Complexo Soja bate recorde de receita nas exportações ao alcançar US$ 50 bilhões nesta 5ª feira

Publicado em 22/09/2022 17:38

Com tímidas oscilações entre os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago nesta quinta-feira (22) e o mercado encerrando o dia com baixas de 3 a 4,25 pontos apenas, os destaques deste quase final de semana são as exportações do complexo soja brasileiro que alcançaram o recorde de US$ 50 bilhões. A oleaginosa em grão e seus derivados continuam sendo alguns dos principais itens da pauta exportadora do país, como explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. 

"Esse é recorde histórico das exportações de soja, do complexo soja", diz. E Brandalizze explica ainda que os negócios que têm sido registrados nestas últimas semanas são focados, justamente, nas exportações, uma vez que as indústrias nacionais estão abastecidas, pouco presente no mercado para novos negócios. 

De acordo com os últimos números divulgados pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) na segunda-feira (19), com dados contabilizados para setembro, o Brasil já havia embarcado 2,571,2 milhões de toneladas de soja em grão, levando o acumulado no ano a 69,6 milhões de toneladas. Embora o total das exportações de 2022 seja, em volume, menor do que o do mesmo período do ano passado, quando eram 74,8 milhões de toneladas - os bons preços praticados até aqui resultaram neste recorde em divisas geradas à economia brasileira. 

Ainda segundo o consultor, as exportações de soja do Brasil poderão alcançar algo entre US$ 55 e US$ 53 bilhões, se confirmando, mais uma vez, como o principal produto exportado pela nação. Assim, são mais de R$ 250 milhões de janeiro até agora que "têm ajudado a a economia brasileira andar e sair da pandemia e da crise que o mundo vem passando", afirma.

Apesar da demanda externa, ao menos por agora, estar mais concentrada nos produtos argentino e norte-americano, ainda é forte também para a soja brasileira, o que se traduz em prêmios que permanecem fortes nos portos nacionais. "Os prêmios vinham caindo, mas hoje ainda dá chance de 200 (cents de dólar por bushel sobre Chicago) e 180 para novembro", explica Vlamir Brandalizze. 

Assim, as boas oportunidades precisam ser aproveitadas pelo produtor brasileiro, principalmente, porque os preços mais a frente poderiam sentir a pressão da chegada efetiva da nova oferta americana ao mercado e do avanço do plantio no Brasil. 

"A maioria do produtor brasileiro não travou soja, ou não fez nada de futuro, e pode chegar na hora da colheita com uma super safra, prêmio pressionado, e receber menos do que tem oportunidade agora. Porque agora, no porto, está dando chance de, em média, R$ 175,00 por saca - de US$ 32,00 a US$ 33,00. Chicago acima de US$ 14,50, US$ 14,70, é boa posição para fazer hedge", orienta o consultor. 

BOLSA DE CHICAGO

Nesta quinta-feira, em Chicago, mais uma sessão de lateralização para os futuros da soja. O mercado espera por novas e fortes notícias para redefinir sua direção. O novembro terminou o pregão com US$ 14,57 e o março com US$ 14,65 por bushel. 

Os traders mantêm sua atenção sobre a colheita americana, o plantio brasileiro, o comportamento da demanda e o humor do mercado financeiro. Além disso, acompanham ainda o comportamento da demanda e as vendas argentinas, que continuam bastante fortes dado o estímulo do 'dólar soja'. 

Como explica Ginaldo Sousa, diretor geral do Grupo Labhoro, em entrevista ao Notícias Agrícolas, a revisão de produtividade nos EUA, o fim do corredor de exportação na Ucrânia e o clima na América do Sul precisam ser monitorados e poderiam, caso compliquem ainda mais o já apertado quadro de oferta e demanda da soja, levar os preços a testarem, novamente, os US$ 15,00 por bushel na Bolsa de Chicago. 

Veja sua entrevista na íntegra:

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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