Soja: Mercado brasileiro busca retomada nos prêmios e nos repiques da Bolsa de Chicago

Publicado em 22/06/2018 18:05

Essa foi mais uma semana de pressão sobre os preços da soja na Bolsa de Chicago. No saldo semanal, as baixas foram de pouco de 1% entre os contratos mais negociados, apesar das altas de mais de 10 pontos registradas no fechamento do pregão desta sexta-feira (22), e apenas o vencimento julho/18 ficou abaixo dos US$ 9,90 por bushel, terminando os negócios em US$ 8,94. 

O principal fator de pressão para as cotações continuou a ser a disputa comercial entre China e Estados Unidos e a soja estando no centro das tensões entre as duas maiores economias do mundo. As tarifações impostas por Donald Trump, afinal, estão prestes a serem efetivadas e a retaliação da nação asiática não deve demorar a acontecer. 

"A efetivação dessas barreiras tarifárias no dia 6 de julho irá colocar uma nova pressão sobre os preços da soja. No entanto, lembramos que qualquer possibilidade de reabertura das negociações entre EUA e China irá colocar uma forte tendência de alta nos curtos prazos", explica o analista de mercado Matheus Pereira, da AgResource Mercosul (ARC).

Mercado Internacional x Preços no Brasil

O executivo, no entanto, lembra que, em ambos os casos o mercado da soja será favorecido no longo prazo. "Por um lado, os prêmios de exportação se elevariam a níveis recorde, pelo outro, o mercado doméstico do Brasil iria reagir as altas dos preços na CBOT", completa. 

O mercado interno, porém, ainda sofre com o travamento da questão dos fretes e da incerteza de um acordo entre as entidades envolvidas na questão do tabelamento. Nesse cenário, novos negócios ainda são bastante escassos - apesar de uma considerável elevação dos prêmios nos portos brasileiros que já começa a acontecer. 

Durante esta semana, após uma audiência, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu mais uma semana para que as instituições cheguem a um denominador comum, e, depois disso, analistas e consultores de mercado acreditam em uma retomada do fluxo normal dos negócios. 

Ainda nesta sexta-feira, a maior parte das praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas segue sem referência de preço por conta do entrave logístico que conturbou o andamento do escoamento da soja Brasil a fora. Algumas altas, porém, foram registradas por conta do bom avanço dos futuros da oleaginosa em Chicago. 

Em Castro/PR, alta de 1,20% para R$ 84,00 por saca; de 0,84% em Rondonópolis/MT para R$ 71,70 e de 1,44% para R$ 70,50 em Alto Garças/MT. 

No porto de Paranaguá, os preços se mantiveram. A soja disponível ficou em R$ 83,00 por saca e em R$ 81,00 no mercado futuro. Em Rio Grande, ganho de 0,60% no disponível e de 0,59% para julho/18, com indicativos em, respectivamente, R$ 84,50 e R$ 85,00 por saca. 

Dólar

Nesta sexta, o dólar fechou em alta, mais uma vez, e ficou em R$ 3,7381, com ganho de 0,53%. O ganho semanal foi de 1,42%. A semana foi volátil para a divisa norte-americana e o mercado cambial sentiu mais intervenções do Banco Central. 

"O mercado está cauteloso... sensível. Então, qualquer notícia incomoda e o mercado se junta para puxar", afirmou o operador da corretora Spinelli, José Carlos Amado à agência de notícias Reuters.

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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