Soja: Safra 2020/21 se aproxima do plantio com quase 60% já comercializada; preços são fortes

Publicado em 28/08/2020 17:21 e atualizado em 29/08/2020 20:22

Mais uma uma semana termina para o mercado da soja e os olhos do sojicultor brasileiro estão totalmente focados no plantio que começa em poucas semanas nos principais estados produtores. A safra 2020/21 começa com excelentes perspectivas de mercado e a possibilidade de cerca de 70% da produção estar já comprometida com a comercialização, como estima o consultor em agronegócios Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios. 

As vendas da nova safra estão muito adiantadas, se aproximando dos 55%. "E ao olharmos para regiões como Mato Grosso, Goiás e MATOPIBA, por exmeplo, os índices já chegam a 60%. Assim, vamos chegar bem vendidos ao plantio e quando a colheita começar, o mercado estará muito enxuto. Dessa forma, os produtores de áreas que colhem mais cedo - até mesmo em janeiro - chegarão a um mercado esvaziado, com prêmios bastante elevados e que poderão estimualar o produtor a vender. Assim, podemos chegar a março com um percentual da safra vendida ainda maior e teremos um segundo semestre de 2021, mais uma vez, de escassez", explica Fernandes. 

O consultor explica que a vantagem cambial e prêmios altos, inclusive, já são esperados também para o início do próximo ano, complementando o ambiente favorável para a comercialização além da demanda muito aquecida. 

A China vem concentrando boa parte de  suas compras da oleaginosa nos Estados Unidos neste momento, dada a oferta escassa no Brasil neste momento. Todavia, ainda como explica Fernandes, a tendência é de que a nação asiática se volte ao mercado brasileiro na medida em que a produção da nova temporada comece a se mostrar disponível. 

"Se os preços estarão mais altos do que hoje dependerá de onde estará o câmbio. Vamos fechar 2020 com uma situação fiscal caótica e isso sinaliza que o dólar pode estar alto. Mas a volatilidade agora é muito grande, inclusive diária", explica o especialista da Terra. 

E assim como se deu em 2020, a força da demanda interna também dará impulso às cotações em 2021. A busca pelo farelo de soja pelo setor de proteínas deve seguir bastante aquecida, bem como pelo óleo no setor de biodiesel, onde a mistura de óleo de soja no óleo diesel pode chegar aos 13%. "2021 começará com o mercado vazio de soja e vai terminar com estoques muito apertados", diz. 

SAFRA 2019/20

Sobre o restante da safra 2019/20, o mercado é muito demandado e "as origens continuam colocando preço no produto, que é um insumo muito raro". Por isso, as indústrias seguem demandando e se posicionando até dezembro sabendo da dura escassez do mercado. Na semana, as ofertas de preço por parte das indústrias processadoras chegaram a superar os R$ 140,00 por saca. 

No mercado brasileiro, a semana ainda foi marcada pela polêmica da declaração do Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, César Halum, sobre a possibilidade de o governo isentar soja, milho e arroz de fora do Mercosul para importação pelo Brasil. No entanto, logo a situação foi esclarecida e o deputado federal Jerônimo Goergen, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta sexta-feira (28), informou que a Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, desautorizou internamente o Secretário. 

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Ainda assim, as importações brasileiras de soja são muito maiores do que em anos anteriores, mas com países como o Paraguai se mantendo como seu principal fornecedor. Entre janeiro e 15 de agosto, os embarques da oleaginosa já somam 445 mil toneladas e devem encerrar o mês com 500 mil e até um pouco mais. Em todo ano de 2019, o Brasil importou cerca de 150 mil toneladas do grão paraguaio. 

+ Brasil pode fechar agosto com importações de 500 mil t de soja do Paraguai contra 150 mil ao longo de 2019

MERCADO EM CHICAGO

A semana foi bastante forte para o mercado da soja na Bolsa de Chicago, que encerrou o pregão desta sexta-feira (28) com altas de mais de 1% entre os principais contratos, com as cotações superando os US$ 9,50 e alcançando suas máximas em 11 meses. A alta acumulada na semana chega a 5%. 

Dessa forma, o novembro terminou o dia com US$ 9,50 e o março/21, US$ 9,56 por bushel. O clima no Meio-Oeste americano e a demanda chinesa são os principais fatores de alta para as cotações. 

"O mercado está olhando para o clima no Corn Belt, principalmente em Iowa, mas as compras chinesas são o mais importante agora", explica Ênio Fernandes. Durante a semana a nação asiática fez novas compras no mercado americano e fontes internacionais ouvidas pela Bloomberg estimaram as importações de soja pela China nos EUA em 40 milhões de toneladas. "Eles nunca compraram esse volume, isso seria muito importante", diz. 

Além disso, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe seu novo boletim semanal de vendas para exportação com os números da soja 2020/21 em quase 1,9 milhão de toneladas. 

"Há preocupações válidas com alguns problemas de clima nos EUA e as próximas estimativas de safras pelo USDA no boletim de setembro. A falta de chuvcas em agosto e mais o calor se estendendo por mais tempo pegou a soja em desenvolvimento em diversas áreas. O milho também sofre com o tempo seco das últimas três semanas. Não estamos tendo os mesmos problemas do ano passado, mas as estimativas de uma safra recorde se tornaram projeções dentro da média neste mês de agosto", explica o analista Al Kluis, da Kluis Advisors, ao portal norte-americano Successful Farming. 

Algumas chuvas são previstas para os próximos 7 dias e elas são esperadas, principalmente, para a região Oeste do Meio-Oeste americano. O mapa abaixo traz a previsão até 5 de setembro. 

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Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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