Produtores do Paraná vendem soja para liberar silos e pagar contas

Publicado em 19/04/2010 09:18

Embora os produtores de soja do Sul do Brasil não se sintam muito confortáveis para realizar negócios com o câmbio atual, as vendas de soja estão ativas, especialmente dos produtores do Paraná, onde o porto de exportação (Paranaguá) registra as maiores esperas de navios para atracar no Brasil, disseram fontes do mercado.

Num momento de bons preços internacionais, agricultores do Paraná, o segundo produtor de soja do Brasil, estão vendendo parte de sua safra recém-colhida para pagar contas inadiáveis ou mesmo para liberar espaço em armazéns lotados com uma produção recorde, segundo fontes do mercado.

"Está tendo liquidez, está tendo negócio, e no Sul é algo mais ligado à questão da logística... O pessoal está vendendo primeiro para arrumar espaço (nos armazéns) e segundo para começar a pagar dívidas", declarou Flávio Turra, o gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná.

A comercialização da oleaginosa está se concentrando mais no Paraná neste mês, uma vez que o Mato Grosso, o principal Estado da soja, já realizou boa parte dos negócios.

"Na região Sul do país, os negócios até que andam, pois os produtores estão bem pouco vendidos...", comentou o analista Eduardo Godoi, da Agência Rural.

Com vendas ocorrendo, continuou Turra, alguns problemas de armazenagem do Paraná estão sendo "equacionados". Segundo ele, a soja que estava armazenada nos pátios das cooperativas, envolvida por lonas e sacarias, já está sendo transferida para os silos, na medida em que o excedente do grão segue ao porto.

O Paraná tem uma capacidade de armazenamento de cerca de 25 milhões de toneladas, mas as grandes safras de soja e milho de verão, com colheitas próximas do fim, devem somar cerca de 21 milhões, que se acumulam aos estoques da temporada passada. Enquanto o produtor luta para resolver a questão da armazenagem, as exportações brasileiras prometem ser grandes em abril, com o tempo mais seco colaborando com os embarques.

E, mesmo assim, em vários portos há esperas de pelo menos dez dias para os navios atracarem, em uma época em que o movimento tradicionalmente é mais intenso, disse um trader de uma multinacional que não quis ser identificado.

"Tem muito line-up na maioria dos portos. Paranaguá com 12 a 15 dias, São Francisco (SC) com 10, 12 dias de espera para o navio atracar. Rio Grande (RS) não tem. Santos é que está mais equilibrado. E Vitória (ES) tem 10 dias de espera", listou.

Ele concordou que os negócios estão mais concentrados no Sul. "O produtor de Mato Grosso (maior Estado produtor) já vendeu muita coisa, e a partir de agora vai vender o que ele precisa para pagar conta da mão para a boca agora, a não ser que o preço suba bem e ele se sinta confortável."

Os preços na bolsa de Chicago, a propósito, foram negociados acima da média móvel de 100 dias nesta sexta-feira, a 9,88 dólares por bushel, o que pode estimular negócios, apesar do câmbio, em meio a prêmios positivos.

Levantamento da Agência Rural fechado ao final de março indica que 42 por cento da produção nacional já foi comercializada, contra 46 por cento no mesmo mês de 2009.

Os trabalhos de colheita caminham para a reta final no Brasil, que terá uma safra recorde .
No Rio Grande do Sul, terceiro produtor nacional, os trabalhos de colheita ocorreram em cerca de 1 milhão de hectares na última semana, com o tempo mais seco, segundo a Emater, que calcula a área colhida em 72 por cento do total plantado.

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Fonte:
Reuters

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