Safra de soja em MT: volumosa, rápida, mas com péssimo escoamento

Publicado em 31/03/2010 08:56
Mesmo com péssima logística, colheita de soja em MT é a mais rápida da história.
A colheita da soja em Mato Grosso tem mais uma façanha a comemorar. O levantamento semanal do Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária (Imea), que mostrou que dos 6 milhões de hectares colhidos, que correspondem a 98% dos 6,122 milhões de hectares cultivados na atual safra, indica que a colheita fechou duas semanas mais cedo nesta safra do que na do ano passado.
Por conta disso a atual safra entrará para a história como uma das mais rápidas já registradas. Vários são os fatores que contribuíram para o feito: as condições climáticas favoreceram a antecipação do plantio, a maioria dos produtores optou pelo cultivo de variedades precoces, que têm ciclo mais curto, e na sequência a soja precoce, que nesta safra ocupou dois terços da área cultivada, há dez anos não chegava a 10%.

Do outro lado da façanha, o transporte, todavia, não acompanha a rapidez verificada nos serviços do campo. Isto porque a BR-364 continua sendo um dos mais importantes canais de escoamento da safra colhida em todo o estado. Um território com mais de 6 milhões de hectares plantados, mas que no entanto ainda depende em sua maioria apenas de uma rodovia para transportar sua imensa produção agrícola, e com terminais ferroviários apenas no sudeste do Estado, na fronteira com Goiás, nunca poderá ter rapidez em seu escoamento.

No caminho pela BR-364 até os terminais de Alto Araguaia e Alto Taquari, por exemplo, salvo as excessões onde o governo realizou operações tapa-buracos, verifica-se uma rodovia precária, com trechos quase intransitáveis e buracos pipocando em vários locais do percurso. Como o perigo na estrada é iminente, vive-se ainda o caos dos congestionamentos no menor dos acidentes. Na semana passada, por exemplo, o choque entre dois caminhões na entrada de Nova Mutum, a 250 quilômetros de Cuiabá, atrasou a viagem do carreteiro em pelo menos 6 horas.

"Outro dia, na saída do Araguaia, ajudei a socorrer a mulher de um colega", atestou Rivaldo, 30 anos de idade e 10 de profissão, enquanto o congestionamento de caminhões aumentava na BR. Para se ter uma ideia do total transportado somente pela estrada, a ferrovia da ALL que parte de Mato Grosso em direção ao porto de Santos (SP) deve conduzir este ano mais de 10 milhões de toneladas (equivalente a cerca de 40 por cento da safra mato-grossense de soja e milho), volume este que passa antes pela BR-364.

A safra de soja de Mato Grosso que acabou de ser colhida é estimada em quase 19 milhões de toneladas, ante 18 milhões na temporada passada, segundo o Ministério da Agricultura. "Com uma safra recorde dessa, quem dera conseguíssemos atender a 100 por cento da demanda", afirmou Carlos Eduardo Monteiro de Barros, superintendente de Terminais da ALL, indicando que, apesar de investimentos recentes em equipamentos, a capacidade de atendimento ainda é insuficiente.

A comercialização também está mais adiantada nesta safra. Segundo o Imea, até a quarta-feira da semana passada, as vendas atingiram 63% da safra que está sendo colhida e apresentaram uma evolução mensal de seis pontos porcentuais tanto em relação à semana anterior como ao mesmo período do ano passado.
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Fonte:
Expresso MT

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