Soja recua mais de 1% em Chicago, mas combinação dólar+prêmio ainda sustenta preços no Brasil

Publicado em 22/08/2018 17:39

Com uma conjunção de fatores pesando sobre os futuros da soja nesta quarta-feira (22), o mercado encerrou o pregão na Bolsa de Chicago com baixas de 14,75 a 16,25 pontos nos principais vencimentos negociados. E assim, o novembro/18, contrato de referência para os preços da commodity neste momento, fechou com US$ 8,70 por bushel. 

Segundo explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o mercado segue pressionado ainda pelas últimas estimativas para a nova safra norte-americana. Os números trazidos pelo crop tour Pro Farmer mostram bons índices de produtividade para a soja, acima do esperado e dos dados do ano passado. 

Até esta quarta-feira, as informações têm sido reportadas estado a estado e os números finais serão divulgados na sexta-feira, 24 de agosto, e podem mexer com o mercado. Entretanto, Brandalizze lembra ainda que para a soja o Pro Farmer traz o número em contagem de vagens, o que não significa, necessariamente, produção. 

No caso da soja, as definições de produtividade são mais difíceis de serem alcançadas, dada a necessidade de avaliação do número de vagens por planta, de grãos por vagem e do tamanho destes grãos. Em 2017, a contagem de vagens na soja ficou 5,3% menor do que em 2016 - passando de 1,154 para 1,093 -, e a produtividade final da oleaginosa nos EUA foi de 55,03 sacas por hectare (49,1 bushels por acre). 

Leia mais, veja as últimas estimativas e fotos da safra 2018/19 dos EUA:

>> Primeiros números do ProFarmer mostram forte potencial da safra 2018/19 dos EUA

Além dessas informações, ainda como explica Brandalizze, as cotações da soja sentiram ainda o peso da nova forte alta do dólar frente ao real nesta quarta-feira - a moeda americana chegou a se aproximar de R$ 4,10 - e da sinalização da China de uma redução das tarifas sobre o trigo americano, mas ainda sem dar sinais para a soja. O mercado especulou sobre os rumores e intensificou a pressão sobre as cotações. 

Dessa forma, a pressão sobre os preços, ainda segundo o consultor, deve continuar ainda nos próximos dias, na dependência de informações sobre os novos encontros entre líderes americanos e chineses e de uma melhor definição da safra 2018/19 dos Estados Unidos. "Na sequência, o mercado já vai começar a olhar para as primeiras estimativas para a nova safra da América do Sul", diz. 

No Brasil

A baixa intensa em Chicago promoveu uma nova rodada de alta entre os prêmios pagos pela soja brasileira nesta quarta-feira, o que ajudou, ao lado do dólar, a manter sustentados os preços no mercado nacional. Entre as principais posições de entrega, os ganhos foram de mais de 2%, com outubro e novembro/18 voltando aos 200 pontos em Paranaguá. 

Assim, a soja disponível segue atuando no intervalo de R$ 91,00 a R$ 93,00 por saca nos principais portos do Brasil, chegando aos R$ 94,00 nos melhores momentos. E para Brandalizze, essas são referências que deverão ser mantidas. Os negócios seguem fluindo, principalmente suportados pela combinação câmbio + prêmio.

Já na safra nova, os negócios são mais lentos e a comercialização está atrasada em relação a anos anteriores. Com as cotações atuando entre R$ 86,50 e R$ 87,00, a remuneração é boa, mas o novo alvo dos produtores passou a ser os R$ 90,00, principalmente com uma aposta no dólar, ainda de acordo com o consultor. Além disso, as novas vendas também esbarram nos impasses dos fretes e acabam acontecendo de forma menos substancial do que no disponível. 

"Os compradores querem o grão nos portos, porque não sabem como e quanto terão que pagar de frete e, nessas condições, não tem vendedor", diz.  

Dólar

Com o sexto pregão de alta, o dólar fechou os negócios desta quarta-feira em R$ 4,0559, registrando alta de 0,46%. Na máxima do dia, a moeda bateu em R$ 4,0917. 

"As pesquisas, no geral, não mostram muitas divergências... Estamos num contexto em que Alckmin não decola", afirmou o analista-chefe da corretora Rico Investimentos, Roberto Indech à agência de notícias Reuters, em mais um dia em que as atenções se voltaram todas para a apreensão que causa o cenário eleitoral no Brasil. 

Leia mais:

>> Dólar tem 6ª alta e vai a R$4,05 com preocupação eleitoral

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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