Prêmios nas exportações de soja voltam a ser positivos

Publicado em 20/01/2009 17:18
A colheita de soja na safra 2008/09 está apenas no início no Brasil, mas os exportadores têm tido nos últimos dias a boa notícia do retorno ao território positivo dos prêmios para embarques. O adicional tem sido pago mesmo em um momento de nova alta dos preços do grão, que desde o fim de 2007 passaram a flutuar em patamares bem acima de suas médias históricas, mas que caíram ao longo do segundo semestre de 2008.

Referência internacional para a formação de preços das commodities agrícolas, a bolsa de Chicago é a base do cálculo do ágio que tem sido praticado nos últimos dias. Sobre a cotação, atualmente em torno de US$ 10 por bushel (medida que equivale a 27,2 quilos), os embarques têm sido negociados com um prêmio de até 70 centavos de dólar. Como o prêmio pode ser positivo ou negativo, a depender de fatores como origem e destino do produto, demanda, câmbio e frete marítimo, ele ajuda a dar um retrato do mercado no momento do embarque.

Não apenas o adicional pago é bem-vindo aos exportadores, mas também contrasta com o que ocorreu nesta mesma época de 2008. Na última sexta-feira, dia 16, o prêmio para embarque em Paranaguá foi positivo em 70 cents para entregas em janeiro e fevereiro, o exato oposto do registrado em 18 de janeiro de 2008, quando o deságio era de 70 centavos de dólar, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

"Perto do monstro que se criou quando se falava desta safra, dá para dizer que Papai Noel existe", diz o analista Eduardo Godoi, da Agência Rural. "Está tudo muito melhor do que se esperava. O produtor estava descapitalizado, mas o mercado está com uma liquidez muito boa".

Os fundamentos de oferta e demanda do grão, que têm dado o tom do vaivém dos preços da commodity na últimas semanas - em oposição ao que ocorreu no último ano, quando as cotações foram balizadas mais pela forte presença de especuladores nesse mercado -, também ajudam a explicar os prêmios positivos que têm sido praticados neste mês.

"Em 2008, nesta mesma época, existia a expectativa de uma grande oferta de soja porque a previsão de que se teria uma safra boa. Não havia necessidade de pagamento de prêmio com a perspectiva de uma oferta grande", diz Lucilio Alves, pesquisador do Cepea. "Além do mais, o preço já estava muito alto". Há 12 meses, os contratos de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) circundavam os US$ 13 por bushel - até o fim de 2007, a média histórica era de US$ 6 por bushel.

Neste ano, a seca na Argentina e no Sul do Brasil, além de Mato Grosso do Sul, tem ajudado a sustentar os preços da commodity no mercado internacional. "E os estoques mundiais até se recuperaram um pouco, mas ainda estão muito baixos", afirma Alves. Na semana passada o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou para baixo sua projeção dos estoques finais de soja na temporada 2008/09, alterando o número de 54,19 milhões para 53,94 milhões de toneladas. Há apenas dois anos, os estoques globais eram quase 10 milhões de toneladas maiores que esse volume.

Os prêmios para exportação estão atrativos, mas quase toda a soja colhida até o momento tem abastecido o mercado interno, já que os armazéns das esmagadoras estavam praticamente zerados. Até o dia 15, a colheita em Mato Grosso, primeiro Estado a colher soja na safra 2008/09, ocorreu em 1,2% da área plantada no Estado, que foi de 5,5 milhões de hectares, de acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agrícola (Imea).


Fonte: Valor Econômico
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