Soja ameniza ganhos com virada do farelo, mas ainda encerra 4ª feira em campo positivo na Bolsa de Chicago
Embora com ganhos mais tímidos, os preços da soja encerraram os negócios desta quarta-feira (18) em campo positivo na Bolsa de Chicago, subindo entre 6,75 e 9 pontos nos contratos mais negociados. Durante o pregão, os ganhos chegaram a passar dos 10 pontos e, assim, o novembro conclui os negócios com US$ 10,15 e o maio - referência para a nova safra brasileira - com US$ 10,60 por bushel.
Os futuros do grão tiveram apoio ao longo de todo o dia de boas altas dos derivados também negociados na CBOT. O farelo, porém, perdeu força e encerrou o dia com estabilidade, testando leves baixas, enquanto o óleo conseguiu se manter e fechou com mais de 1% de alta entre as posições mais negociadas.
"As investigações antidumping da China contra a canola canadense e possíveis retaliações a Austrália podem restringir ainda mais a oferta de farelo de colza no mercado chinês, o que trouxe suporte ao farelo de soja por boa parte do dia", explicou o time da Agrinvest Commodities. "No entanto, nesta tarde o farelo virou, retirando boa parte dos ganhos da soja, já que na Argentina rumores de redução das retenciones de 33% para 30% poderiam causar forte pressão nos preços do farelo", complementa a consultoria.
Além da movimentação dos derivados, os traders permaneceram atentos aos cenários de clima nos EUA e, em especial, no Brasil, onde a falta de chuvas ainda preocupa para o início do plantio da soja 2024/25 em algumas regiões-chave do país. Segundo explicou Lanzoerques Júnior, agrometeorologista da Zeus AgroTech, as precipitações deverão voltar aos poucos às principais regiões de produção, porém, com alguns pontos de atenção ainda, como os mapas divergindo sobre as ocorrências no Pará e na região do Matopiba.
Para o Centro-Oeste brasileiro, os mapas continuam sinalizando um reestabelecimento mais consistente das chuvas somente a partir de outubro, o que pode acontecer também para o Sudeste.
Já no Paraná, segundo maior estado produtor de soja do Brasil, a semeadura já foi iniciada e alcançou 1% da área, estimada em 5,8 milhões de hectares, de acordo com o Deral (Departamento de Economia Rural do Estado do Paraná). Confirmada, esta será a maior área destinada ao plantio da oleaginosa no estado. Em partes do estado de Mato Grosso do Sul os trabalhos de campo também já foram iniciados.
Ainda nesta quarta-feira, a Climatempo também trouxe um levantamento do impacto do tempo seco para o início das novas safras de verão.
"O atual período de seca e de calor deverá se estender até meados de outubro, devido ao atraso nas chuvas previstas para o início da primavera, com impacto sobre o plantio dos cultivos de verão. O início da primavera, no dia 22 de setembro, não irá se caracterizar pelo retorno imediato das chuvas. A previsão é de que setembro seguirá bastante seco e quente na região Central do País e até parte do Nordeste, compreendendo os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Tocantins, Maranhão e Piauí", alertou a Climatempo.
No cenário do mercado financeiro, as atenções se deram sobre a notícia vinda da reunião do Federal Reserve confirmando o início do ciclo de corte da taxa de juros norte-americana em 0,5 ponto percentual. "O Comitê (Federal de Mercado Aberto) adquiriu maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2% e julga que os riscos para atingir suas metas de emprego e inflação estão mais ou menos equilibrados", disseram formuladores de política monetária em sua declaração.
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A decisão deu espaço para uma nova queda do dólar frente ao real, que caminhava para encerrar a quarta-feira com baixa de 0,8% e valendo R$ 5,45. Na sequência da divulgação, a moeda americana chegou a despencar mais de 1%, fator que também serviu como suporte para os futuros não só da soja, mas de mais commodities. No açúcar negociado na Bolsa de Nova York, por exemplo, os ganhos passaram de 5%.
"Após o anúncio do corte de 50 bps nas taxas de juros, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que o FOMC não está declarando vitória sobre a inflação . Embora a inflação esteja mais próxima da meta de 2%, Powell ressaltou que o banco central continuará monitorando os riscos econômicos e agindo com cautela. Ele também destacou que a economia americana está "no seu devido lugar", embora ainda enfrente incertezas que exigem uma abordagem prudente", informaram os analistas da Royal Rural.
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