Soja: Alta do dólar é neutralizada por baixas dos prêmios e na CBOT e preços ficam estáveis no Brasil

Publicado em 21/08/2018 17:13

A nova dispara do câmbio levou o dólar a superar os R$ 4,00 nesta terça-feira (21) com o mercado financeiro bastante assustado com os resultados das últimas pesquisas eleitorais. Tanto a CNT/MDA quanto a Ibope mostraram um crescimento de Lula, mesmo o ex-presidente estando inelegível, com Jair Bolsonaro mantendo-se na segunda posição e a reação dos traders foi imediata.

Entre os preços da soja no mercado nacional, porém, o impacto dessa alta intensa da moeda norte-americano acabou sendo limitado por um recuo dos prêmios e das cotações na Bolsa de Chicago, segundo explicam analistas e consultores de mercado. 

"Esta alta do dólar ajudou a segurar os preços hoje nos patamares anteriores de R$ 92,00 a R$ 93,00 no porto de paranaguá, mas, em contrapartida, os prêmios recuaram um pouco em relação à semana passada e Chicago nesta terça-feira também esteve um pouco mais fraca, o que tirou a intenção de compra de alguns traders",diz Marlos Correa, analista da Insoy Commodities. 

Para fechar o dia, a soja disponível fechou com R$ 91,50 em Paranaguá e R$ 92,50 em Rio Grande. Já para setembro, o porto gaúcho terminou os negócios com R$ 93,00 por saca. Na soja da safra nova, o terminal paranaense manteve os R$ 86,00 por saca nesta terça. 

No interior do país, os ganhos foram mais expressivos e chegaram a marcar até 2,82%, como foi o caso de Jataí, em Goiás, com a saca em R$ 73,00 por saca. 

Por outro lado, os prêmios perderam um pouco de força dada, entre outros fatores, pela proximidade da chegada da nova safra norte-americana. Como explicou o economista e analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, há ainda algumas regiões com prêmios nominais e faltam referências consistentes para os preços. 

Contra os mais de 200 pontos dos últimos dias, os prêmios trabalharam, nesta terça-feira, no interavalo de 155 a 190/195 pontos nas principais posições de entrega, de acordo com fontes ouvidas pelo Notícias Agrícolas.

"Os preços não mudaram. O prêmio recuou, com alguns compradores recuando vinte pontos de ontem pra hoje. Então, o mercado fez conta hoje, dentro desse intervalo de prêmios. Quem está precisando comprar, com posição lá fora, estava fazendo conta no prêmio de 180", explica Rita De Baco, analista de mercado da De Baco Corretora de Mercadorias. 

Nesse quadro, o volume de negócios - apesar do dólar nos R$ 4,00 e de prêmios ainda fortes, apesar do recuo - acabou sendo limitado. 

"Poucos negócios efetivos saíram hoje. O vendedor olhando a alta do dólar e apostando em um posicionamento de Chicago acima dos US$ 9,00 por bushel acaba segurando o saldo que resta a comercializar para tentar conseguir preços mais próximos das máximas do ano", diz Marlos Correa. 

Baixas em Chicago

Na Bolsa de Chicago, as cotações fecharam o pregão desta terça-feira com baixas de 6,25 a 8,25 pontos nos principais contratos, e o novembro/18 - que é referência para o mercado agora - terminando o dia com US$ 8,85 por bushel. 

De acordo com informações de analistas internacionais, a pressão veio, em partes dos números parciais do croptour ProFarmer, um dos mais tradicionais dos Estados Unidos. Os dados mostraram níveis de produtividade acima do esperado para estados como Dakota do Sul, Ohio e Nebraska. Além disso, se comparados aos números do ano passado, os rendimentos se mostram mais de 10% maiores. 

Com a chegada desses dados, a informação de que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reduziu, pela terceira semana consecutiva, seu índice de lavouras de soja em boas ou excelentes condições em mais 1%, trazendo o número de 66% para 65%, acabou perdendo força. 

O mesmo se deu com as notícias já conhecidas de que China e Estados Unidos voltam a se reunir no final de agosto, podendo aumentar a proximidade de um acordo sobre as disputas tarifárias, motivando uma provável volta da demanda chinesa para a soja americana. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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