Soja: Mercado brasileiro tem dia de poucos negócios com volatilidade intensa em Chicago e no dólar
A quarta-feira (13) se encerrou com altas tímidas para os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago depois de uma sessão bastante volátil. Os ganhos entre os contratos mais negociados foram de 6,50 a 16,50 pontos, com o o agosto finalizando o dia com US$ 14,84 e o novembro - referência para a safra americana - valendo US$ 13,49 por bushel.
A mesma volatilidade que acometeu todas as commodities - agrícolas, energéticas e metálicas - nesta sessão chegou também ao dólar. A moeda americana chegou a superar os R$ 5,46 em uma disparada logo na sequência da divulgação dos dados da inflação nos EUA - em 9,1%, acima do esperado e a mais alta em 40 anos - mas voltou a recuar e terminou o dia sendo cotado a R$ 5,41, com baixa de 0,61%.
Com toda essa confusão, o mercado brasileiro registrou escassos negócios e a formação de preços ficou também sem uma direção clara no Brasil. E assim, como explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, os indicativos de balcão cederam até R$ 3,00 por saca, chegando aos R$ 175,00 por saca, se aproximando dos R$ 180,00 onde as posições são melhores, no sul e sudeste do país.
Nos portos, as referências também cederam. Para agosto, em Paranaguá, a soja disponível testava níveis próximos a R$ 194,00, contra R$ 198,00 que testou nesta terça (12). Para setembro, que ontem chegou a ainda marcar os R$ 200,00, nesta quarta testou o intervalo de R$ 195,00 a R$ 196,00. Nas operações para entrega curta e pagamento em janeiro, indicativos voltando aos R$ 200,00, contra R$ 205,00 do dia anterior.
"Quase não foram indicados negócios. Vendo a bolsa caindo um pouco, seguraram. E a maior parte dos corretores que conversamos hoje aponta que boa parte do mercado de lotes deve ser indicada para esta quinta-feira já que o mercado de balcão também não girou muito. Hoje foi um dia muito calmo de negócios", explicou Brandalizze.
BOLSA DE CHICAGO
O mercado tem ainda muita influência do macrocenário, do financeiro e já testaram os dois lados da tabela no pregão de hoje. Logo na sequência dos dados de inflação nos EUA em junho que vieram em 9,1% - a mais alta em 40 anos, acima das expectativas - todos os mercados despencaram, porém, vão testando certa recuperação e voltam a subir, olhando novamente para seus fundamentos.
Embora a pressão dos temores de um recessão seja intensa, bem como dos novos lockdowns na China e de uma demanda mais contida por commodities de todas as naturezas, a nova safra americana está em andamento e o clima ainda preocupa no Corn Belt.
"Os preços do milho se recuperaram bem para negociar os riscos climáticos, com a soja acompanhando. O clima nas próximas semanas é o grande fator fundamental para essas commodities. Há pouca margem para erro (da nova safra americana)", diz o economista chefe de commodities do StoneX Group, Arlan Suderman.
Os mapas climáticos continuam a mostrar poucas chuvas para o Meio-Oeste americano nos próximos dias, porém, indicando temperaturas ainda bastante elevadas. "Muitas áreas não receberão volumes mensuráveis de chuvas até o final desta semana. As previsões para os próximos 6 a 10 dias ainda mostram dias de tempo quente e seco para o todo o centro dos EUA", explicam os analistas de mercado do portal Farm Futures.
Do mesmo modo, o comportamento da demanda chinesa também se mantém no radar e, nesta quarta-feira, teve ainda mais espaço nas análises com os dados as importações chinesas que foram reportados pela Administração Geral das Alfândegas.
A nação asiática importou 8,25 milhões de toneladas da oleaginosa no mês passado e o volume veio aquém do registrado em maio, quando foram adquiridas 9,67 milhões.
“As margens de esmagamento estão relativamente baixas e os importadores estão apenas comprando o que precisam e não querem acumular grandes estoques quando as margens futuras são negativas”, disse um trader da China - que não quis ser identificado - à Reuters Internacional.