Ganhos da lavoura de soja beneficiam diversos setores da economia do extremo nordeste do RS
Técnico em logística, trabalha desde 2004 nos terminais de grãos do porto. Pela Termasa e Tegrasa passam 80% da soja exportada pelo Rio Grande do Sul – os outros 20% partem para Europa e Ásia pelos terminais da Bianchini e da Bunge Alimentos. Neste ano, a previsão é exportar 5 milhões de toneladas do produto. Deivid ajuda a operacionalizar a chegada e a saída de toda essa carga. Mas nem sempre foi assim.
Até 2004, o atual técnico era chapista em uma lancheria. Trocou o xis e o cachorro-quente pela vassoura e o cortador de grama. Passou a compor o time de limpeza externa da Termasa. Via de longe a safra chegar em caminhões, vagões e barcaças. Varria os grãos que caíam durante o transporte. Ao assumir a vigilância da portaria e, depois, o monitoramento das câmeras do terminal, manteve o mesmo ângulo, distante da soja.
Atento à oferta de empregos internos, em 2007 resolveu entender melhor os trâmites da cadeia que todos os meses paga o seu salário. Concluiu à distância o curso de tecnólogo em logística. Dois anos e R$ 6 mil investidos renderam a promoção em dezembro passado: Deivid entrou para o setor de logística do terminal.
Ao lado de quatro colegas, programa desde o carregamento dos caminhões, vagões e barcaças nos armazéns de estocagem até a chegada e o despacho da carga nos navios em Rio Grande. O controle é feito por um sistema online chamado Pampa.
A ascensão reflete-se na vida pessoal do técnico. A cada promoção, o salário é reajustado. Se quando entrou na Termasa sequer carteira de motorista tinha, atualmente ele desfila de moto e carro. Ainda pretende se casar em breve e seguir estudando. Uma pós-graduação está nos planos.
– A soja é a responsável por toda esta escadinha – explica Deivid, com um largo sorriso.
Resultado do campo reflete nas fábricas
Igor Reinoldo Klein, 23 anos, costuma acompanhar as notícias sobre a safra de soja no Estado. Sabe se ela é cheia ou se a falta de chuva deixou-a minguada. Se a agricultura está em crise ou não. Engana-se quem pensa que ele é sojicultor.
O jovem nasceu e trabalha bem longe da região considerada o berço da soja, o Noroeste, ou dos Campos de Cima da Serra. Igor é metalúrgico há dois anos na fábrica de tratores da John Deere, em Montenegro, na Região Metropolitana. Apesar de a riqueza gerada pelo grão ser importante na vida profissional, nunca esteve em uma lavoura de soja. Natural de Montenegro, Igor não tem agricultores na família. A mãe era empregada doméstica, e o pai, vendedor de carros. As irmãs são secretárias. Ou seja, profissões bem urbanas.
– Já estive no interior de Montenegro e vi lavouras. Mas não de soja – comenta o jovem, estudante de Engenharia Mecânica.
O primeiro e único contato dele com uma lavoura foi aos 12 anos, quando estava de férias da escola e foi passear na casa de um amigo. Lá, havia uma plantação de arroz.
Antes de trabalhar na linha de montagem de cabines, Igor era mecânico de veículos. Até então, a oleaginosa, seu preço, produtividade e queda de produção eram assuntos distantes. Agora, se informa sobre produção agrícola e mercado lendo jornais e notícias pela internet nos intervalos entre o trabalho e a faculdade. Logo que entrou na empresa, Igor sentiu na pele logo o peso que a produção tem sobre sua atividade. Bem na época, estourou a crise mundial e houve a estiagem na América do Sul.
– Estamos numa safra boa, que representa mais lucro, mais venda de tratores e garante o nosso emprego aqui. O ambiente fica melhor para trabalhar. Dá para fazer planos, há mais oportunidade de crescimento dentro da empresa.
0 comentário
Soja em Chicago encerra a sexta-feira em queda e devolve quase todo o ganho da semana
Venda antecipada da safra de soja do Brasil avança para 22,5%, diz Safras & Mercado
Soja intensifica baixas em Chicago refletindo previsão de chuvas nos EUA e despencada do óleo
Semeadura da soja está atrasada no Paraguai e gera preocupações com a janela de plantio da safrinha, segundo especialista
Reuters: Nova safra de soja do Brasil pode crescer 14%; atraso por seca preocupa pouco
Soja: Grão e derivados operam com estabilidade nesta 6ª em Chicago, após semana volátil, mas positiva