Cotações futuras e tendências da soja em Chicago

Publicado em 23/02/2010 10:12 e atualizado em 23/02/2010 11:17

Receios de inflação e aproximação do mercado climático de soja nos EUA são possíveis motivos da alta das cotações futuras de soja nesta segunda-feira, em Chicago.

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Nesta segunda-feira, vinte e dois de fevereiro de 2010, as cotações futuras de soja relativas aos três primeiros vencimentos fecharam com sólidos ganhos, na Bolsa Mercantil de Chicago (CME Group), no que se refere aos três primeiros vencimentos, conforme a tabela acima. Nesta data, estima-se que os fundos de especulação tenham comprado cerca de 5.000 lotes futuros (680.000 toneladas) de soja, de 2.000 lotes futuros de óleo de soja e de 1.000 lotes futuros de farelo de soja.

Muitas posições futuras vendidas a descoberto (posições vendidas especulativas) foram nesta sexta-feira rapidamente cobertas em grande parte por razões de cunho técnico e não por razões vinculadas aos fundamentos de oferta e demanda de soja, seja no cenário norte-americano, seja no cenário global. Este movimento altista foi também ajudado pelo fato de o Dólar norte-americano ter-se desvalorizado perante outras moedas conversíveis. Outro ponto positivo a influenciar o rally de alta das cotações futuras da oleaginosa nesta data consistiu no expressivo total de soja norte-americana embarcada para exportação na semana passada, ou seja, 952.272 toneladas - bem acima do esperado pelos participantes do mercado futuro.

E que razões de cunho técnico foram essas que tanto contribuíram para o acentuado avanço das cotações no pregão futuro de soja em Chicago, nesta data? Se examinarmos com cuidado o primeiro gráfico abaixo notaremos que as barras diárias (que expressam o intervalo entre as cotações mínima e máxima de cada sessão futura de soja na Bolsa Mercantil de Chicago) desenharam figura de cunha em V, sendo que a ponta (ou o vértice) dessa cunha (ou ângulo) está apontada para baixo e atingiu a cotação mínima de US$9,00 por bushel, no início de fevereiro corrente. Seria o que se convencionou chamar como "a mínima de curto prazo".

Desde então, as referidas barras diárias no decorrer das sessões futuras de soja em Chicago passaram a configurar o que os analistas técnicos costumam designar como "canal de alta", ou "tendência primária de alta". Essa tendência parece em vias de confirmar-se, mas é necessário que se mantenha por mais algum tempo e que venha a testar (e romper para cima) níveis relevantes de resistência. O próximo nível relevante de resistência situa-se a US$9,75 e, logo em seguida, aparece o importante nível de resistência que corresponde à média móvel de 50 dias (linha em verde). Se esta também for rompida para cima, o gap (espaço vazio) em torno de US$10,00 por bushel poderá vir a ser fechado.

É interessante notar que todo esse desenvolvimento técnico positivo para as cotações futuras de soja não se vincula a razões pertinentes aos fundamentos de oferta e de demanda da commodity em foco. Em verdade, começou a formar-se a partir de rumores recentes de que o Banco Central dos EUA (FED) iria aumentar os juros, como de fato acaba de acontecer com o incremento de 0,25 % da taxa de redesconto bancário naquele país, em 18/02/2010. Esse leve e talvez ainda simbólico aperto monetário é possivelmente o início de gradativa, mas continuada ação das autoridades monetárias norte-americanas para conter ameaças inflacionárias passíveis de agravar-se, na medida em que se consolida a recuperação da economia dos EUA.

Ora, é justamente em conjunturas de renovados receios de inflação e de crescente aperto monetário que os fundos de especulação, notadamente os fundos de índices, gostam de entrar nos pregões futuros de commodities, para atuar pesadamente nas respectivas pontas compradoras. Hoje em dia, não é suficiente apenas olhar para os fundamentos de oferta e de demanda de soja. É preciso não perder de vista o grande cenário macroeconômico.

Outro dado altista de cunho não fundamentalista reside na proximidade da data em que se fecha a "janela ótima de oportunidade de plantio de soja" no importante estado de Iowa, o maior estado produtor de soja norte-americano, situado no coração do Cinturão de Milho e de Soja dos EUA. Essa data, segundo o Professor Assistente de Agronomia da Universidade de Iowa, Palle Pedersen, é 15 de maio de cada ano. Aperte a tecla Control e clique no seguinte LINK, se desejar ler na íntegra, em inglês, o artigo do Professor Pedersen (título do artigo - livre tradução: "A redução do período de crescimento (vegetativo) constitui variável limitante da produtividade (de sua lavoura de soja)".

Ora, entre a presente data de 22 de fevereiro e a data de 15 de maio de 2010 decorrem tão somente dois meses e vinte e três dias! Ou seja, como ninguém sabe com precisão como será o clima no Meio-Oeste dos EUA no citado (e próximo) intervalo de tempo, é possível que possa começar muito em breve o chamado "mercado climático norte-americano", ou seja, o período de elevada incerteza e de acentuada volatilidade dos preços futuros vinculadas ao clima  da primavera do citado país do Hemisfério Norte. Aos fundos de especulação - notadamente aos fundos de índices - basta suspeitarem dessa possibilidade para que  comecem a preparar-se para assumir expressivas posições especulativas compradas em soja (e possivelmente também em milho). O clima nos EUA nã o vem se comportando  em linha com o seu padrão médio histórico. E em geral, os mercados futuros antecipam-se com respeito às opiniões médias de seus analistas, e não o contrário.

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Cordiais saudações,
Antonio Bueno
SojaNet

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