Pagando os pecados

Publicado em 02/12/2009 10:13 e atualizado em 02/12/2009 12:36

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Este povo da soja teve zero bom senso quando meteu os tratores nas cabeceiras do rio Xingu. Invadiram terras indígenas, derrubaram a mata que protege a beira dos rios impiedosamente. Entupiram sem dó todos os corixos de água pura e cristalina. Fizeram a floresta arder em chamas até o chão ficar coberto de cinzas. Até hoje toneladas de inseticidas são borrifados de avião sem a menor pena, ou preocupação com o meio ambiente e seus habitantes.

E agora, de repente, eles mudaram.  Para lavar a alma da vida pregressa e garantir o lugar no céu fizeram amizade com os inimigos, aqueles que sempre tentaram impedir o crescimento do país, os índios, assentados e  organizações não governamentais. Pobre índio foi usado e abusado desde o descobrimento. “Uma bugrada mal cheirosa que não acompanhou o desenvolvimento da espécie  humana”, é o que eu tenho ouvido nestes quarenta anos de andanças pelo país...

Minha caderneta de anotações íntimas não esqueceu as críticas maldosas dos novos indianistas, antropólogos modernos, sobre relação dos irmãos Villas Boas com os índios. “São paternalistas, abraçam os índios e presenteiam com sabonete.”

Hoje, pobre índio, compra sabonete vendendo semente para reflorestar o seu quintal que foi derrubado contra a vontade e ainda fica devendo favor para os brancos que arrumaram “alternativas de sobrevivência”(veja matéria que saiu na Folha, abaixo) para suas aldeias. Pior, nunca mais receberam abraços como aqueles dos irmãos sertanistas que deram a vida por eles.

“Xingu vivo

Em projeto pioneiro, índios, assentados e fazendeiros se envolvem no reflorestamento da área para garantir a sobrevivência do rio Xingu. Os Ikpeng, do Parque Indígena do Xingu (MT), são o grupo mais produtivo da rede de coleta de sementes montada pela campanha Y Ikatu Xingu. A mais de 300 km dali, no município de Água Boa (MT), 40 famílias do Projeto de Assentamento Jaraguá também coletam sementes para a campanha. As sementes são vendidas para agricultores recuperarem matas ciliares destruídas. A coleta de sementes nativas constitui excelente alternativa de vida, dado seu alto valor. A procura em alta por sementes decorre do sucesso que a técnica de recomposição em desenvolvimento pelo Instituto Socioambiental (ISA) e seus parceiros vem alcançando. Cerca de mil hectares já foram replantados pela campanha em projetos-piloto (Folha de São Paulo, Mais, Pags. 4 a 6)
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