. Contudo, quando essas vendas pararam, "acabou o gás" e o mercado voltou a trabalhar no verde.

O número exposto pela China para a retaliação contra os Estados Unidos, apesar de assustar, é pequeno e será distribuído entre vários produtos, de forma que não deve afetar o mercado da soja substancialmente. Ele lembra que, mais cedo ou mais tarde, os chineses devem colocar impostos sobre a soja norte-americana, mas que eles não podem evitar consumi-la.

Os chineses, na avaliação de Sousa, estão "tranquilos" porque sabem que o Brasil possui soja para fornecer até setembro, precisando apenas da soja norte-americana em outubro. As compras recentes feitas pelos asiáticos e a soja disponível da América do Sul, assim, seriam suficientes para lhes garantir tranquilidade.

Os próximos fatores no radar devem vir com os relatórios trimestral e de área dos Estados Unidos a serem divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Mais para a frente, o clima deste mesmo país e seu reflexo acentuado sobre o mercado deve começar a influenciar entre os meses de junho e julho.

 

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Fonte:
Reuters

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1 comentário

  • Cassiano aozane Vila nova do sul - RS

    Buenas..., tão igual Cusco em tiroteio..., ninguém sabe nada de nada, quem pode mais chora menos..., e até agora o chorotéu é de quem não pode nada e precisa de tudo..., até o Brasil que é líder de soja, minério, café ,cacau, carne (e processa quase nada) depende de manufaturadores/processadores pra manter suas cadeias..., os ovos tao só numa cesta e frigideira ta na mão de um só , e essas especulação são estrategias pras trader ganhar até já baixa... A banca sempre ganha.

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